(Análise) Palm Island
Título: Palm Island (2018)
Designer: Jon Mietling
Arte: Jon Mietling
Editora nacional: Papergames
Nº de jogadores: 1 a 2 (cooperativo ou competitivo)
Um jogo elegante, compacto e com uma pegada de eurogame que cabe na palma da mão.
Um jogo pequenino tão rico que rendeu uma análise tão longa quanto a de jogos grandões!
Resumo de Como o Jogo Funciona
O jogador possui 17 cartas na mão (esse número pode aumentar [bem pouquinho] em partidas seguintes) e 8 rodadas para que consiga coletar recursos e pagar por melhorias, que por sua vez irão gerar mais recursos e pontos de vitória. Durante uma partida de Palm Island, o jogador deve averiguar se possui condições e, então, escolher como irá utilizar uma das duas primeiras cartas do todo de seu baralho: se vai girá-la 90º para servir como recurso; se vai gira-la 180º para fazer uma melhoria; ou se vai vira-la para o lado oposto (suas costas) para outro tipo de melhoria. Ao final da oitava rodada, o jogador confere quantos pontos fez e qual sua posição em uma tabela pré-definida. Além disso, mas seguindo a mesma estrutura de jogo, é possível jogar de forma cooperativa ou competitiva com até 2 jogadores – ou mais, caso possua mais cópias do jogo.
Mecânicas Principais: Gestão de Mão; Gestão de Recursos.
Critérios
Ø Qualidade dos Componentes
PRÓS: O manual é um livrinho de ótima qualidade, tanto no papel e impressão como no formato, NÃO sendo daquele tipo uma-folha-grande-dobrada-um-monte-de-vezes-que-logo-está-tudo-amassada. Fora isso, no geral é tudo ok, pois o jogo não tem nada além de cartas, que são de boa gramatura, mas...
CONTRAS: ...possuem um acabamento liso simples, além da caixinha ser do padrão
pocket da Papergames, que é bem frágil e com paredes finas, o que faz bater um friozinho na espinha de ficar carregando o jogo de um lado para outro, como é a proposta. As cartas possuem as bordas arredondadas (o que é o mínimo hoje em dia, convenhamos) e não possuem borda, tendo a imagem indo margem-a-margem da carta, o que eu não gosto para essa premissa, que as cartas ficam todas viradas para cima (ou ‘frente’, nesse caso, já que o baralho todo fica em nossa mão), de tal forma que uma bordinha branca, mesmo que pequena, seria uma boa pedida. Na minha pesquisa pelo jogo na internet para coletar mais dados para esta análise, vi que existe lá fora uma edição que o jogo vem em uma carteirinha plástica, como acontece aqui no Brasil com Sprawlopolis (ARAMINI; DEVINE; KLUKA.2018), trazido ao Brasil pela FunBox, o que melhoraria muito esse transporte, sendo mais condizente com a ideia de ‘jogar em qualquer lugar’. Comparando, ainda, o Palm Island com o Sprawlopolis (que tem análise completa aqui:
https://ludopedia.com.br/topico/47770/-analise-sprawlopolis), ainda temos o acabamento das cartas superior em Sprawlopolis, que não é liso, possuindo
linen finish (aquele aspecto de texturinha), enquanto os de Palm Island, como eu já escrevi, é liso e simples.
(Todos componentes)
Ø Tempo de Preparação de Partida
Baixo. A grosso modo, no modo básico solo ou cooperativo do jogo, basta o jogador deixar as 17 cartas com um lado específico voltadas para cima (sinalizadas com um ícone no canto superior esquerdo), embaralha-las e pronto: bora pro play. Já no modo competitivo, além de arrumar as cartas e embaralhar, é preciso que antes do início da partida os jogadores analisem como ficou a ordem das cartas embaralhadas, e com essa informação montem o baralho do 2º jogador igualzinho, para que ambos baralhos fiquem exatamente iguais no início da partida, mas mesmo assim, isso tudo é coisa de dois minutinhos. Existem ainda algumas particularidades a depender do modo de jogo, mas nada que envolva mais de pouquíssimas cartas, logo não impactam no Tempo de Preparação de Partida a ponto de alterar ser considerado Baixo.
Ø Arte
PRÓS: É colorido, é alegre e é eficiente para a proposta. É tudo feito com leveza e bom gosto, utilizando uma paleta de cores viva e bem variada.
CONTRAS: Apesar de tudo bem feitinho, não tem muito carisma próprio e nem personalidade. Não é um jogo que tem cenários ou personagens que vão cativar ou sequer ficar na memória dos jogadores. Fizeram o arroz com feijão e mais nada, nem uma saladinha, nem uma sobremesa.
