Ricardo1984::Este é um tema muito interessante e relevante, e preciso confessar que sou uma das pessoas que lendo este tópico há 4 ou 5 anos iria pensar que tudo é apenas mimimi, que trata-se de um jogo e que reflete justamente o que aconteceu na realidade histórica.
Um trecho do comentário do Iuri é realmente muito honesto em comparar qual grau de satisfação que teríamos em entrarmos num papel de senhor dos escravos e fazer deles aquilo que desejássemos, a depender da estratégia e tática do jogo, ou então como agentes do exercíto nazista precisando espionar, capturar e exterminar judeus, homossexuais, etc.
Se o tópico cabe discussão, eu defendo e defenderei que ela precise ser ampla, uma vez que é relmente prazeroso "discutir" com quem concorda e pensa rigorosamente com tudo o que eu também penso, mas não quero e não consigo debater com aqueles que destoam do meu pensamento.
Minha visão: não acho que haja um problema histórico, tão pouco ideológico por de trás disso tudo, e preciso falar de forma direta: é político, hoje é político.
Quando trabalhamos "valores" dentro das pessoas nós inevitavelmente teremos discussões, afinal, o que é valor pra mim pode não ser pra você. Quero trazer um exemplo: o aborto é um tema que divide as pessoas, e sendo bastante direto, em suma a esquerda libera e a direita recrimina. Talvez neste momento você esteja começando a pensar "vc está tentando relativizar o racismo??", e de antemão a resposta é não, mas quero seguir num raciocínio.
Li num comentáro anterior sobre a mentalidade de algumas pessoas que estão muito atrasadas quanto ao pensamento sobre escravidão, racismo, e parecem viver em tempos diferentes dos nossos, e eu concordo plenamente com isso. Eu por outro lado, como profissional da área da saúde e atuante em diversas outras frentes que hoje são consideradas por alguns como pseudo ciência, percebo que há uma desconsideração por outros temas (valores) que são amplamente considerados e estudados, e sim, estou falando da questão do aborto. Por exemplo, tudo aquilo que estudo corrobora diretamente com a tese do não aborto, ainda que pra mim caiba muita discussão sobre o tema, já que ele abrange não apenas a área da saúde, mas áreas e camadas sociais, transgeracionais, de epigenética, etc.
Agora volto ao contexto político, já que estamos passando por um período onde, de forma muito evidente, formaram-se duas torcidas organizadas e apaixonadas pelos seus lados, e aí é que está! Quando uma pauta não favorece meu lado, mesmo eu concordando com ela, eu ignoro ou torço o nariz, afinal de contas, se eu demonstro apoio eu estou "me debandando" para o lado de lá. O que tenho notado é que este fenomeno fomenta a divisão, e assim estamos há cada instante nos dividindo mais, primeiro em grandes grupos, depois em grupos menores, e por fim em micro grupos pela nossa inabilidade em conversar, aceitar, interagir e ceder.
Dito isso, nunca mais irei jogar Puerto Rico como jogava antes, agora muito mais consciente e atualizado sobre o contexto.
Por mais discussões necessárias como estas, de preferência, amplas.
Perfeito. É tudo política. Só é preciso certo cuidado para entender e discernir até onde uma abstração é necessária, se não, vamos jogar Stone Age e pensar "to tendo filho só pra aumentar minha mão de obra em troca de comida"? Jogos com piratas, vikings, orcs, heróis e vilões então, já era. Vamos viver de abstratos... Até nos lembrar que os componentes daquele produto tem origem duvidosa.
Mesmo o seu exemplo de aborto é um ótimo tópico nessa relação de poder. Ninguém em sã consciência quer matar uma criança, um feto, tanto que a discussão gira em torno de "a partir de quando é uma criança" e principalmente "quais políticas públicas estão envolvidas e o quanto são eficazes e eficientes". Só que a "torcida organizada" adora dar uma distorcida no que o "adversário" disse.
No fim, se entrarmos nessa neura, não fazemos mais nada. Dai a importância de, quando em vez, topar com post desse cunho: para dar uma pausa e refletir, de novo e de novo.
Ps: sou da área da saúde mental também,
Ricardo1984, então acabo me vendo atraido pra esse tipo de papo haha
Abraços!