Acredito que tenha duas coisas importantes de pontuar na tua experiência com o jogo. 

1 teus amigos tem razão, tem que jogar mais. Com duas partidas presenciais mal dá pra entender direito o que tá rolando no jogo. Eu comecei a pegar gosto nele depois de pelo menos umas 6 partidas. Ele parece, mas não é um jogo tão simples. É muita coisa pra absorver de uma vez. 

E 2, acho que vc caiu na armadilha de conhecer o jogo com uma galera que já tem todas as manhas de como pontuar bem. Daí não tem como gostar de jogo nenhum. A sensação de ficar sempre pra trás é horrível (pra não dizer se sentir meio burro). É tipo jogar truco com uma galera que joga todo dia. Vc não vai ter nem chance. Eu vejo uma opinião meio parecida com a tua em quem conhece o Terraforming Mars jogando com uma galera viciada, fazendo draft e tals.

Mas voltando ao 7 Wonders. Acho que vale a pena tentar de novo, mas com uma galera que conheça o jogo tão bem quanto vc. E já emendar umas 3-4 partidas de uma vez. Ele é um jogo rapidinho, dá pra rodar fácil em menos de 30 min. Aqui em casa ele tá virando o jogo pra jogar no final de semana com os meus sogros. 

Por fim te deixo uma provocação. Quantas partidas vc precisa pra gostar de um carteado um pouco mais complexo? 

Brilha, brilha, Lucas!

Duas ligeiridades, mas já de antemão: não, você não precisa jogar 7W de novo!

A primeira, jogo de tabuleiro como mídia física. Alguns jogos têm uma memória afetiva forte aqui comigo. Cascadia, Brass Birmingham, e Pax Pamir, por exemplo. São jogos que joguei com meu pai, e que ele jogou bem! 

Meu pai é o cara mais esperto e inteligente (faculdades distintas!) que conheci na vida, mas hoje é sexagenário. O raciocínio já vem embotando. Daí que tenho uma certa pressa em apresentar tudo que é jogo que tem potencial de agradá-lo: sei que já já ele não dá conta de tudo mais.

Os jogos que comentei são jogos que clicaram com ele. O velhinho pegou a dinâmica - e a malícia - e fez bonito na partida. Também são jogos que eu considero bons, que estou sempre disposto a jogar com (quase) qualquer um.

Mas, online? Não! 

A qualidade "intrínseca" do jogo continua ali e ela basta para eu tirá-los da prateleira. A memória afetiva também está ali, e só amplifica o entusiasmo de jogar juntinho - foi um tempo de qualidade que passei com meu pai. Os três têm versões digitais competentes, mas a mídia de interação não entrega a mesma experiência.

Se o jogo não clicou contigo mesmo jogando juntinho dos amigos, dar uma segunda chance a partir de uma versão online provavelmente foi o mesmo que assinar a certidão de óbito!

A segunda ligeireza, tem jogo, sim, que precisa de mais sessões para brilhar. Você, fã de Cole, certamente conhece alguns! Mas quem precisa disso é o jogo. Enquadrar isso como você precisando jogar mais vezes, não! Porque "precisar" é vizinho de "dever", e você não deve nada a jogo algum. Acredito que isso tenha sido parte da sua inquietação com o que te disseram?

Também sou fã do Cole, e muita gente larga mão de Root por causa da empreitada que é assimilar a assimetria das facções. Também adoro cinema e literatura, mas entendo que obras que adoro como There Will Be Blood ou Slaughterhouse-Five precisam (elas) de um certo grau de boa vontade que ninguém tem obrigação de dar. And so it goes!

7W definitivamente precisa de mais partidas para entregar tudo que tem para dar. Mas você não deve isso ao jogo.

A propósito, o 7 Wonders Duel levanta uma outra questão. Aqui em casa ele não casou com ninguém. Reconheço o bom jogo que ele é, mas não empolgou. Agora temos O Senhor dos Anéis: Duelo pela Terra-Media e a comunidade questiona se é melhor que o 7WD.
Olha, eu não precise que SdA seja tão jogão como 7WD. Por mim, pode ser só "bonzinho" mesmo. O que o pacote precisava pra gente aqui era empolgar, e o SdA nos empolga mais!

