Antonio Ernande::Concordo contigo que realmente a importação tá saindo bem cara, mas não vejo isso de forma tão ruim, principalmente num momento em que o mercado nacional está em expansão e aumentando consideravelmente o número de lançamentos e sua qualidade, mesmo com os problemas acontecidos.
Neste momento de expansão (veja, estou falando neste momento específico, de um mercado que ainda não é comparável aos europeus e americanos) acho que ficaria bem ruim para as editoras nacionais se as importações ficassem muito facilitadas, naquela velha história de proteção do mercado interno e blábláblá rsrs...No final das contas, acho que é normal acontecerem problemas num mercado que estava engatinhando há alguns anos e está em crescimento, aprendendo com os seus próprios erros (assim espero
).
Aliás, comprei uns importados em viagem (2023) e durante minha pesquisa de preços e opções, verifiquei que alguns jogos estavam beeeem mais baratos aqui do que nos EUA (fazendo a conversão em reais né, se a comparação considerar poder de compra e salário mínimo entre os países aí não tem nem o que se discutir), ou seja, o mercado nacional lançou com preços aparentemente justos por aqui alguns jogos, tendo em vista nossa realidade. Falando isso, não estou defendendo alguns preços abusivos que podem ter ocorrido aqui, até pq não sou conhecedor profundo do mercado, por óbvio que devem ter ocorrido discrepâncias por aí, mas eu mesmo constatei que em alguns casos tava melhor comprar o jogo aqui no Brasil do que lá fora... a galera tem que aprender a fugir do hype tbm né kkkkk
Caro
Antonio Ernande
Meu camarada, primeiro eu quero te agradecer por contribuir e engrandecer o debate, apresentando um ponto de vista um pouco diferente do meu. É assim que se constrói um fórum, como dizia o
GabrielAlmeida.
Olha em parte eu concordo contigo. Se não houver algum nível de protecionismo o nosso mercado simplesmente não tem condições de competir com mercados estrangeiros, muito mais tradicionais, muito melhor estabelecidos, muito maiores, e de países cuja infraestrutura torna o preço deles muito mais competitivo. O problema é que o empresariado brasileiro tem um histórico de não utilizar essas vantagens decorrentes das altas taxas de importação, para melhorar o produto. É aquele esquema, se sempre será muito mais caro importar do que comprar o jogo nacional, por qual motivo eu vou me esforçar para oferecer um produto de qualidade?!?! Eu posso lançar o meu produto de qualquer jeito mesmo, porque os consumidores não terão alternativa a não ser comprar do jeito que ele estiver, porque importar é muito mais caro.
Os mais velhos certamente lembrarão como era comprar carro nos anos 80. Esse setor contava com um protecionismo tão voraz, que a pessoa nem sequer pensava em comprar carro importado. Quando o Governo Collor reduziu as taxas de importação (uma das poucas coisas boas que ele fez), isso certamente deu um baque nas montadoras nacionais, mas elas viram que precisavam melhorar muito, porque os carros nacionais eram verdadeiras carroças. Basta usar o exemplo do Passat da VW. O carro do mercado interno vinha praticamente pelado, sem nenhum adicional de fábrica, mas o mesmo carro produzido pela mesma montadora, que era exportado para a Europa, saía com dezenas de opcionais, porque caso contrário ele não teria a menor condição de competir com os carros europeus. Aí você vê, a mesma empresa produz o mesmo carro, mas o que ia lá para fora era completinho, e o que ficava aqui não tinha nada, nem que você quisesse pagar por isso. Se as montadoras nacionais tivessem que competir com as suas empresas matrizes, pelo mercado doméstico de automóveis, a conversa seria totalmente diferente.
Então eu acho que realmente deve haver alguma proteção, mas as editoras nacionais também têm de fazer a parte delas. E olha que eu não estou nem falando em componentes de altíssima qualidade, mas de no mínimo lançar o jogo com uma tradução honesta, e com cartas com as imagens, números e símbolos corretos. Infelizmente não é isso que ocorre, e as editoras nacionais continuam pintando e bordando, no caso de alguns jogos, porque sabem que não precisam temer que as pessoas importem, porque isso é totalmente proibitivo.
Quanto à questão do preço, é como você disse, é até possível encontrar alguns jogos mais caros aqui, do que em algumas lojas do exterior, mas isso é bem raro. Só que no caso da importação, o problema maior, não é o preço do jogo em si, (muito embora isso afete um pouco), mas sim o frete caríssimo e a taxação que é praticamente uma extorsão legalizada. O jogo custa 120 USD, que é igual a R$ 580,00, mais ou menos, só que para importar ele chega custando mais que o triplo do preço R$ 1.820,00 e isso na melhor das hipóteses.
No exemplo que você usou, compensaria deixar de comprar o jogo lá fora, porque aqui estaria mais barato, mas com quantos jogos acontece isso?!?!. O normal é que lá fora, um jogo custe bem menos que aqui, e isso mesmo sem considerar frete e taxação. O tipo de jogo também interfere, porque se ele não fizer sucesso por aqui o preço acaba despencando. Basta pensar em Tigris & Euphrates, que flopou por aqui e hoje é vendido a preço de banana. E pelo menos esse você consegue vender, porque o Blackout Hong Kong, as pessoas não querem nem como brinde na compra de outros jogos, para não encarecer o frete. Esse são dois jogos de designers consagrados (Knizia e Pfister), que fracassaram em vendas aqui, mas que são muito melhor conceituados lá fora. Por isso é natural que eles sejam mas caros no estrangeiro onde são valorizados, do que aqui, onde tais jogos não agradaram ao público brasileiro.
Para terminar minha estupefação é principalmente em relação ao quanto os impostos de importação encarem os jogos, ao ponto se justificar pegar um avião só para trazer o jogo, porque se pagaria menos do que para importá-lo.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio