"São 22:00, você se deita cansado após mais um dia de trabalho".
Olá!
Eu sou o Davi e você está no Análise Escrita.
Estamos na final do prêmio Ludopedia na categoria Mídia Escrita, a você que tornou isso possível, muito obrigado!
Quanta coisa aconteceu desde o último texto (que pintou por aqui ainda neste mês).
Vargas Llosa, autor de um dos meus livros favoritos e responsável por um olho roxo em Garcia Márquez (outro de meus autores favoritos) foi viver uma outra vida.
O Papa Francisco seguiu o mesmo caminho e encerrou sua caminhada terrena em uma linda despedida com meio milhão de pessoas.
"É meia noite, você ainda não pregou os olhos, Apesar de sentir frio resolve ligar o ventilador para sentir um pouco de vento na cara".
As tarifas que redefiniram os mercados foram para o espaço do dia para a noite e se transformaram em uma guerra comercial entre duas super potências.
Índia e Paquistão, inimigos históricos e potências nucleares trocam acusações (e tiros) no que pode ser o novo conflito mundial.
"01:30, seu sono (que é dos mais leves) é interrompido a cada vez que sua esposa grávida senta na cama ou vai ao banheiro".
Que tempo fenomenal para estar vivo, e ao mesmo tempo que período horroroso para quem é ansioso, não?
O Ansioso vive preso ao futuro, a preocupação nunca é o presente, E com esse bombardeio diário de informações, é difícil não piorar esse quadro.
Os jogos tem sido uma ótima ferramenta de escape (pelo menos para o ansioso que vos escreve) nesses últimos dias.
Venho compartilhar algumas experiências recentes que transcorreram entre o último texto e hoje.
"5:00, Rage Against the Machine no celular, é hora de se levantar tomar um banho e correr para mais um dia de batente".
Sinto que o celular esta tentando me escravizar.
Que papo estranho, não?
Mas é assim que me sinto.
Não consigo desgrudar o olho dessa maldita tela.
Passo o dia em sites de noticias tentando me informar sobre o último acontecimento, mudando de um site para outro, atualizando páginas, entrando e saindo de mensageiros automáticos buscando uma nova conversa, um alô, uma leve dose de endorfina.
Que aparelho maldito!
E curiosamente, é nesse maldito aparelho que estou escrevendo esse texto para vocês.
Meu filho esta chegando!
No início de junho ele deve estar por aqui, é um menino e se chamará João Carlos.
Ele é parte dessa ansiedade, nunca fui pai, nunca troquei uma fralda e quero muito que tudo corra bem.
"6:40, você é o primeiro a chegar ao trabalho (como sempre)"
Sigo tentando tirar da geladeira alguns jogos que estão no meu coração e que já não veem mesa a certo tempo por aqui.
Comprei muito desde que iniciei no hobby a alguns anos, e hoje beiro os 100 jogos, então muita coisa não vê mesa com a frequência que eu gostaria, mas estou tentando contornar essa situação.
Desde que publiquei o último texto, rolaram umas partidas bem interessantes por aqui, com destaque para uma de um dos jogos que me trouxeram ao hobby, meu querido Viticulture - Edição Essencial.
Que partida deliciosa, decidida pela minha esposa no último turno após eu triggar o fim de jogo.
Perdi.
Mas perdi feliz e anseio por perder novamente em breve.
A partida em questão teve o adendo da maravilhosa expansão Viticulture: Visitantes do Vale do Reno, expansão essa que corrige um dos "problemas" que mais incomodam os jogadores de viticulture: a quantidade de pontos que são possíveis de conquistar com as cartas de visitante.
O jogo fica mais equilibrado e foca mais na produção de vinho e no atendimento aos pedidos.
Adoro também a expansão Viticulture: Tuscany Edição Essencial, mas a considero quase outro jogo, e eu queria jogar um Viticulture "raiz".
Sonho em ter a expansão Viticulture: Arboriculture and Formaggio Expansions que vinha no kickstarter do jogo e foi disponibilizada pela Stonemaier para PNP, um dia acho alguém para fazer ela pra mim de forma mais "profissional".
" 7:00 você come um pão francês horroroso feito com uma mistura pronta e um copo de café com leite mais quente que bafo de dragão".
Antes de passar ao próximo jogo, informo a todo que aprendi a bordar!
Nem vi o tempo passar, meu bordado ficou horrível, mas adorei o processo, achei bem relaxante (Te cuida Rodrigo Hilbert).

"Meu primeiro bordado, e de quebra uma aquarela por cima".
E por falar em bordado, rolou uma partida de um dos PNP's que mais gosto: The King is Dead: Second Edition.
E gosto tanto pois ele foi uma "Colab", fiz as cartas e minha esposa bordou o mapa em Algodão cru.
Ficou simples, mais achei lindo, tenho até dó de jogar.
E ela ainda fez o escudo da minha família no mapa!

The king is dead no fim das contas é um jogo bem bobinho.
É MUITO estratégico, mas é bem simples.
São 8 "disputas" de região.
Você tem uma mão com 8 cartas, jogou as 8, já era.
É importante acertar a hora de jogar ou ficará só assistindo o jogo se desenrolar na sua frente.
Cada vez que você joga uma carta, você "Recruta" um seguidor de qualquer parte do mapa para o seu tribunal.
O jogo pode acabar de duas formas, caso 3 regiões empatem, os franceses (discos pretos) invadem o país e ganha o jogo quem tiver mais conjuntos completos (Azul, amarelo e vermelho) de seguidores.
Caso isso não ocorra, vence quem tem mais seguidores do clã mais forte (em caso de empate, passamos ao segundo clã ou ao terceiro, persistindo o empate vence quem primeiro jogou todas as suas cartas de ação)
Partida maravilhosa, perdi para variar.
"7:20, o seu carro de trabalho está na troca de óleo, você irá de carona com outros supervisores até uma escola que não é da sua rota".
Passamos pela páscoa!
Meus familiares vieram almoçar aqui.
Aproveitei e fiz um pão de cacau com gotas de chocolate, ficou excelente e não ficou doce, o que para mim foi um plus.

"8:15, Você pensa nos problema cotidianos, a casa nova que ainda não saiu do papel, o colchão para o berço, a banheira para o neném...será que vai dar tudo certo? falta um mês"
Tenho que citar outro jogo que esta virando um querido por aqui: Village Rails.
É um jogo relativamente novo, que ainda não aportou em terras tupiniquins e dado o relativo baixo sucesso de seu irmão mais novo, o excelente Village Green, acredito que nunca chegará.
Que delicia de jogo em dois jogadores meus amigos!

A premissa é muito simples, trata-se de um jogo de construção de tableau.
Em cada turno, você deve obrigatoriamente pegar uma carta de linha de trem e posiciona-la no seu tableau.
Opcionalmente, você pode pagar para comprar uma carta de critério de viagem, que deverá ser posicionada em cima de alguma linha.
A pontuação é quase em tempo real, contada assim que a linha é concluída.
Para a turma da interação, aviso que nesse jogo a interação é baixa, só ocorre nas disputas pelas cartas do mercado.
"11:16, vem feriado por ai, você anseia por um descanso que será muito bem vindo, mas ainda faltam dois dias de serviço, hora de voltar a realidade e começar o trajeto de volta ao setor para o almoço".
Um jogo que tem me conquistado e já esta virando um novo clássico da hora do almoço é o Schotten Totten.
A versão da Paper Games saiu bem em conta, é um jogo muito bom e com um preço bem legal para o que ele oferece.
Gosto de jogos exclusivos para dois players.
Confesso que minha vontade era possuir o jogo original, o famoso Battle Line, mas não tenho coragem de pagar 200 reais em um jogo que basicamente só conta com cartas.
Os 60 da versão com arte infantil já estão bem pagos.
Me dei conta também que Córdoba, jogo que também possuo (e que fica lindo na mesa) é apenas uma versão mais simples de Battle line/Schotten Totten.

