Não escondo de ninguém minha relação de amor com a comida.
Tão pouco escondo minha relação de ódio com o tempo.
Cozinhar sempre foi meu Hobby, aprendi a comer quando aprendi a cozinhar.
Tamanha paixão pela cozinha me levou ao meu atual status profissional, apesar de ser professor, hoje atuo na coordenação da merenda escolar em minha cidade.
Junto a outros professores, somos os "olhos" das nutricionistas na ponta da linha.
Já o tempo é inimigo de todo ansioso.
Quem tem ansiedade vive preso ao futuro e não aproveita o presente.
(Coitado do agricultor ansioso...)
Para mudar minha relação com o tempo, comecei a traçar paralelos com a cozinha.
Investi meu tempo e meu estudo em preparações longas.
Hoje levo 30 horas para fermentar uma massa de pizza, ou 3 dias para fazer uma mostarda.

Mas deixando de lado o meu "querido diário", vou falar sobre um jogo genial.
Cultive é um jogo de cartas que aborda um conceito que eu pessoalmente acho muito bonito.
O plantio sustentável.
Diferente dos plantios convencionais que ao longo do tempo "Matam" a terra e transformam um solo fértil em uma terra estéril, os consórcios agroflorestais e a rotação de culturas mantêm a terra sadia por muito tempo.
E o pior: isso já é conhecido pelo homem a muito tempo.
Em dezembro, visitei no Peru um "Laboratório" agronômico da época do império Inca.

"Cada círculo emulava o microclima de una região do império, orientando os plantios de cada ano.
Uma das história que ouvi na viagem, foi sobre o famoso consórcio "Três Irmãs" ou seja, o plantio associado de Abóbora, milho e feijão (Alguém lembrou de Três Irmãs?).
Dia desses jogamos uma partida de Cultive enquanto um pão (Que comecei no dia anterior) assava.
Cultive tem uma ideia bem interessante.
Plantar, dar tempo ao tempo e colher posteriormente.
Pão no forno, Cultive na mesa.
O jogo de início parece confuso.
Não tem cara de carteado "simples".
O que pode trazer um pouco de confusão aos jogadores de primeira viagem é o conceito de Luz e Sombra.
Em Cultive (como na vida real), algumas plantas precisam de Sol e outras de sombra para se desenvolver adequadamente.
E o desafio do jogo é justamente acertar o "Tempo" para que suas plantações não morram na fase de checagem.
Outro conceito interessantíssimo, está ligado a ordem de plantio.
O jogo não estimula as "Monoculturas", então se você colher duas plantas iguais e elas forem posicionadas na mesma linha, você perderá uma delas.
As artes desse jogo nacional são lindas e mecanicamente, o jogo é muito simples.
São quatro fases bem definidas, divididas em 10 rodadas (em um jogo para 2):
1- Fase de ações (Plantar, crescer, trocar uma carta com a feira ou renovar a feira);
2- Checagem (Verificar se uma planta morreu devido as condições de luz e sombra ou de crescimento);
3- Colheita (Colher as plantas que já estão "No ponto");
4- Revelar suas cartas (as cartas são jogadas com a face para baixo).
Logo na primeira partida, o jogo "Clicou" na minha cabeça.
Que tema interessante e que jogo gostoso!

A Esposa compartilhou da minha opinião.
De início achou complicado entender os conceitos de luz e sombra, mas logo na segunda rodada o jogo já fluiu lindamente.
Perdi bonito e tá tudo bem.
Tem jogos que a partida já compensa tudo.
Sabe aquele papo de "Tem trajetos que valem mais a pena que o destino"? O trajeto já foi incrível.

40 minutos de partida: Pão fora do forno, Cultive dentro da caixa.
Ambos tem sabor de quero mais.