No que Gorinto “bate forte”?
Ele tem layouts a la Dragon Castle, sendo um “básico” e 4 variantes com disposições mais ousadas, com o grid apresentando peças mais concentradas/acumuladas ou mais distribuídas conforme o cenário escolhido. Dá pra dizer que isso faz parte da beleza tematizada encontrada no gorinto... Vai de cada um dizer se o penhasco parece com um penhasco mesmo, ou se consegue visualizar as "ondas" do layout de mesmo nome e por aí vai.
Falando em tematização tem um porquê dos 5 elementos, o “pagode” ou “pagoda” japonês, na verdade vem de um estilo arquitetônico encontrado em templos japoneses (veja foto abaixo). O que aconteceu foi que esse estilo próprio e significado o fez ser adaptado para jardins japoneses, em forma de ishi-dōrō (lanterna de pedra). Então façamos um rápido momento de pesquisa cultural em torno do significado de cada parte/segmento: A parte mais inferior, tocando o chão, representa o chi, a terra. A próxima seção representa sui ou água. Ka ou fogo, é representado pela seção que envolve a luz ou chama da lanterna. O fū (ar) e k (vazio ou espírito) são representados pelas duas últimas seções, mais acima e apontando para o céu, significa a energia divina, que mantém todos os elementos em harmonia. É bem interessante ver o pensamento em torno do elemento e revisar rapidinho como esses elementos resolvem a jogada: o fogo se eleva(coluna), a água flui(linha), a terra cava(peças abaixo), o choro ar é livre por isso vai em todas as direções(ortogonal) e o vazio “desliza entre”(diagonais).
Para fechar os pontos fortes podemos afirmar que é perfeita a “valsa” de “maximizar/buildar” o que você consegue coletar na primeira rodada, meio que avacalhar na segunda e dependendo na terceira, e depois lidar com o tabuleiro quase vazio na quarta rodada é lindo. De 2 jogadores isso é totalmente apreciado, de 3 faz-se presente, mas com 4 a impressão que dá é que sua participação em cada rodada é breve demais (única configuração com 2 movimentos por rodada, 8 movimentos e o jogo acaba). É a ideia de equilíbrio entre escassez e abundância indo realmente além do conceitual, e isso tem seu mérito!
E o amado (pra alguns nem tanto) modo solo comparece, por mais que já seja tendência poder jogar sozinho, este kina que vos fala ainda comemora quando o design aborda o nicho do solo player! Eu nunca me permito esquecer que um cavaleiro muitas vezes trava suas batalhas sozinho!
No que Gorinto “bate de KINA”?
O que não ficou tão bom? Digamos que os layouts já citados entregam sim partidas diferentes, mas nada no nível de dragon castle, o escalonamento é um ponto neutro, pode ser visto como bom ou ruim (as diferenças entre 2, 3 ou 4 jogadores). O modo solo por um lado é uma verdadeira queda de braço, uma aula de block mesmo. Aula esta, que você tem que dar a si mesmo ou aceitar que vai perder feio. Porém esse modo só entrega partidas equilibradas parte do tempo, em boa parte das vezes pelo menos nas partidas deste kina que vos fala, ou eu esmago a kitsune (automa) ou sou esmagado por ela, algo como 25,30,35 pts para mais ou para menos, pq ela tem jogadas otimizadas demais algumas vezes, quando faz seu sorteio entre cabeça ou cauda, que ficam no tabuleiro.
E vc pode amar ou odiar isso, mas normalmente dá pra se sentir recompensado na vitória, e não entendam errado, contra a automa, as partidas equilibradas ainda existem. Ou seja, tirando o ruído de muitos pontos de distância pra você ou pra kitsune, o desafio pra solo player é bom, nível Coatl caso conheça esse outro título. Seriam esses 3 pontos que podem não agradar tanto.
E quanto custa pra explorar esse reino?
Os abstratos deram um boom, com azul por 300-330 sendo a régua de preço no momento. O Gorinto saiu por 300, e agora já dá pra achar por 200-210, que pra quantidade de peças que vem, fica válido...
Extras/algo a +
No próprio jogo base como veio pro Brasil, já temos a variante de duelo mais livre/aleatória (sorteio de tiles a serem descartados no “pass” do jogador) ou duelo mais tático (você decide esse descarte). Temos o modo de pontuações que podem ser fixas (2 tipos pra partida inteira) ou dinâmicas, onde na rodada 1 pontua a/b, rodada2 pontua b/c na 3 c/d na final d/a, para simbolizar a mudança de estações. Ele ainda tem uma pequena variante para sorteio do ordem dos jogadores de cada rodada (o normal é escolher um jogador no setup inicial e ele passar o token de iniciativa nas viradas de uma rodada pra outra). Por fim, tem um modo em duplas, 2 contra2, que realmente se propõe a mudar a dinâmica do jogo, com o jogador dando sempre um tile da coleta para sua dupla, e com objetivos tanto compartilhados com os oponentes, quanto únicos pra cada membro da dupla.
Fora isso, lá fora temos os “dragon tiles”, que são peças que contém os 5 elementos, ou seja coringas tanto na hora de resolver a jogada, quanto no momento que são pegos pra sua pool (uma expansão que coloca coringas! inusitado né? 
). E também foi lançado material extra pra um quinto jogador, na cor azul claro pra se juntar ao vermelho, amarelo, preto e branco do jogo base.
Inclusive se quiserem se aprofundar nesse mundo dos abstratos tematizados(foram citados alguns de forma comparativa no texto, mas não conhecê-los não deve ter atrapalhado a compreensão) então você pode conhecer o coatl aqui, o dragon castle aqui, o reef aqui, e o noctiluca aqui !!! (Se já os conhece e quiser ver nossa forma de discorrer sobre eles, sinta-se em casa pra clicar).
Então é isso, até uma próxima! Inscrevam-se acompanhem!
. Claro que iremos discorrer sobre as mecânicas e como o jogo desenvolve sua “entrega” na partida, mas existem 2 tipos de beleza aqui, a do multicolorido que evoca por consequência a sensação tátil, o mover, o encaixar/desencaixar + a beleza da tematização. No fim do dia você pode decidir focar apenas na matemática, na otimização de pontuação e nos blocks, mas se prestar mais atenção nessa segunda camada posso dizer que será gratificante. (Inclusive, guardando as devidas proporções, dá pra fazer as 2 coisas, recomendo!)