(Cartas em detalhe)
Ø Curva de Aprendizagem
Média. Lendo o manual em um primeiro contato, considerando que a pessoa não viu nenhum vídeo de regras por aí, as coisas podem parecer bem mais complexas do que, na verdade, são. O manual possui incríveis 23 (mini) páginas, o que o faz parecer uma baita peça de engenharia complexa, quando na verdade tudo se resume em ‘faz o que quiser/conseguir de acordo com o que está escrito na carta (que consiste em virar, inverter ou girar uma carta pagando o custo respectivo)’. Sendo assim, depois de ler o manual, ao tentar jogar a primeira vez temos uma baita surpresa agradável do quanto o jogo é direto e simples! “Ok, então, beleza, mas qual o motivo da Curva de Aprendizagem ser Média, Guri?” Então, o jogo é realmente uma baita peça de engenharia, só que não em relação à pormenores, exceções e detalhezinhos de regra, mas pelo fato de que existe uma curva muito interessante e até profunda no que tange o ‘conseguir se sair bem’. Achei uma aula de gamedesign o quanto o jogo, com apenas suas 17 cartas e duas escolhas possíveis por turno, consegue entregar (assumo que antes de jogar, só tendo lido as regras, duvidei que o jogo me entregaria alguma profundidade e me enganei!).
(Cartinha com a pontuação a ser batida. Essa informação existe no manual, logo é só um extra fofinho)
Ø Presença de Tema
Baixa. Esse tópico me fez refletir bastante. Por um lado, o jogo é EXTREMAMENTE genérico: O jogador está em uma ilha, acumula recurso como pedra, peixe e madeira, gasta para fazer construções e melhorá-las. Nada de novidade. Temos ainda alguns amuletos, estatuetas e outras paradas meio-quase-místicas nas cartas de Façanha (as pretas), mas todo e qualquer sentido se perde pela ausência de um devido storytelling anexado, e o mesmo é válido para os pouquíssimos personagens introduzidos (e nada mais que isso) em algumas cartas. Contudo, o motivo de eu ter ficado pensativo é que o título (muito óbvio, mas tudo bem) e a própria premissa do jogo se complementam muito bem, o que me levou a uma reflexão de que tema não é apenas aquilo que lemos e vemos, mas também aquilo que sentimos por outros fatores não-declaradamente-manifestos, o que acabou me fazendo lembrar de uma frase do dramaturgo Henrik Ibsen, que diz “A beleza é o acordo entre conteúdo e forma”. A forma seria o que está explícito, visível, evidente, sendo a aparência da coisa: os textos, as ilustrações e etc., enquanto o conteúdo se refere a mensagem em si, o que o criador desejou passar para o jogador/leitor/espectador/etc. Dessa forma, ter um jogo portátil, que caiba na palma da mão e seja uma opção contra um aparelho mobile digital em mesmo formato físico (praticamente), sozinho, já entrega muito mais tema do que alguns jogos que existem no mercado, que são mais do mesmo: estão armazenados em uma caixona, possuem uma arte duvidosa e são focados na engenhosidade mecânica acima de qualquer outra coisa. Concluí que só a ideia do formato não foi o suficiente para que a Presença de Tema fosse considerada maior do que Baixa, mas fiquei muito feliz com o desdobramento intelectual que o jogo me proporcionou, algo que é raro, e por isso que compartilhei com vocês (desculpem o excesso de digressão deste tópico).
(Foto de uma jogatina: cartas na mão, algumas viradas, outras não)
Ø Rejogabilidade
Alta. Este é outro tópico que, em geral, gera muita comoção e discussão mundo afora, pois existe uma subjetividade grande no que se refere à rejogabilidade. Apesar de existirem alguns pontos mecânicos que servem de marcos claros para ver se algo é rejogável ou não, ainda assim o quanto as pessoas projetam em um determinado jogo o que esperam ver, rever, se desafiar e revisitar é muito pessoal. O que dizer, por exemplo, do Xadrez, que ainda está vivo, nunca tendo mudado, apesar de não ter tido nenhuma expansão oficialmente publicada nos últimos séculos. Eu quando vi Palm Island, antes mesmo da primeira partida pensei: “Xiii, vou jogar isso e vai ficar repetitivo, quer ver? Com 17 cartinhas, logo vou ver a mesma coisa acontecer várias vezes”. Me enganei. A ordem das cartas e a forma que vamos aprendendo aos poucos lidar com o desafio de fazer mais pontos é grande (muito grande se pensarmos que temos só 17 cartas) e acabamos nos vendo na necessidade de variar a estratégia, partida após partida, para ver se aumentamos nossa pontuação. Além disso, existe uma coisa muito interessante: uma ‘quase-campanha’ solo, que vou explicar melhor no final do texto, mas em suma, nos recompensa uma boa pontuação ou objetivos específicos com algumas cartinhas extras para partidas futuras. Adicionalmente, Palm Island é jogável não apenas no modo solo (que para mim foi o destaque), mas comporta até 2 (dois) jogadores em modos cooperativo OU competitivo, aumentando ainda mais a chance de o jogo ver mais palma (‘palma’... da mão... ao invés de ‘mesa’, pois fica na palma da mão... sacaram? Não? Deram risadinha? Não? Nem por dó? Tá bom...). Todavia, ter ainda mais cartinhas variadas seria uma boa pedida para quem já jogou bastante o jogo, mesmo que elas substituíssem outras dentro do limite de 17 cartas.