Imagine um jogo que você gosta. O que nele alegra seu coração? Há algo intangível nisso. Pode ser uma partida marcante, a beleza dos componentes, a história por trás,  as miniaturas que você pintou, a satisfação de conter mecânicas que te agradam. Seja o que for, te asseguro uma coisa: a paixão pelo jogo foi espontânea e natural, sem nenhum esforço para ser conquistada.

Jogar mais vezes, em tese, faz jogarmos melhor, mas não faz gostarmos mais do jogo. Claro que no futuro, ao revisitar jogos que não tiveram um primeira experiência legal, nossa percepção pode mudar. Mas a repetição, por si só, não vai fazer surgir aquela sensação dos jogos que amamos (ou meramente gostamos) provocam.

Parabéns pelo episódio!

Cast polêmico! Não pelo jogo, mas pela pergunta. Primeiro, porque eu acredito que ninguém precisa jogar nenhuma vez nenhum jogo. Essa questão de "falha de caráter", não pode ser tomada de outro modo senão o de uma brincadeira. E se for avaliar, é até uma brincadeira meio barreirista, né?

Em segundo lugar, tem jogo que você compra já gostando sem nem ter jogado e cito alguns meus: Belfort: Limited Edition, Keyflower, Cascadia, Paris, Terraforming Mars, Torres... Comprei sem jogar, só por ler sobre os jogos. Seja por um mecanismo que o jogo tenha, ou por um tema que te cativa, ou até pela empolgação de seus amigos.

Por outro lado, tem jogos que beneficiam muito os experientes e concordo 100% com o que o eduardo_dl11 escreveu. Jogos de draft beneficiam muito quem conhece o jogo e tem familiaridade com a sinergia das cartas. Além do 7 Wonders, jogos como Terraforming Mars, Blood Rage ou Rising Sun são outros bons exemplos dessa (extrema) vantagem para jogadores experientes. E dificilmente alguém vai curtir ser massacrado numa mesa. Ou melhor: é possível você gostar da experiência que o jogo proporciona (do jogo em si) e, ao mesmo tempo, ser massacrado pelos demais jogadores? E olhe que eu até consigo conceber alguém gostar de ser punido pelo jogo e ele ser difícil para todos os jogadores da mesa - mas não é esse o caso. Quando você já jogou três ou quatro vezes o jogo e sua melhor colocação é 30 pontos abaixo do penúltimo lugar e mais de 50 pontos abaixo do primeiro lugar, pode ser difícil estar empolgado para a próxima partida.

Dito tudo isso, eu acho perigoso esse pensamento imediatista de achar que o jogo tem que cativar na(s) primeira(s) partida(s). Saber as regras e entender como o jogo funciona podem ser coisas bem distintas, como Troyes ou Tigris & Euphrates, ou mesmo Dobro.

Existem outros incômodos no 7 Wonders (só o base) que só saem com muitas partidas. O sistema de pontuação é o principal para mim. E daí se torna um jogo muito opaco: do começo ao fim do jogo um "civil" vai ter uma leve ideia de quão boa é uma carta dentre aquelas que pode escolher e de como se preparar para as cartas que virão. Acima de 4 jogadores, a depender de onde você está sentado, não há nada que possa fazer para interferir no sucesso de quem está jogando longe de você. Além da vantagem de conhecer as cartas, sentar ao lado de quem não sabe jogar é ainda mais vantajoso.

Eu acho que todo mundo tem a liberdade de não gostar do que quiser.

E uma das coisas mais contraproducente é fazer algo por obrigação à contragosto

No mais, curto 7 Wonders, mas não vejo o problema de não se lembrar mais das cartas quando elas retornam, se retornar, porque eu não vejo o arco narrativo de você ter um projeto de civilização e ter que correr atrás disso, eu vejo você tendo que construir a sua civilização de acordo com os dissabores das oportunidades.

Como assim?

Não é um jogo que vou fazer o projeto "vou construir uma civilização militar" e sim como "me chegou isso, o que eu posso fazer pra progredir minha civilização?"

