Olá, eu sou o Davi e você está no Análise Escrita.
Peço desculpas pela baixa quantidade de textos nos últimos tempos.
Mas como eu falaria sobre jogos se eu mesmo não ando jogando nada?
Nas ultimas semanas rolou de tudo.
De pneumonia a batida de carro, passando por volta ao trabalho e orçamentos com pedreiros.
O jogo ficou em segundo plano em casa, talvez em terceiro ou quarto.
O João é o primeiro plano.
E confesso que estou contente em não me obrigar tanto a jogar algo.
A coleção tá lá, ainda vamos voltar a uma frequência maior de partidas.
Estou jogando um pouco com a esposa no BGA, tem sido bacana (apesar das surras recentes em Innovation...).
Voltando ao nosso conteúdo habitual, o texto de hoje pega o gancho de um assunto que tem gerado muito engajamento nas redes nos últimos dias.
É até curioso, pois estou escrevendo pelo celular um texto sobre a necessidade de estar offline.

Vida agridoce...
Vamos falar sobre a "Adultização" de crianças e adolescentes.
Vamos falar um pouco também sobre a Infantilização de jovens e adultos.
E vamos tentar encaixar os jogos de tabuleiro modernos não como uma tábua de salvação, mas como mais uma ferramenta de auxílio no processo de ensino e aprendizagem, como uma ferramenta de socialização e fortalecimento dos laços familiares e de amizade.
Nos últimos dias a internet tem sido inundada com uma discussão muito útil e que levou tempo DEMAIS para acontecer: Os atos verdadeiramente criminosos praticados por adultos contra crianças e adolescentes na internet, dentre eles cito a sexualização precoce de crianças, além de diversas dinâmicas que configuram uma verdadeira exploração de milhares de infâncias que estão sendo jogadas no lixo por adultos irresponsáveis aliados a famílias disfuncionais.
Entenda: por mais que você tenha uma imagem saudosa e acolhedora da "boa e velha internet", muita coisa mudou.
Quando eu cheguei na internet tudo era mato.
Para acessar eu precisava esperar meia noite, colocar um cobertor no computador para não acordar a casa com o barulho do discador (e não tomar uma surra) e tudo demorava um século.
Queria ver uma foto? A foto tinha que "carregar".
Um vídeo? Quase impossível.
E mesmo com aquelas limitações todas, eu confesso que ainda adolescente fui exposto a toneladas de lixo na internet.
O pior chorume que você leitor possa imaginar.
Nunca tive moderação sobre o que eu acessava, meus pais não faziam nem ideia do que era histórico de navegação.
Se eu pudesse voltar no tempo, eu mesmo me impediria de acessar a internet na frequência que eu acessava.
O Youtuber "Felca" fez um relato impactante que gerou um debate muito interessante na sociedade e que extrapolou os muros da internet, chegando até o congresso onde deve ser votado ainda essa semana um projeto de lei que trata da responsabilização das plataformas pelo conteúdo ofertado às crianças.

Confesso que me senti orgulhoso como membro da sociedade em ver que pelo menos quando se trata da proteção de nossas crianças, há uma unanimidade nesse país.
Temos salvação para além das rusgas político partidárias.
Agora, entra o Davi pedagogo.
Pai, Mãe, não se infantilize.
Na contramão de uma criança que é tratada como adulta, muitas vezes há um adulto que quer ser tratado como criança.
Você não precisa competir com uma criança.
Entenda: Você é o adulto da casa, não precisa e não deve negociar com uma criança.
Hábitos são moldados e construídos, mas tudo pode mudar.
Você pai, você mãe, vocês tios, avós, irmãos e irmãs mais velhos, tem o dever e a responsabilidade de educar essa pessoinha ao seu lado.
Conheço crianças de 5 anos que ainda não sabem ler e escrever, mas já tem celular próprio e redes sociais.
Meu amigo, criança não tem que possuir celular ou tablet.
E caso possua acesso, ela não precisa e nem deve ter privacidade, você DEVE ter acesso e ciência a tudo o que está sendo tratado naquele aparelho.
Já parou para pensar em quem são os influenciadores que seu filho segue?
Essa palavra que é tão nova em nosso cotidiano diz muito sobre a "profissão".
Já vi literalmente criança saindo no soco em sala de aula pelo Lucas Neto...
Temos o hábito de querer proporcionar aos nossos filhos tudo que não nos foi dado.
Mas vejo que hoje isso se resume a bens materiais.
Os pais trabalham muito, exaustivamente para proporcionar aos filhos uma vida confortável, mas deixam de lado o que realmente importa, que é a atenção.
A intenção é até boa: meu filho vai ter computador desde cedo, pois quando chegar a fase adulta vai entender bastante de informática, e isso vai ajudar ele a arrumar um emprego.
Uma novidade pra você: seu filho que tem computador desde que nasceu tá chegando no mercado de trabalho sem saber fazer uma função de soma no Excel...
Ainda sobre o que é deixado de lado, experiências de vida, o carinho, os bons hábitos, tudo isso fica de lado em detrimento a um celular, um videogame.
E até em momentos longe das telas identifico problemas, por exemplo, no bairro onde moro, há dezenas de adolescentes de 12 a 15 circulando a mil por hora com bicicletas motorizadas, aquelas barulhentas.
Sem capacete, sem proteção, no meio dos carros.

