“Sandbox é um estilo de game em que são colocadas apenas limitações mínimas para o personagem. Com isso, o jogador pode vagar e modificar completamente o mundo virtual de acordo com a sua vontade. Ao contrário dos jogos de progressão, um sandbox enfatiza a exploração e permite selecionar as tarefas que serão realizadas.”
Infinitas possibilidades.
Eu não sou fã de Star Wars.
Mas mesmo eu não sendo,
várias pessoas do meu grupo de jogo são, então eu sou o tipo de cara que se vê numa posição onde eu
preciso ter pelo menos um jogo com essa temática até pra chamar gente pra mesa (
nunca subestimem a força de um tema que a pessoa ama pra trazer ela pra uma mesa de jogo).
Pensando nisso, eu tô aqui em casa com uma cópia de
Star Wars: Orla Exterior. Dito e feito;
quem jogou curtiu, pra mim ficou bem no
mais ou menos. Disserto:
O tabuleiro da galáxia é bem diferentão. Mas ainda assim, tenha uma mesa grande. Ocupa mais espaço do que você pensa.
Outer Rim é nada mais nada menos que um
Sandbox espacial: você vai passear pela galáxia
cumprindo missões, procurando contatos, capturando os dito cujo, comprando e vendendo naves, fazendo a missão do seu personagem (assimétrica), e brigando de navinha por aí.
A princípio, me deu um sentimento meio
Merchants & Marauders. Achei a ideia bem similar tirando o fato de que ele
é espacial. A questão aqui pra mim é outra.
Você ganha o jogo
ganhando fama. E ela vem de diversas formas (todas aquelas que citei acima) e novamente, não criaram a roda
quando fizeram personagens que focam mais em algumas coisas do que outras.
Carta do personagem te dá os atributos que ele possui; habilidades, objetivo pessoal e ação.
Existem
4 facções no jogo (os
Hutt, Rebeldes, Império e o Sindicato) você ganha
reputação (e perde também) com elas de acordo com
suas ações e
eventos que rolam por aí.
Cartas de eventos são vinculadas aos sistemas. Olha o tantinho de espaço pra cada planeta.
O que esse jogo pra mim faz de diferente (e faz mal) é
tentar contar uma história. Eu posso não ser o
maior fã de SW, mas eu sei que se você
tentar contar uma história dentro de uma carta tamanho padrão, ela não vai sair lá
grande coisa. E nem com muitas referências. E aqui isso
acontece frequentemente. E a
narrativa sofre com isso.
SW tem
muito conteúdo, é um cenário
muito rico e aqui se você ler qualquer
carta de missão você vai achar ela a missão mais genérica do mundo. Também não curti o sistema que eles
fizeram com os baralhos. Tem um pra
cada coisa, e o jogo não usa
pilha de descarte (o que me fez ficar com cara de WTF).
Exemplo de carta de missão. Poderia ser muito, mas muito melhor.
Agora, o que ele faz bem:
simula bem um sandbox.
De verdade. Você pode entrar no jogo e
fazer o que você quiser. Você explora e assim
vê o que é melhor pra se fazer e o melhor pra ir atrás da sua maquininha de pontos.
Cada nave tem espaço pra tripulação, valores de combate, defesa e velocidade diferentes, espaços pra carga e modificações diferentes, e todas as naves também tem missões. E esse é um dos modos de se ganhar pontos de fama.
O jogo
não encoraja o x1 com outro jogador (a não ser que você tenha uma missão pra isso), e realmente é
perda de tempo se você for sair no pau com
outro jogador por nada. Pode também acontecer de você estar
caçando um contato, e ele
faz parte da tripulação de outro jogador, e aqui as
coisas ficam interessantes.
O tabuleiro do jogador. Ficar com a reputação negativa com um monte de facção pode ser problema.
Também curti o sistema de
palavras-chave para as habilidades. Todos os
personagens e contatos possuem palavras-chave que são as
suas habilidades. Essas habilidades eles contribuem para
mitigar o roll de uma missão que você tenha. O que faz com que você consiga resolver algumas
missões muito tranquilamente, e outras tu vai é
passar perrengue.
Recomendo Outer Rim pra
qualquer um que queira um sandbox espacial,
independente de tema, porque até se você for
muito fã de SW, você vai ficar com a
impressão de que o storytelling desse jogo aqui é bem xumbrega e se decepcionar. Dá pra se divertir tranquilo pra
2 até 4. O modo solo, como sempre, foi
totalmente ignorado por esse que vos fala.
Runebound (Third Edition), conforme prometi no outro post, é um
jogo de aventuras, que é
bem pegado no sandbox também.
Bora pra aventura.
Nesse jogo, estamos no
território dos humanos no mundo de Terrinoth, e cabe a nós
defender esse território a todo custo. Primeiro
escolhemos o vilão que utilizaremos na partida, e separamos todo o conteúdo do mesmo.
Vilões do jogo base. Um necromante e um dragão muito do fdp.
