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Resenha Pablo
Redator: Eduardo Guerra
Coloque a Boca no Trombone com Pablo
A frase “Pablo, qual é a música?” ficou eternizada na fala de Silvio Santos em seu clássico programa das tardes de domingo. O jogo Pablo presta uma homenagem ao dublador que interpretava as músicas que deviam ser adivinhadas pelos participantes do programa. Ele foi lançado pela Mandala e é do designer Marcos Mayora.
A ideia do jogo em si é muito simples: os jogadores possuem cartas com palavras e precisam encontrar uma música que inclua a maior quantidade de palavras das cartas de sua mão. As cartas, ou melhor, as notas podem valer de 1 a 3 pontos. Quanto mais pontos vale uma palavra, mais rara é sua presença em uma música. Também vale usar palavra derivadas, sendo que a palavra “Sozinho” poderia ser usada quando se está ♫Tão só, tão só♫ ou para pedir ♫Solidão, dá um tempo e vá saindo♫.
A grande graça do jogo é que encontrar uma música com uma das palavras é fácil, mas que inclua 2 ou mais, é um grande desafio. As palavras podem ser utilizadas em português ou em inglês. Para incentivar o jogador a encaixar várias palavras em uma mesma música, se ele jogar 3 ou mais cartas, a pontuação é dobrada.
Ainda existe um outro tipo de carta que representa uma “nota-coringa”. Ao invés de ser uma palavra, ela representa uma categoria de palavra. Dessa forma, na categoria “Corpo”, o jogador pode cantar desde que vai ♫enfiar uva no céu da sua boca♫ até dizer que é ♫quando ela bate com a bunda no chão♫. E na categoria “Bebida”, vale desde ♫Geração Coca-cola♫ até dizer que ♫às vezes chego a te encontrar num gole de cerveja♫.

Os jogadores ainda têm acesso a tokens de microfone que podem usar para trocar suas cartas e há tokens de tomate que podem usar para jogar em quem cantar a música errada. Então se alguém mandar um ♫Na madrugada a vitrola rolando um blues / cantando de biquini sem parar♫ou um ♫Analisando essa cadeira ela é de praia / quero me livrar dessa situação precária♫, pode tascar um tomate. Tomando um tomate você precisa descartar todas as cartas e perde toda sua vez. Na prática, é muito comum cantar a música errada, então acabo jogando com uma regra caseira que só toma tomate quem errar a música na palavra que está jogando.
Um outro token muito legal é o de onomatopeia. O jogador tem a opção de jogar ele sempre que a música tem algum barulhinho que não seja uma palavra, como ♫di-di-di-di-di-di-ê♫, um ♫Ai blau blau blau blau, blau blau♫ ou simplesmente um ♫iê-iê♫. Nesse caso, ele dobra a pontuação da sua jogada.

Para fechar o detalhe das regras, você pode também jogar cartas na vez dos outros jogadores. Se perceber que música que alguém está cantando tem alguma palavra que está na sua mão, cante junto e jogue sua carta quando for a hora!
A Diversão na mesa
Na verdade, não escolhi o jogo Pablo para fazer resenha para explicar suas regras, que na verdade são bem simples, mas para dizer o quanto ele é divertido. Quando você diz que vai colocar na mesa um jogo que as pessoas vão precisar cantar, muita gente fica com o pé atrás. Alguns porque dizem não conhecer música e outros porque têm uma certa vergonha de cantar. Porém, até hoje, não conheço ninguém que não tenha se divertido bastante depois de uma partida desse jogo.
Para ser um bom jogador de Pablo não adianta muito conhecer músicas sofisticadas pois elas não terão muitas das palavras presentes no jogo. Porém, aquela música brega, cheia de clichês, pode te dar muitos pontos em uma rodada! O próprio manual diz que você precisa ter conhecimento musical de gosto duvidoso para se dar bem nesse jogo. Se você pegar a música “Fogo e Paixão” do Wando, vai encontrar pelo menos duas palavras presentes no jogo em cada verso e ainda consegue usar o ♫meu iá-iá, meu iô-iô♫ para jogar o token de onomatopeia!
Um momento muito legal de uma partida ocorre quando alguém começa a cantar uma música e a mesa inteira começa a cantar junto. Muitas vezes na esperança de conseguir jogar uma carta da mão, mas algumas vezes só mesmo pelo prazer de acompanhar aquela música que alguém desenterrou.
Tive a experiência de levar o Pablo para o encontro de 20 anos de formatura da minha turma do segundo grau. Estavam presentes alguns dos meus amigos que já são meus parceiros de jogatina de longa data, mas também participaram vários amigos que não têm o costume de jogar. Éramos ao todo 8 na mesa jogando oficialmente e vários outros em volta, assistindo e participando das cantorias. Confesso que uma cervejinha ajudou a tirar a inibição de algumas pessoas. No final, foi uma experiência que rendeu boas risadas e todos se divertiram!
Logo depois de jogar Pablo, você não consegue mais escutar músicas do mesmo jeito... Sempre que escuta uma palavra presente em uma carta do jogo já começa a pensar no que pode cantar na próxima partida.
Expansões
O jogo Pablo possui 2 micro expansões: “Sofrência” e “De Bowies!” que adicionam, cada uma, 10 novas cartas com novas palavras, respectivamente para quem gosta de um sertanejo e de um som mais pesado. Espero sinceramente que lancem mais expansões para aumentar a variedade de palavras no jogo!
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Mas a diversão tem limites
Apesar de toda a diversão que o jogo proporciona, ele é um jogo que tem uma rejogabilidade limitada dentro do mesmo grupo. Se você jogar várias vezes com as mesmas pessoas, será inevitável rolar algumas músicas repetidas de uma partida para outra, o que acaba tirando um pouco a graça. Isso acaba sendo verdade principalmente para as palavras mais difíceis.
Todas as vezes que eu joguei, bastava bater a palavra “arco-íris” na minha mão, que já mandava um ♫Vou pintar um arco-íris de energia♫. Se você sair com a palavra “dragão” e não conhecer músicas da trilha sonora de Cavaleiros do Zodíaco, vai acabar pedindo ♫São Jorge, por favor me empresta o dragão♫ ou lembrando daquele menino do rio que tem o ♫dragão tatuado no braço♫.
Para remediar um pouco essa questão, acabei adquirindo as micro expansões (ver quadro) que foram lançadas. Mas elas trazem poucas cartas. Espero sinceramente que venham mais!