"A famigerada cinquentinha"
Quem deu a bicicleta motorizada? A criança de 12 anos comprou sozinha?
E no caso de acidente, quem é responsável?
Mas Davi, não coloquei uma moto na mão do Enzo, foi só um celular.
Meu amigo, um celular e uma conexão com a internet, sem monitoramento pode causar um acidente tão feio se não pior que o da moto com motor de dois tempos...
Para vocês pais que acham que é necessário passar um tempo de melhor qualidade com seus filhos, aqui vai minha proposta: passe tempo de qualidade com seus filhos.
O tempo é muito precioso, é algo que não volta.
Não vão existir dois dias 12/08/2025 na história, não deixe um dia passar meu amigo.
Um pequeno mantra para esse texto: "Deixe seu filho offline".
E mais do que isso: dê o exemplo! Ao invés de dividir com o celular a atenção que você deve dar ao seu filho, deixe o aparelho em uma gaveta.

Esses pequenos quadradinhos tecnológicos nos pegam pela ansiedade, o desejo de estar sempre informado, de ser bombardeado 24 horas por dia com informações.
Imagine o efeito disso em uma mente ainda em formação?
Mas novamente: temos salvação.
Sabe todo aquele alarde que a mídia criou quando estávamos prestes a tirar os celulares das escolas?
Nada disso aconteceu.
Não tivemos criança pulando de prédio, não observamos criança batendo em professor por culpa dos celulares, tão pouco notamos crianças com crise de abstinência de tela.
As crianças se adaptaram, e pasmem, fizeram isso melhor que os adultos.
Mais um mantra para esse texto: "Não deixe que o celular crie o seu filho, tão pouco deixe que ele influencie suas escolhas cotidianas".
E por influencias cotidianas, falo com você adulto.
Você que fez uma compra porque o dia não foi bom, você que consumiu um conteúdo péssimo, que ajudou a fomentar o algoritmo.
E onde entram os jogos nisso tudo?
Meus amigos, minhas amigas, observem que ferramentas incríveis de aprendizado vocês tem paradas tomando pó nas estantes de casa.
Cada Boardgame tem uma regra, uma estratégia, um estilo de jogo.
Você tem nas mãos o livro mais dinâmico de todos: o livro de regras.
E diferente do livro tradicional, onde temos uma história geralmente linear a ser contada, em um jogo de tabuleiro cada partida é única, o que trás a dinâmica que a criança e o jovem precisa e espera receber hoje em dia.
Que delícia é para a cabeça de qualquer um pontuar absurdamente e de várias formas possíveis em um jogo.
E que prazeroso é para uma família reunir todo mundo em volta da mesa para socializar e criar laços através de uma atividade comum.
E nesse balaio, não coloco só o jogo, coloco a arte, a cozinha, as leituras compartilhadas entre a família, o bate papo.
Faço uma dupla finalização neste pequeno texto, uma provocação e uma reflexão.
Primeiro vamos a reflexão:
Meu pai começou a fumar aos 8 anos.
O avô dele sentava, enrolava um cigarro de palha para ele e um para o meu pai.
Esse foi o legado dele.
Que legado você quer deixar para seu filho? Que lembrança quer deixar?
Prefere ser um pai "chato" que o protegeu ou um pai legal que o fez mal mesmo que sem intenção?
E agora finalizo com a provocação.
Hoje você já perguntou como foi o dia do seu filho?
Na internet, certamente alguém já perguntou...