Escolhemos nossos personagens e suas peças, e
vambora pro pau. O jogo rola em
20 turnos. No
décimo turno, a token do vilão
aparece no tabuleiro em todos os casos, ele pode ser desafiado por
qualquer um dos jogadores (mas é bom estar preparado que o negócio é pesado). Se chegar no fim do turno 20 e ninguém tiver derrotado ele,
ninguém vence o jogo.
Vence quem derrotar o vilão. Simples assim.
O fluxo do jogo aqui é:
Jogador 1 faz suas ações, jogador 2 faz as suas, 3, 4 e sobe o marcador de turno. Até chegar em um dos
símbolos de história, onde o jogador vai ler alguma coisa sobre o
cenário específico daquele vilão.
Uma das cartas do baralho de história de Margath. Dá benefícios para quando for enfrentar o dragão (esse marcador de conhecimento ajuda).
Ele pode ter
destruído alguma coisa, pode ter
aparecido um NPC ou evento em algum ponto do tabuleiro pra dividir conhecimento e ajudar contra o vilão ou até pode rolar
combate imediato se o vilão enviou monstros na direção dos oponentes dele.
Aqui cabe a você definir como otimizar suas ações.
Vale mais a pena eu ir resolvendo quests e ganhar novas skills? Fazer dinheiro pra comprar outros equipamentos? Bater nos outros heróis e provar que eu sou o melhor?
Existem 3 tipos de evento no tabuleiro. Baralho roxo (encontros), baralho laranja (porrada), baralho verde (missões). Existem também ocorrências raras de combate, encontros e missões em outros baralhos de cores diferentes.
Aqui a história é muito mais
centrada em Terrinoth com várias referências. O jogo flui
muitíssimo bem, apesar da
dependência da sorte que acontece desde o início do jogo.
Dependência essa que pode ser
mitigada comprando utilitários, e com certas habilidades. Todos os testes usando skills que você faz aqui você
puxa cartas e espera o símbolo/cor certa vir para ter sucesso.
Para comprar uma nova skill, você precisa ter troféus, que são nada mais nada menos que as cartas de quest/encounter/combat que você derrotou. Elas ficam contigo e com isso você consegue comprar uma nova habilidade. Esse baralho também é usado pra resolver alguns testes, e ele usa o símbolo no canto esquerdo para tal.
Todos os personagens tem
tokens de combate.
Como assim tokens? É
literalmente um moedão.
Você resolve um combate jogando elas pro alto, cada token tem dupla face (cara e coroa), e aí você escolhe a ordem do que você vai fazer com seu oponente e vice-versa.
Lord Hawthorne, suas tokens iniciais e sua miniatura.
Apesar desse modo
um pouco diferentão de fazer as coisas, eu afirmo a vocês,
funciona. É legal inclusive quando tu já tem
outros equipamentos, que aí tu ganha uma
pilha de token e joga tudo pro alto.
Mas definitivamente a
pior coisa do jogo é movimentação por dados.
Pode ser mitigado também? Sim, mas no início do jogo não. E cara, é
muito frustrante você usar dado pra se mover, principalmente se você tem memórias ruins dos jogos de vossa infância (
Banco Imobiliário e Jogo da Vida, estou olhando pra vocês).
As faces do dado: Coringa, água ou montanha, floresta ou planície, colina ou planície, planície. Tem que ficar ligado pra onde você tá indo e por onde.
Você joga dados,
as faces que caírem te permitem mover para aquele tipo de terreno que você tirou, e isso pode te travar em momentos críticos.
Ok, ok, eu sei que dá pra você não rolar e andar 1 pra
qualquer lado que você quiser, mas às vezes você vai sim ser obrigado a rolar.
Não tem jeito.
Esses dados também são utilizados para resolver certas
missões de exploração ou de procura. E tematicamente até
faz sentido, se você está procurando dentro de uma montanha um símbolo de planície
não era pra te ajudar mesmo.
A carta de quest na direita. Primeiro resultado; 1 planície. O mais difícil? 2 coringa e 1 planície. Pesado mas tenta a sorte.
Esse eu recomendo pra você,
grupo cansado que não tá com saco pra jogar Mage Knight Board Game, mas quer jogar um jogo mais
leve e imersivo. Que
conta uma história muito melhor do que qualquer jogo citado nesse post, que tem lá sua dependência de sorte, mas tudo aqui é mitigável, basta você ir atrás disso e corrigir as imperfeições do seu personagem.
Ele rola bem em qualquer quantidade de jogadores,
apesar de pra 4 poder se estender um pouquinho (
Tipo metade de uma partida de MK).
Sobre a arte dos dois jogos, bom, estamos falando da FFG, quando que você viu um jogo feio deles?
Seja você um cara que curte tema espacial ou fantasia, o importante nesses dois é saber otimizar bem o seu tempo. Os dois são jogos de resolução de problemas, e quem conseguir resolver o pepino primeiro, emergirá vencedor (a não ser que role muito, muito mal).
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Errei algum fato? Manda PM.
Quer mandar elogio ou crítica sincera? Tmj.
Quer me dar um tema pro próximo? Manda PM.
Considere seguir o #canalversus!
Tudo nessa vida é equilíbrio, meus amigos.
#sextou