Ø Interação
Baixa. O jogo me conquistou pelo modo solo, portátil, de bolso (mas que amassa a caixinha), concorrendo contra joguinhos de celular (quando estou à toa em casa, passeando por memes de Facebook, fotos fake de Instagram e jogos digitais, ter uma opção analógica tão prática quanto ao invés de digital é algo muito bem-vindo). Isso é motivo que me faz nem ligar para Interação, pois nem existiria, MAS ela existe, afinal existem os modos cooperativos e competitivos. No modo cooperativo, os jogadores jogam de forma simultânea, cada um com seu baralho (um é azul e o outro vermelho) e ao final de cada rodada possuem, em conjunto, alguns objetivos de recursos a serem pagos e se pagarem todos, vencem. No modo competitivo, os jogadores jogam cada um com seu baralho (também), e quem conseguir no final da rodada pagar determinados custos recebe uma carta que dá pontos e no final, quem tiver mais pontos, vence (nota: existem 2 modos competitivos, sendo um rodada-a-rodada e outro em que é preciso ser mais veloz que o adversário). Em ambos os casos, com pouca variação, a Interação acaba se dando apenas no final da rodada e de uma forma mais comparativa do que realmente planejada, não tendo nenhum tipo de bloqueio, ataque ou nada do gênero, tanto que se você tiver 100 amigos e 50 baralhos, todos conseguem jogar ao mesmo tempo uma mesma partida (só acho que terá muito empate e a gestão dessa galera será caótica).
Ø Fator Sorte
Relevância na partida: Média, mas apesar disso, é necessária para que o gamedesign funcione e exista rejogabilidade. Aqui vou dar uma reforçada no item ‘Rejogabilidade’: vocês sabiam que muitíssimo provavelmente nunca se depararam com um baralho de cartas tradicional (aqueles com os naipes ouros, paus, espadas, copas...) com as cartas na exata mesma ordem? Isso ocorre, pois o baralho ‘comum’ possui 52 cartas, o que geraria um valor de 52 fatorial, ou seja, 52x51x50x49x48...etc. Logo, em Palm Island conseguimos fazer a mesma conta, porém como algumas cartas são iguais (apesar de poucas), não fica exatamente 17x16x15x14x13...etc na prática, mas mesmo assim, isso gera um número lá pela casa das 100.000.000.000.000 variações ainda lembrem que além das cartas repetidas, ainda temos a opção de ativar a primeira ou segunda carta do topo, o que reduziria pela metade esse valor total – massss, como as cartas possuem frente, verso, lado de cima e lado de baixo, a conta se complica quadruplamente tudo de novo, ou seja, um número grande o suficiente para que meus (precários) conhecimentos matemáticos me deixem inseguro em dar um número cravado certo (quem arriscar, manda nos comentários). Tendo isso em vista, o que acontece é que a ordem em que as 17 cartas ficam embaralhadas irá influenciar diretamente como o jogador irá lidar estrategicamente com elas, de tal modo que evidencia que uma determinada ordem será mais favorável para uma melhor pontuação que outra ordem. Tanto que para os modos competitivos ambos baralhos devem ser iguaizinhos (um jogador embaralha seu baralho, depois o oponente monta o seu baralho com a mesma sequência de cartas). Falei tudo isso, mas preciso reforçar: Isso não é algo ruim! Pelo contrário! Ter essa enorme gama de variáveis que faz a vida útil do jogo ser grande, reforçando o Fator Rejogabilidade ser Alto.
Ø Fator Estratégia
Relevância na partida: Média. Releiam tudo que escrevi sobre o Fator Sorte e agora considerem estes aspectos em relação ao Fator Estratégia. Pode ter soado que a variação no embaralhar deixa tudo solto, mas não deixa, pois vamos aprendendo a lidar com a otimização das cartas conforme vamos jogando. É fato que o aprendizado é impactante em Palm Island. Enquanto existem jogos que eu vou bem em um dia e simplesmente horrorosamente pífio em outros, em Palm Island foi possível notar uma melhora clara no placar, talvez influenciado pelo fato que joguei várias partidas seguidas em poucos dias e isso não aconteceu com os outros jogos maiores? Provavelmente sim, contudo, eu SENTI que melhorei, logo é possível notar que o conhecimento sobre as cartas e o quanto conseguimos entender e – acima disso – decorar a ordem do que está por vir em rodadas futuras é importante para se conseguir uma melhor pontuação. Uma dica que dou é: memória é um elemento importante estrategicamente nesse jogo. Se você tem uma boa memória e pensamento lógico, irá bem. Irá ainda melhor conforme for conhecendo a sinergia das cartas, o que vale a pena investir primeiro e o que podemos deixar para o final.
