
Como cheguei ao jogo:
As Viagens de Marco Polo foi um dos primeiros boardgames que joguei. Tive contato com o jogo em 2016, após ter jogado meia dúzia de BGs. Conceitos tão comuns nos euros como alocação de trabalhadores, recursos e trilha de pontuação eram novidades para mim, e o jogo me apresentou tudo isso de forma simples e magistral.
Pontos positivos:
O grande mérito de Marco Polo é unir a simplicidade das regras com um alto grau de possibilidades estratégicas. A ideia do jogo é simples: alocar 5 trabalhadores, representados por dados e com isso realizar viagens e obter recursos para cumprir contratos e consequentemente pontos de vitória.
Porém realizar estas tarefas de forma eficiente não é tão simples assim. Como todo bom jogo de alocação de trabalhadores, o “timing” é muito importante. Planejar a ordem das alocações, assim como prever o que os adversários vão fazer é fundamental.
Além disso, o fator sorte devido ao rolamento dos dados é facilmente mitigado. É possível alterar o valor dos dados, assim como realizar rerrolagens. Também há locais de alocação no tabuleiro onde é possível “despejar” os dados que possuem valores pequenos. É importante frisar que nem sempre você vai querer um resultado 6, pois caso o adversário tenha alocado um dado em determinado local antes de você, você deve pagar em moedas o valor do seu dado.
Marco Polo possui um ótimo nível de rejogabilidade, o jogo base possui 8 personagens com habilidades bastante distintas, o que muda bastante a experiência em cada partida. Diferente de jogos como Terra Mystica, jogo que possui facções complexas, cheias de minúcias, em Marco Polo, os personagens possuem poderes simples e poderosos, descritos por alguns poucos ícones.
Além disso, as cartas e bônus distribuídos nas cidades de forma aleatória durante o setup do jogo fazem com que as rotas escolhidas pelos jogadores variem sempre. Somado a isso, ainda há os objetivos individuais e secretos (no estilo Ticket to Ride, porém muuuito mais difíceis de realizar) que fazem com que o jogador se movimente através do tabuleiro.
Falando em iconografia, este é outro ponto forte do jogo. Durante a primeira partida, o jogador já está apto a entender o que significam todos os ícones descritos nos contratos e no tabuleiro. Normalmente as cartas presentes nas cidades podem causar um pouco mais de dificuldade, mas nada que não seja resolvido após uma rápida olhada no manual e no apêndice presente na caixa.
Por fim, a arte realizada por Dennis Lohausen é belíssima, o mapa possui um estilo cartográfico que dá um grande charme ao jogo, somado a isso, os dados de madeira e toda produção dos componentes chamam bastante a atenção.

Os componentes do jogo
Pontos negativos:
Como todo jogo assimétrico, a reclamação de desbalanceamento por parte dos personagens é recorrente nos fóruns. Mas vamos por partes...
De acordo com as estatísticas de um campeonato online realizado pelo site Yucata, alguns personagens são extremamente impopulares, como Johannes Carprini, escolhido 15 vezes, enquanto Berke Khan foi escolhido 44 vezes. Escolhas justificáveis, Berke Khan foi o personagem com o maior índice de vitórias (posição média 1.61), seguido por Mercator ex Tabriz (posição média 1.65), enquanto Wilhelm Von Rubruk teve o pior índice de vitórias (posição média 3.43), seguido de Johannes Carprini (posição média 3.07).
É óbvio que estas estatísticas formam apenas um exemplo que não contempla a totalidade de resultados das partidas de As Viagens de Marco Polo, porém é fato que alguns personagens possuem habilidades que apenas jogadores mais experientes conseguem utilizar de forma eficiente.
Personagens como Berke Khan, Mercator ex Tabriz, Matteo Polo, Kubilai Khan e Raschid ad-Din Sinan possuem habilidades passivas, ou seja, o jogador recebe seus benefícios automaticamente, sem se esforçar para consegui-los. Já personagens como Niccolo & Marco Polo, Wilhelm Von Rubruk e Johannes Carprini possuem habilidades avançadas e menos intuitivas, relacionadas a ação de viajar, uma das ações mais caras do jogo (o jogador deve usar 2 dos seus 5 dados, além de gastar dinheiro e camelos).
Uma forma de contornar esta questão é evitar que estes personagens mais avançados sejam utilizados por jogadores novatos.
Considerações finais:
As Viagens de Marco Polo é um euro médio, porém de fácil assimilação para jogadores iniciantes. Embora seja comum que na primeira partida jogadores menos experientes fiquem parados em Veneza (cidade inicial do jogo) apenas cumprindo contratos, evitando viajar muito.
Vale destacar que a expansão Os companheiros de Marco Polo, recém lançada no Brasil pela Devir, acrescenta 2 novos locais de alocação onde dados com resultados baixos podem ser “despejados” em troca de ótimos benefícios, facilitando as viagens e potencializando a pontuação. Além de trazer 5 personagens novos, aumentando ainda mais as possibilidades deste euro extremamente divertido.
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