Olá!
Eu sou o Davi e você está no Análise Escrita.
Hoje vamos falar de um assunto que me interessa muito.
Vamos falar de algo que está profundamente ligado a um de nossos sentidos mais básicos, vamos falar de aromas, cheiros, perfumes.
Sou uma pessoa que acredita que um bom perfume é como uma boa roupa.
O perfume te veste, ele abraça seu corpo como uma camisa o faria.
E um perfume nunca é igual em duas pessoas diferentes, ele evolui de forma distinta de pele para pele, e acho isso muito louco.
Dentre os 5 sentidos (tato, paladar, olfato, visão e audição), talvez o mais utilizado seja o olfato.
Arrisco a dizer que é ainda o que mais cria memórias.
Não é raro encontrar alguém muito idoso que ao sentir um cheiro lembra-se imediatamente de um prato feito por alguém no passado, do perfume de um antigo amor, de um local onde viveu.
Como autodidata da cozinha, também sou um autodidata dos aromas.
Recomendo o excelente "A química do Olfato" de Herold McGee (autor da bíblia do cozinheiro curioso, o incrível "Comida & Cozinha"), livro que destrincha e explica de forma exemplar o olfato e como percebemos os aromas à nossa volta.
Mas como surgiu o perfume?
Como quase todo post com referências históricas nesse canal, aparentemente tudo nos leva ao oriente médio, nesse caso, mais precisamente ao Egito.
Há registros de uso de perfumes, ungüentos e óleos perfumados a cerca de 4000 anos no antigo Egito.
Inicialmente restrito a nobreza Egipcia, logo o costume se difundiu entre o resto da população.
Há registros que apontam inclusive que a primeira greve registrada na história tem conexão com o fornecimento de perfumes no Egito, no longínquo reinado de Seti I.
O perfume é presença frequente até na bíblia.
Jesus no seu nascimento foi presenteado segundo a tradição com Ouro, incenso e Mirra.
A Mirra nada mais é do que a seiva de uma árvore usada no antigo Egito para fazer perfumes e em rituais de embalsamento dos corpos.

"mirra"
Ainda no mundo Árabe, é impossível falar de perfume e não citar Ibn Sina (conhecido como Avicena) no ocidente.

"Ibn Sina ou Avicena".
Um Polimata Persa que viveu entre os séculos X e XI e aprimorou o processo de extração de óleos essenciais através da destilação.
Antes de Avicena, os perfumes eram em sua maioria feitos a base de gorduras e óleos (a gordura é um riquíssimo "veículo" de sabor e aroma, a culinária Chinesa por exemplo utiliza os óleos para extrair e intensificar o sabor e aroma das especiarias), depois de Avicena, os perfumes passaram a ser mais puros e leves.
Na idade média, perfumes e óleos essenciais eram usados principalmente na medicina, mas também eram utilizados sobretudo pela nobreza com o mesmo propósito que utilizamos hoje.
Na Europa, com as grandes navegações tivemos a introdução de diversas materias primas "exóticas", inicialmente através de Portugal e Espanha e depois para a França, onde haviam diversas cidades que plantavam flores comercialmente.
Dentre as cidades Francesas que plantavam flores comercialmente e começaram a produzir perfumes, destaca-se a cidade de Grasse, que possui indústrias relacionadas ao Perfume a séculos.
Grasse até hoje é conhecida como a capital mundial do perfume, e recentemente ganhou fábricas de grifes que estão em alta na cena mundial de perfumes, como a Chanel e a Dior.
A Perfumaria atual nos apresenta gratas surpresas e está muito mais acessível do que era a alguns anos.
Hoje temos um mercado bilionário que apresenta desde perfumes para o grande público até perfumes conhecidos como de "Ultra nicho", perfumes conceito que estão mais para obras de arte do que para perfumes para o dia a dia, como o "Inexcusable Evil", perfume com notas como Pólvora, Metal e Sangue, e que segundo quem provou, inicialmente remete a uma zona de conflito urbana e evolui na pele como o cheiro de uma ala de hospital.


"Notas do Inexcusable Evil".
Voltando a Grasse, além de ser conhecida como a capital mundial do perfume, é também o nome do jogo que conheceremos hoje.
Ganhei recentemente da minha esposa de presente (atrasado) de dia dos pais um belíssimo exemplar de Grasse 2° edição, direto do financiamento coletivo e com direito a umas cartas personalizadas!
O Joãozinho virou uma carta, eu e minha esposa viramos outras duas, todas dentro da expansão "Perfumes da realeza".

"O nenê do pai virou carta de jogo!
Já tinha visto alguns reviews e fiquei muito tentado em entrar no financiamento, mas como entrei em outro financiamento na época (da casa nova) passei o do Grasse.
Jogamos recentemente em uma das primeiras partidas do casal após o Nascimento do Joãozinho, e também foi a primeira partida da casa nova.

"Insert lindo, mas pouco funcional".
O Setup é meio enrolado, mas o jogo é bem dinâmico e bem direto.
Em Grasse, você tentará produzir perfumes para cumprir contratos ou simplesmente para vender esses perfumes no mercado local.

Ao finalizar a maioria das ações, você ainda deverá andar por uma trilha onde coletará essências e outros produtos necessários para a produção de perfumes, como a água e os fixadores.
No jogo estão presentes as essências que remetem as principais familias de perfumes.
Temos no jogo as essências (e os perfumes) Frutados, Amadeirados, Florais, Especiados, herbais e os perfumes "exóticos" que devem levar duas essências diferentes.
Ponto negativo para mim foi a quantidade de turnos/rodadas.
Achei que apenas 4 rodadas (com 4 turnos cada) é muito pouco para fazer tudo que eu gostaria, no fim o jogo deixa uma sensação de quero mais.

O fim de jogo apresenta algumas possibilidades de fechar mais alguns pontinhos através de algumas trilhas, como a de quem vendeu mais perfumes ou a de quem produziu mais perfumes de um único tipo.
Temáticamente, adorei o jogo.
Mecânicamente, gostei ainda mais e espero jogar novamente no próximo feriado, dessa vez com algumas expansões.
A resenha de hoje era essa.
Mas lanço alguns questionamentos.
Você tem algum perfume que te desperta boas lembranças?
Como um amante dos perfumes, que já teve oportunidade de provar inclusive algumas fragancias de nicho (como o delicioso Virgin Island Water ou o pesado Tobacco Vanille), tenho um perfume de coração que me remete a memórias afetivas.
Infelizmente nunca consegui comprar por aqui, foi um vidro que ganhei uma vez de um parente que morava no exterior, ele ganhou no avião e me deu.
Era um cheiro cítrico muito fresco, um cheiro de banho tomado, eu usava a conta gotas pois sabia que um dia o vidrinho ia acabar.
O perfume em questão é uma simples água de colônia de farmácia europeia de uma marca chamada "Álvarez Gómez" coisa baratinha até para os níveis de nosso mercado de perfumaria, mas confesso que hoje adoraria ter em mãos para sentir aquele cheiro de novo.

"Espero um dia sentir esse cheiro de novo"
Você usa algum perfume "assinatura"?
Se sim, com você o utiliza?
Nosso cérebro costuma se acostumar facilmente a qualquer coisa, com perfumes não é diferente, na primeira vez ele é sensacional, no 10 dia seguido você já nem percebe que o está utilizando.
Como você leitor faz para manter cada borrifada como a primeira em seu corpo?
Um abraço!