Ouvindo o seu programa esse jogo não é pra você, e tá tudo bem, esse negócio de ter decidir entre pego o recurso ou pego os militares e contar com a sorte que no futuro essa tenha sido a melhor escolha, faz parte do jogo e há quem veja emoção nisso, no seu caso é só desgaste.

Sobre jogar mais vezes 7 Wonders, é que tem gente que já decorou todas as cartas de cada era, e aí conseguem traçar uma estratégia, mas aí é um nível de loucura que não quero entrar

Tava pensando em outro jogo de Draft, Sushi Go, e nesse pelo menos a sua mão inicial volta pra você, o que abre a possibilidade de você fazer uma leitura de mão e fazer uma aposta de projeto, no 7 Wonders, dependendo do número de jogadores, a mão sequer volta, sendo mais difícil uma aposta de projeto e você contar apenas com a incerteza da sorte

Fala Lucas, André Rumjanek aqui.

Cara, fui ouvindo o podcast e ficando com vontade enorme de comentar aqui. Esse é um assunto que toca diretamente num nervo sensível meu!

Primeiro, antes de mais nada: não tem pecado nenhum em não ter jogado todos os jogos do planeta, tampouco os clássicos. Mesmo sendo criador de conteúdo. Essa é a beleza da pluralidade e diversidade de criadores, cada um dá conta de um pedaço. Acho muito pior quem sai por aí jogando meia partida, lendo a parte de trás da caixa e recomendo jogo pra compra, acho injusto com quem escute/assiste.

Sobre quantas vezes jogar antes de gostar: 1. Nenhuma. 1000. O que não dá é para aceitar alguém falar que você não gosta de algo porque não fez o suficiente, me lembra sempre quando alguém recomenda uma série e diz "o começo é meio ruim, mas aguenta que depois fica bom", como quem diz, "depois você tá amarrado". Isso sempre me parece - e aí me desculpe o exemplo esdrúxulo - alguém falando "fuma um cigarro, cara" e você diz, "já fumei, foi horrível" daí a pessoa diz, "mas fuma um maço inteiro que depois você tá viciado".

Quantas vezes você precisa fazer uma coisa para saber se gosta? Acho que a única regra é: essa vez ou vezes que você fez, foram representativas o suficiente da experiência? Você mergulhou na jornada? Se permitiu experimentar de coração aberto? Se sim, e não gostou: chega! Tem tanta coisa a mais para experimentar...por que ficar preso a tentar gostar de um jogo só porque é um clássico? Não faz o menor sentido. Não existe jogo bom ou ruim, só existe o que funciona para você e/ou seu grupo.

Dito tudo isso, parabéns pelo programa!

Excelente episódio!

Como 7W é um jogo rápido, não custa dar outra chance. Se fosse um jogo de 4h, eu diria: esquece!

Apesar de 7W ser um "clássico", muita gente não gosta dele e ainda dizem que It's a Wonderfull World é parecido e melhor. Não joguei nenhum dos dois.

Sobre a pergunta do título, eu já perdi a conta de quantos jogos odiei a primeira partida e passei a amar depois da 3ª partida.
Isso acontece muito, pois conhecer um jogo é como conhecer um ser humano: só o tempo e a convivência mostrará quem de fato é a pessoa/jogo.

Vou mandar a famosa resposta de engenheiro: depende!

Eu só formo opinião (positiva ou negativa) acerca de um jogo depois de jogar pelo menos duas vezes, pois sempre levo em consideração que a mesa pode ter sido um fator determinante pra eu gostar ou não. De qualquer forma, tem elementos objetivos dos jogos que você pode não gostar (eu não curto os semi-cooperativos, por exemplo) - aí não adianta insistir. Pode ser que essa modalidade de draft pega-e-passa não seja pra ti. E beleza, pega e passa pro próximo (com o perdão do trocadilho).

De qualquer forma, estou comentando sem nem ter jogado 7 Wonders... no entanto, como a questão é mais ampla, fica aí meu centavo de contribuição.

Um forte abraço e continue com o excelente conteúdo.