(Uma foto com todas as cartas que tirei só para ter uma imagem a mais mesmo)
Ø Preço e Valor Percebido
Excelentemente Bom. Os componentes, como eu escrevi no início, poderiam ser melhores e mais funcionais para o transporte, porém a quantidade de partidas que tive, logo, tempo que aproveitei o jogo, se comparado com os nem R$50 reais que paguei, está de excelente tamanho. No meu caso, que gosto e costumo jogar solo, ter algo que consigo jogar todo largado na cama, sem precisar de uma mesa e quase nenhuma preparação, só aumenta as chances de continuar jogando, a ponto de não ter me custado sequer R$1,00 cada partida. Me digam, qual jogo conseguiu fazer isso na experiência de vocês? Comigo, não houve nenhum.
Ø BÔNUS: Algumas dúvidas corriqueiras:
- Dá para jogar com crianças? É possível, mas claro, que usando uma mesa devido ao tamanho da mão delas em relação às cartas e a desenvoltura motora em rotacionar e mover as cartas. As regras são fáceis e como tudo está basicamente escrito/desenhado nas cartas, com pouquíssimo texto, crianças maiorzinhas ou menores com prática em jogar conseguem pegar fácil, só ficando a lacuna do ‘Jogar de forma realmente efetiva e otimizada’, a depender do nível de desenvolvimento cognitivo da criança em questão.
- Funciona bem em qualquer número de jogadores? Funciona. É um modo meio isoladão, mas quantos euros não fazem isso e são tão aclamados pelo público?
- Como é esse lance de ‘mini-campanha’? Simples, mas desafiante. Ao jogar o modo solo ou multijogador, o(s) jogador(es) possui(em) alguns marcos para alcançar no final da partida como, por exemplo, “Mercado e Posto Comercial com Melhoria de Nível 2 e pontuação mínima de 32 pontos” ou “Termine a partida com no mínimo 40 pontos”. Quando a partida encerra, é verificado se algum marco foi batido e caso positivo, uma carta de Façanha poderá ser adicionada no baralho em partidas futuras. Pela experiência que tive, isso é legal pois otimiza nossas possibilidades e até mesmo a pontuação, de tal forma que para alcançar alguns marcos, outros são bem úteis, quase essenciais, nos incentivando a ficar jogando com um objetivo em mente além do simples ‘bati meu recorde’. Eu gostaria muito de ver um Palm Island 2 (ou algo assim) que trouxesse novas cartas e novas Façanhas para aumentar ainda mais as possibilidades!
Opinião Pessoal
“ ’Só R$45? Me vê esse joguinho aí então, que custa menos que um lanche’. Foi assim, despretensiosamente, que conheci Palm Island. Bonito, leve, com jogabilidade simples e que me instiga a jogar sempre mais uma partida na sequência, Palm Island se demonstrou um dos melhores jogos compactos que já conheci, com o bônus de ser um ótimo jogo solo. A temática é muito simples e poderia ser melhor explorada, mas acho que já estou querendo demais para uma proposta tão direta e que acertou tão em cheio mecanicamente. Só digo: joguem!” (Raphael Gurian, aquele que quebra pedra, mas não consegue abrir um coco direito)
“Palm Island é um jogo simples e ao mesmo tempo, cativante. Com apenas uma sequência de 17 cartas e 8 turnos, os jogadores precisarão administrar seus recursos e aprimorar suas construções, para angariar mais pontos possíveis ao final da partida. Sua temática não é tão relevante para a mecânica em si, porém ela traz um sentimento praiano agradável. Este jogo é um ótimo passatempo para se jogar em dupla, com partidas relativamente curtas, podendo ser jogado seguidamente, sem se cansar.” (Heloisa Fernandes, aquela que faz amizade com os animais selvagens antes mesmo de se apresentar para as pessoas nativas.)
Um texto de
Raphael Gurian
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em análises de uma forma mais detalhada. Os jogos analisados não seguem qualquer critério comercial, incentivo ou pagamento, sendo escolhidos com base em fontes de vozes da minha cabeça, aliado ao fato de ter já jogado o jogo em questão muitas vezes, a ponto de me sentir confortável em opinar sobre o mesmo.
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