iuribuscacio::johnmatosd::
E agora, abro espaço para discussões sobre nossos jogos abstratos favoritos e convido todos a compartilharem suas experiências! Quem mais aqui também tem um amor profundo por essa forma de arte dos jogos de tabuleiro?
Caro johnmatosd
Parabéns pelo texto, gostei muito, apesar de ter um entendimento ligeiramente diferente sobre jogos abstratos.
Existe uma linha muito tênue que separa jogos abstratos dos jogos família, por exemplo. Quem tem um entendimento mais radical, vai dizer que jogos abstratos são aqueles se nenhum tema, como é o caso do Abalone/Polaris, Othello/Reversi, do Quarto, da Família Mancala, e desse Taças Russas, além dos clássicos evidentemente, GO, Gamão Damas e assemelhados. Eu sou dessa corrente.
Outras pessoas classificam como abstratos os jogos em que o tema é trabalhado muito superficialmente. Esse é o caso do Azul, do Nova Luna, do Hive, entre outros. A questão é que nesse caso o nível de abstração está no olho do observador. Uma pessoa pode olhar o Xadrez e dizer que ali há um tema, são dois exércitos em disputa. Outra pessoa vão defender que o tema é tão superficial que não dá para considerar o jogo abstrato. O mesmo ocorre por exemplo com o Kingdomino, com o Splendor e com o Dixit, só para citar alguns exemplos.
Independente do entendimento que se possa ter, não há dúvida de que os jogos abstratos tem a vantagem de não ter pirotecnia nem efeitos especiais para disfarçar eventuais falhas do jogo. Por isso criar um jogo abstrato novo é um baita desafio de design. Além disso, nos jogos abstratos a elegância e genialidade, dentro da simplicidade, se destacam. Fazer um jogo simples mas que não seja simplório, é coisa só para quem entende muito do riscado.
Para terminar eu deixo uma frase lapidar do Erasmo Carlos, obrigatória quando se fala de qualidade aliada a simplicidade que diz" Se o simples fosse fácil, já teriam feito outro Parabéns pra Você".
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
Texto excelente. Como sempre. Permita-me adicionar meu pitaco.
Mas antes vou contar minha história. No início, eu era um jogador de xadrez. Em algum momento, comecei a me interessar também por variantes de xadrez. (Há literalmente milhares delas descritas no site
Chess Variants.) Esse se tornou um segundo hobby para mim. Depois disso, comecei a ter interesse em conhecer jogos abstratos. Foi quando descobri a existência dos jogos da Gigamic: Eclipse, Pylos, Quoridor... Eu alegremente transformaria esse no meu terceiro hobby, se dependesse de mim. Mas isso é meio difícil. Pois esse hobby meio que inexiste.
Foi então que comecei a ter contato com as primeiras notícias sobre um novo hobby em ascensão: os tais jogos modernos. A princípio, ignorei. Mas as notícias foram se avolumando. E eu comecei a esbarrar acidentalmente até com eventos ocorrendo em shoppings. Resisti o quanto pude, pois o meu interesse eram os jogos abstratos. Mas aos poucos meu interesse começou a crescer. Até que, em certo momento, eu já estava decidido a entrar em contato com esse novo hobby. A ponto de ter providenciado uma visita a uma luderia numa viagem que fiz a Belo Horizonte. Isso foi em dezembro de 2019! Dois meses depois, já estávamos em confinamento. Ou seja, meu início no hobby foi justamente durante a pandemia... Mas esse meu histórico já está muito mais longo do que imaginei a princípio.
Então, continuando, o jogo que comprei nessa minha primeira visita a uma luderia foi o
Tao Long: O Caminho do Dragão. Recomendação de um cara que estava por lá quando soube que eu era enxadrista. Para saber mais sobre o jogo, entrei no YouTube e conheci o canal Covil dos Jogos. Os primeiros jogos que descobri nesse novo mundo foram
Santorini e
Fotossíntese. Que me encantaram. Daí pra frente, já estava fisgado.
Aos poucos comecei a descobrir que jogos como
Azul,
Patchwork,
Santorini, e até mesmo
Fotossíntese, eram chamados de abstratos. Estranhei demais! Principalmente em relação a Fotossíntese. Que, para mim, era encantadoramente temático.
Bom, meu conhecimento foi crescendo, fui entendendo a lógica da coisa, mas
o que eu realmente queria contar é que desenvolvi minha própria terminologia para lidar com essas novas realidades. Decidi chamar os jogos pertencentes ao "hobby" dos jogos abstratos, quer sejam tradicionais (Go, Reversi (Othello), Xadrez...), quer sejam modernos (Abalone / Polaris, Hive, Bloqueio, Amazons, Territórios, Annuvin...), de jogos abstratos raiz. E decidi chamar os jogos da categoria "jogos abstratos" do hobby dos jogos modernos (que é uma coisa bem diferente) de abstratos Nutella. Incluem todos os jogos que são chamados de abstratos mas possuem coisas como "artista ilustrador"! Enquadram-se nessa categoria jogos como Azul, Patchwork, Calico, Valknut (embora eu adore esse jogo, é sem dúvida um abstrato Nutella), etc.
Sei que, como toda classificação, esta também é insatisfatória e imperfeita. Como ficam, por exemplo, jogos como
Tantrix,
Genial,
Qwirkle, etc? Sei lá! E nem me interessa muito. Se, por um lado, essa minha classificação tem pouca utilidade como tentativa racional de categorização precisa e exata, por outro lado ela contempla o mais importante:
a necessidade emocional de ter uma maneira de designar de forma pejorativa os jogos não tão nobres assim. kkkk
O importante é distinguir! Essa é a essência de toda classificação. Separar entre os jogos bons e os outros jogos. Hehehe! E a isso ela atende bem.
Fique à vontade para usar se desejar.