Nunca jogou?
É bem simples.
Há "pedras" no meio do campo, em frente a cada pedra alternadamente os jogadores jogarão até 3 cartas.
A combinação mais forte é uma sequência de cartas da mesma cor.
A mais fraca é uma soma de cartas de cores diferentes.
Há ainda cartas "táticas" que podem ou não ser usadas, e mudam drasticamente a dinâmica de jogo.
Você pode roubar cartas do adversário, usar cartas coringa, ou até impor que a posse de uma pedra se decida com 4 cartas ao invés de três, muito legal!
"14:05, Você se lembra que tem que ir para a academia hoje, como é duro ser um gordo ativo".
Rolaram outras partidas deliciosas por aqui.
Destaco primeiro a campanha da segunda expansão do excelente Oh My Goods! que estou jogando junto com a Julia.
Já fechamos a primeira expansão a um tempo, e a segunda estava cozinhando aqui na geladeira.
Oh My Goods!: Escape to Canyon Brook é uma expansão que não veio para o país e trás uma continuação para a história de Oh My Goods!: Revolta em Longsdale, (expansão essa que chegou ao Brasil pela Paper Games).

A principal adição na minha opinião esta relacionada aos novos ajudantes.
Os ajudantes da caixa básica simplesmente produzem um item e não fazem mais nada.
Nessa expansão, os ajudantes possuem habilidades como produzir dois itens aos invés de um, ou até a roubadíssima habilidade de sempre ativar as cadeias de produção da construção onde esta alocado, independente de ter produzido ou não.
"16:30, Hora de ir embora, mais um dia de serviço fica para trás".
Caverna: Cave vs Cave foi para mesa!
A quanto tempo eu não jogava meu amado caverninha.
O problema de morar em um apartamento de 50m² é a falta de espaço para um hobby.
Meus jogos ficam confinados em uma pequena estante na sala, e o caverninha esta atrás de uma parede de Tiny Epics.

Não me conformei com os tradicionais 50 minutos de partida, coloquei logo a excelente expansão Caverna: Cave vs Cave – Era II que importei (quando isso ainda era possivel) pela Zatu.
Os 50 minutos viraram 1:40 de um jogo bem pegado.
Caverninha não é um jogo punitivo como Agrícola ou o próprio Caverna, mas ainda é um jogo de cobertor curto com ações limitadas.
Surpreendentemente, ganhei essa partida.
"17:50, o treino da academia também ficou para trás, meus pulsos doem e sinto que em breve vou ter que ir a um ortopedista, algum problema no túnel do carpo? o Judô cobrou seu quinhão da minha vitalidade mais cedo do que eu imaginava".
Finalizo contando a vocês que estreei um jogo "novo" hoje.
Joguei Unreal Estate na hora do almoço.
Não gostei, mas também não desgostei.
É impossível não perceber o trabalho extremamente porco e sem carinho que a Geeks and Orcs fez nesse jogo.
O manual é horroroso, tem erros de português, tem erros nas regras, o papel é de péssima qualidade, a caixa é do tamanho de uma caixa de tiny epic (mesmo sendo um jogo que possui apenas cartas e um micro tabuleiro).
O Flop é justificado e os 50 reais são muito bem pagos.
"18:20, não se cobre tanto"

Dito isso, a arte é linda.
Realmente muito criativa, muito bonita.
O jogo é uma Vaza simples, nada demais.
o que brilha é o fato desse jogo de vaza rodar melhor em dois jogadores do que em mais jogadores, coisa rara hoje em dia.
Tempo de partida? 16 minutos.
"20:00 finalizo mais um texto para o canal na Ludopédia, vou ganhar o prêmio? provavelmente não".
Enfim, para quem diz que meu canal nunca fala sobre jogos, hoje falei de vários.
E você meu amigo, o que fez nesse mês?
Um abraço!