Robson::A Realidade Brasileira de se Montar uma Coleção de Boardgame e uma possível Solução
Montar uma coleção de jogos de tabuleiro no Brasil se tornou um verdadeiro desafio. Com a alta do dólar, o aumento dos custos de produção, as mudanças no mercado das editoras nacionais, os preços dos jogos dispararam. O que poderia ser uma alternativa — o mercado de jogos usados — também se tornou inviável, pois atualmente muitos jogos usados são vendidos praticamente pelo mesmo valor dos jogos novos, ou até mais caros em alguns casos. O que antes era um hobby relativamente acessível, hoje exige planejamento financeiro — e muitas vezes, sacrifícios.
Além dos preços elevados, uma prática recente tem gerado ainda mais desconforto: algumas editoras passaram a adotar o modelo de pré-venda ou financiamento coletivo, oferecendo jogos que ainda não têm data definida de entrega. O consumidor paga adiantado e, em troca, recebe incertezas. A espera pode durar meses — ou até mais de um ano, caso seja um financiamento coletivo —, sem garantias ou transparência sobre os prazos. Isso torna a experiência de compra frustrante e desgastante.
E mesmo quando o tão aguardado jogo chega às mãos do jogador, surge outro problema: conseguir jogá-lo com frequência. Muitos jogos são complexos, exigem grupos fixos, preparação e tempo disponível — luxos que nem sempre conseguimos encaixar na rotina. Assim, jogos caros acabam ocupando espaço na estante e sendo jogados muito menos do que gostaríamos.
Diante desse cenário, o aluguel de jogos de tabuleiro, o uso dos espaços e acervos das luderias ou ludotecas surgem como uma solução prática e inteligente. Optar por alugar, ou acessar esses espaços trás diversos benefícios:
1°) Você tem acesso a uma grande variedade de jogos sem precisar investir valores altos.
2°) Pode experimentar títulos novos sem compromisso e descobrir o que realmente combina com seu grupo.
3°) Evita frustração e desperdício com jogos pouco utilizados.
4°) Reduz a ansiedade de esperar por pré-vendas demoradas.
Outra alternativa interessante é participar de Math Trades ou de Feiras de trocas de jogos. As Math Trades — sistemas organizados de trocas simultâneas entre vários participantes — oferecem a possibilidade de renovar sua coleção, trocando jogos que estão parados por outros desejados, sem precisar envolver valores em dinheiro. Já as trocas diretas entre jogadores através dos Feirões também são uma forma eficiente de movimentar sua coleção, dar novos usos aos jogos esquecidos e ainda economizar ou ganhar com as trocas.
Explorar essas alternativas é uma forma de valorizar o que realmente importa no hobby: as experiências, as partidas memoráveis e a diversão compartilhada — sem carregar o peso dos altos custos e da incerteza do mercado.
Como outros já comentaram, ficou bem contraditório o tópico ser sobre "
montar uma coleção" recomendando o aluguel de jogos e citando falta de tempo para jogar os jogos que comprou.
Dentro do hobby
Jogos de Tabuleiro existem vários outros hobbies menores: jogar, colecionar, pintar miniaturas, trocar, comprar e revender, criação de inserts personalizados, criação de acessórios, dentre outros.
Montar uma coleção é apenas uma parte desse hobby, e precisa ser tratada com o mesmo carinho das demais partes.
Quando alguém resolve pintar miniaturas, presumo que vá atrás de algum conhecimento sobre tintas, pincéis, sprays, misturas de cores, ou seja, se dedique o suficiente para aprender ao menos o básico antes de começar, ou vai dar errado.
Comprar jogos segue o mesmo raciocínio. Você precisa ir atrás de informações, consumir conteúdos sobre os jogos que deseja comprar, pesquisar o melhor número de jogadores, entrar em sites procurando os defeitos e qualidades daquele jogo específico, entrar em grupos e comunidades que falem sobre jogos de tabuleiro, e assim fazer compras mais assertivas.
A única coisa que eu não recomendaria é alugar jogos, pois os preços são bem altos se comparados à compra do mesmo jogo, e até "descobrir" qual jogo é bom pra você ou para seu grupo, você já gastou dinheiro suficiente para ter uma coleção própria.
Sobre o outro ponto que você abordou,
Financiamentos Coletivos ou
Pré-Vendas, é importante ressaltar que eles não são modalidades de compra indicados para iniciantes no hobby. Eles foram feitos para colecionadores que gostariam de ter jogos mais "exclusivos", ou com componentes exclusivos. Se você está pensando em participar desse formato de compra como
jogador, está fazendo errado.
Math Trades também são melhores aproveitadas por colecionadores avançados.
Se você é apenas jogador, não sentirá necessidade de ter muitos jogos na sua estante, pois fará um ótimo proveito dos bons jogos que já possui. Terá uma experiência muito boa no hobby, sem precisar gastar muito, e sempre terá grupos disponíveis para jogar aqueles mesmos jogos de sempre.
Para finalizar, em qualquer dos casos que citei acima, ainda se trata de um
hobby. Não é para quem precisa fazer planilhas financeiras e escolhas difíceis sobre o orçamento familiar, ou ainda ficar todos os dias acompanhando cotações de moedas estrangeiras.
Assim como na pesca, dá pra participar do hobby com pouco investimento, ou dá pra ser hardcore e elevar, e muito, os gastos.
Se você relaciona o hobby de jogos de tabuleiro com palavras como
sacrifício,
ansiedade e
frustração, quem sabe esse não seja o hobby ideal para você.