Vários filmes e outros tipos de mídia são utilizados como temática pra jogos de tabuleiro, e depois de termos referências sobre Indiana Jones (As Ruínas Perdidas de Arnak), milhares de coisas de zumbi, de vikings e outras mais peculiares, em algum momento chegaria a Era dos Dinossauros.
Tem muito fandom nisso aqui, por todo lado do mundo.
Jurassic Park inspirou uma geração. E isso é
inegável. Então faz todo sentido pensar que em algum momento um jogo de “
parque temático com dinossauros dentro” iria
acontecer em algum momento.
E aconteceu:
Em 2017,
Jonathan Gilmour lançou a
Ilha dos Dinossauros. Onde a premissa do jogo é literalmente essa:
- Na
primeira fase (usando cientistas), você colhe “
receitas” de dinossauros novos, que tem níveis de
ameaça e pontuação distintos, além de pegar
dados extras (te dando genomas para criar os dinos), ou pode mover eles para
outros setores, usando o cientista como um mero “
peão movedor de caixas”.
O tabuleiro fala em cima qual fase que ele se trata.
- Na
segunda fase (fase de mercado), você compra
novas construções pro tabuleiro do
seu parque, te dando
assimetria e novas ações pra
alocar seus trabalhadores; pode comprar novas
atrações pro seu parque, adicionando-as no
seu tabuleiro, e também podendo adquirir
novos especialistas. Especialistas esses que te dão
vários bônus e vantagens
durante o jogo.
Construções, atrações, especialistas e genomas. Qual a tua prioridade?
- Na
terceira fase (alocação), você vai pegar todos os seus
trabalhadores + os cientistas que você não usou pra.. ciência...
Aham. E vai alocar
eles no seu tabuleiro, e depois que todos fizerem isso
simultaneamente, todos resolvem
todos os efeitos.
Seu próprio tabuleiro, aloque seus trabalhadores e decide o que você quer fazer.
- Na
quarta fase (visitação), você vai meter a
mão no saquinho e puxar “visitantes” pro seu parque, e eles vão te gerar
pontos/dinheiro de acordo como você os aloca no seu tabuleiro de parque. Há também os
hooligans na bag, que não
pagam nada, e entram na frente de
todos os outros.
Na fileira do parquinho, o hooligan sempre entra primeiro.
O jogo roda nessas
4 fases até todos os objetivos que estiverem em jogo
serem concluídos, e quando o primeiro cara estiver
pontuando o primeiro objetivo; ou você pontua no mesmo turno e pega carona, ou aquele objetivo
já era. Dando uma dinâmica bem diferente pro jogo sobre
o que você deve focar primeiro.
Objetivos do jogo: Ou tu faz na hora ou não faz mais.
O jogo é
denso. Ele tem muita
coisinha e muitas nuances, e ele ser estruturado em
4 fases onde você faz
4 coisas totalmente distintas ajuda no melhor entendimento dele, mas pra
explicar, principalmente pra novatos, é
meio ruim.
Você tem que ficar ligado
constantemente na barra de ameaça do teu parque, pois se o nível da sua segurança for
menor do que ele,
dinossaurin vai mastigar visitante e tu vai perder pontinho.
Nível de segurança = Nível de ameaça
Outra coisa que ele faz muito bem é te dar a opção de colocar
objetivos rápido/médio/longo no jogo, o que faz a partida
variar de duração de acordo com sua vontade.
No mais, o jogo é legal, e o seu tema também é bem aplicado. O que eu nunca entendi bem nesse jogo é a escolha de paleta de cores.
“Ain Bomba, mas tu tá reclamando do dinossauro ser rosa?”
Na verdade,
não. Os dinossauros serem rosa é o que
menos incomoda inclusive. Porque se fossem
verdes, como são representados no
filme/historicamente ficaria até ruim de ver eles nas
baias dos parques.
Tudo já é verde, se os dinos fossem também ia virar uma maçaroca de uma cor só.
O que eu reclamo mais aqui é das
cartas em geral. As
cartas de objetivo então, me lembram até as cartas do
Pokémon, O Mestre dos Treinadores.
Tons de cores meio nada a ver com uma arte
meio noventista.
Eu olho pra essas cartas e fico de cara; acho muito parecida com as desse jogo de 22 anos depois.
Talvez referência a
época dos filmes? Enfim.
Nos tabuleiros de genoma também
há confusão. Eles escolheram
cores muito parecidas (e símbolos também) para os
genomas, aí quando você vai
citar um deles, fica ruim, porque se tu fala azul, gente pode interpretar que a barra
1 e a 3 são azuis. Se você fala rosa, podem achar que você tá falando da
2 ou da 5, enfim,
confusão desnecessária que seria resolvida se botassem cores totalmente diferentes uma das outras.
