Você está no meio de um filme de terror a lá “
Massacre da Serra Elétrica” e será vencedor se sair vivo, mesmo que faltando uma perna ou um braço. Esse é o clima de
Grind House, um joguinho rápido, simples e mórbido lançados nos Estados Unidos em 2020 pela editora Everything Epic, que ainda não conseguiu destaques no mercado internacional e que curiosamente já lançou jogos baseados em dois filmes de muito sucesso da década de 1980:
Rambo e
Aventureiros do Bairro Proibido.
Em
Grind House, você é um dos convidados de um estranho jogo proposto por um ricaço: ganhar uma fortuna para visitar uma mansão decadente, em uma colina, junto com outros cinco estranhos. Assim que todos entram no lugar, a porta se tranca e ocorre o famoso “salve-se quem puder”.
Grind House é um jogo de terror narrativo para 2 a 6 jogadores onde você não apenas tem de sobreviver, mas, também, interpretar o papel de um arquétipo clássico: o psicopata que não se importa com ninguém, o cientista que aposta a vida dos “colegas” para estudar a causa, entre outros. Essa “Persona” precisa ser seguida, já que objetivo secreto vale muitos pontos.
Para os que morrem no percurso, é possível retornar como fantasmas para assombrar os sobreviventes restantes enquanto tentam passar ilesos pela Grind House.
Vamos por partes
Cada personagem possui um tabuleiro pessoal com seis partes do corpo: uma cabeça, um torso, dois braços e duas pernas. Com exceção dos dois primeiros, que só podem ser feridos uma vez (uma segunda leva à morte), os outros pedaços podem sofrer ferimentos e, eventualmente, serem amputados no decorrer da jogatina. Tiles são usados para machucar e desmembrar seu personagem.
Visitando os cômodos
O tabuleiro do jogo é bem simples: há 5 espaços para cartas de 5 cômodos, quatro normais e um final (que é mais difícil que os demais). Cada carta é uma rodada.
A variabilidade do jogo é bem grande: 54 cartas de cômodos comuns e 17 cartas de cômodos finais.
A dinâmica é simples. A carta da rodada é virada e o jogador da vez lê a narrativa. Por exemplo: "o anfitrião colocou guilhotinas neste cômodo e, assim que todos entraram, uma parte do corpo foi colocada 'pra jogo'”. Todos pegam um tile (pode ser cabeça, perna, o que for) e colocam à frente. Então, um jogador rola o dado (todos possuem um dado de 6 lados) e se o resultado coincidir com o “pedaço” que escolheu, vapt, você é desmembrado (a carta traz a lista: 1-2 perna / 2-3 braço / 4 torço / 5 cabeça / 6 nada acontece).
Objetivos e itens
Cada persona possui um objetivo pessoal, que fica em segredo (pelo menos a maioria) até o fim do jogo. São 25 opções para os jogadores (que recebem 2 deles e escolhem um, no início da partida). O mesmo ocorre com os 23 itens disponíveis, como, por exemplo, o Boneco Voodoo, que a cada rodada é repassado a um oponente e causa-lhe um ferimento.
Pontuação final
Depois de passar pelo cômodo final (onde um grande perigo machuca e decepa os personagens com gosto), os sobreviventes contam os pontos de acordo com as partes do corpo restantes. Membros saudáveis contam 2 pontos, membros feridos contam 1 e membros decepados não pontuam.
Componentes e Visão Geral
Grind House é um jogo de caixa pequena. Os componentes são bem simples, como cartas e tiles, mas todos de boa qualidade. Apesar de se tratado como um jogo narrativo, pode-se dizer que também é um party game, ou seja, não dá para levar muito a sério e o lance é se divertir muito em 20 minutos (apesar do tema). O peso é bem baixo e pode ser jogado até por aqueles sem grande intimidade com jogos de tabuleiro.
A variabilidade já é boa, mas o jogo tem 11 expansões que aumentam os cômodos, personagens, itens e assim por diante. Salvo engano, elas são vendidas juntas, o que pra mim é um erro (como cada delas é uma caixinha pequena, estilo Paper Games, poderiam ser vendidas separadamente).
"Joguinho" divertido que bem poderia aparecer por aqui, mas que não o foi e nem será porque não teve alarde lá fora.
Luciano Marques