Essas cores são muito parecidas desnecessariamente.
Porém, isso
não atrapalha o jogo de forma alguma. Recomendo a jogatina
tranquilamente pra qualquer quantidade de jogadores. Se for jogar pra 4, que todos já saibam jogar, porque ele pode se alongar,
e tenha espaço de mesa!!!
Depois disso,
Jonathan Gilmour (que também é o designer de
Dead of Winter: A Noite Sem Fim) se
afastou do projeto, e seu “segundo em comando” decidiu criar o novo
Dinosaur World.
Até a caixa é linda.
“Mas o que varia os dois Bomba? Vale a pena ter os dois?”
Vamos por partes: os
dois jogos são sim totalmente diferentes entre si, você conseguiria sim ter os dois ao mesmo tempo, e jogar um ou outro, porém,
tudo que o Ilha dos Dinossauros faz, o Mundo dos Dinossauros faz, e faz melhor. Inclusive, de forma muito mais bonita.
Sem comparação, tudo aqui é mais bonito e mais claro.
Esse jogo é uma aula de design praquele pessoal que quer fazer o famoso “
copia, mas não faz igual”.
Aqui, ao invés dos tiles quadrados do primeiro jogo,
tudo é hexado, e faz
mais sentido. Numa vibe
Suburbia: Collector's Edition, esse jogo tem os
tiles lindos, provavelmente alguns dos
mais bonitos que já vi, e ele
funciona muito bem.
Tudo aqui foi muito bem desenhado e muito bem feito pra tudo encaixar e fazer um put4 efeito visual.
Tudo aqui é
mais bonito, inclusive os
problemas de iconografia dos genomas que citei no jogo anterior,
todos estão resolvidos aqui.
As cores dos genes aqui são muito mais claras e diferem, acabando com o problema do jogo anterior.
Enquanto no primeiro jogo tu é preso num quadradinho, onde você vai “
alocar os visitantes” e resolver de acordo, aqui você tem que ser
visionário: você precisa pensar
como você vai montar o parque,
e o que vai ser vizinho do que. O layout do parque faz
toda a diferença. A rota que você vai
fazer os visitantes passarem, faz
toda a diferença. Você pode ser cauteloso; usar a segurança para fazer um passeio “
chato e seguro”. Do mesmo jeito você pode fazer o
oposto: você pode fazer o passeio do seu parque “
radical e emocionante”,
arriscando a vida de alguns visitantes pra maiores benefícios.
O "Jeeple" (meeple em forma de Jeep) faz o trajeto no seu parque.
Depende de você.
Aqui também você sente o jogo mais “
Tycoon”: se você é daqueles que
gosta de gerenciar um parque sem restrições, esse é o jogo pra você. Além de também sentir que há um
balanceamento melhor entre a alocação de trabalhadores, gerenciamento de recursos e o tour do seu “Jeeple”.
A arte desse jogo é um esculacho de linda.
Assim como o jogo anterior, esse aqui
engole a sua mesa. Não pense em jogar ele pra 3 ou 4 com pouco espaço,
não vai rolar. Mas no geral, toda a sensação que esse jogo me passa é que
ele é o pupilo que ultrapassa o mestre em todos os sentidos.
Os objetivos aqui também
são bem distintos, e foi feito de
forma diferente. Quem pontuar primeiro g
anha mais pontos, mas não tem mais a trava de “
se o primeiro tá pontuando eu preciso pontuar com ele agora senão já era”. E 3 deles são
sorteados a cada partida.
Objetivo da carta de objetivo; dois jogadores já pontuaram, falta 1.
Recomendo Mundo dos Dinossauros
se você curte jogos de Tycoon/gerenciamento de parques no geral. Roda bem em qualquer
quantidade de pessoas também.
Obs:
Quando eu falo que o Mundo dos Dinossauros faz tudo que o Ilha dos Dinossauros faz melhor, eu não estou em nenhum momento querendo dizer que o Ilha é um jogo ruim.
Muito pelo contrário; acontece que o Mundo dos Dinossauros é um PRIMOR. Ele é realmente um dos melhores jogos chegando no Brasil esse ano e você deveria ficar de olho. Mas é aquilo: pro Pupilo ultrapassar o Mestre, tem que ter havido um mestre antes.
Os dados são exatamente iguais ao primeiro jogo.
Seja na Ilha ou no Mundo, preste atenção no gerenciamento do seu parque; até mais do que nos dinossauros em si. Dá pra você fazer a maquininha girar bastante sem a influência deles. Mas eles são o X da questão aqui, então utilize-os com sabedoria; e vai atrás dos que valham a pena de verdade.
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