Bitoku é um jogo que fez um barulho entrando no Brasil; os Yokais e os espíritos da floresta são carismáticos o suficiente pra chamar a atenção.
Bitoku em japonês, significa Virtude (em francês eu vou falar nada não), e sinceramente, pra mim não desceu.
Mano... É muita, muita coisa.
Começando pela “boniteza”,
o jogo é lindo. Mas ele é tão,
tão poluído, que eu me sinto como se fosse ter uma
síncope toda vez que eu olho pra ele com o setup completo. Ele tem componentes muito bem feitos, tudo nele é aquela qualidade
premium que a gente vem se acostumando, as cartas são bonitas, mas aqui tudo isso se transmite de um
jeito esquisito. Talvez seja a
paleta de cores? Talvez os
símbolos e iconografias? Eu sei que quando eu bato o olho eu realmente
acho que tem muita informação.
O jogo rola em
quatro anos (naquele esquema de estações do ano, dividindo cada fase).
Na primavera,
você escolhe as cartas de Yokai que vão ficar na sua mão e você faz a renda.
No verão, você sempre vai usar 3 cartas e 3 dados.
Tabuleirinho individual esperando você escolher qual carta usar. Cartas essas que liberam os dados (a direita da carta alocada).
Tu faz suas ações (uma por vez) até todos os jogadores passarem. Suas ações podem ser
descer uma carta de Yokai da sua mão, e você desce ela em um espaço do seu
tabuleiro individual. Quando você faz isso você libera o dado relacionado a aquele lugar,
o que te dá possibilidade de fazer a outra ação (alocar o dado). Alguns lugares do tabuleiro também permitem que você
“atravesse o rio” com o dado, que é uma ação que pode ser feita após o dado já ter sido colocado.
Atravessar o rio te dá acesso a adquirir um Bitoku, ou uma nova carta de Yokai mais forte que as iniciais. Mas seu dado vai descer de valor.
Nas cartas dos Yokais você consegue ver quais ações você vai poder fazer e
interagir com o tabuleiro, então o jogo roda muito naquela ideia de
block pois se você tiver com objetivo similar ao do seu
oponente é bem capaz de vocês estarem indo atrás das mesmas coisas, e assim dar uma
corridinha pra fazer primeiro é muito a cara desse jogo.
No outono, você simplesmente
determina qual a ordem de jogo no próximo ano, e no inverno todo mundo
recolhe tudo que alocou e prepara o tabuleiro individual e central pro próximo ano.
E eu falando dessa forma, parece simples, e é,
mas quando você se depara com a poluição do jogo você tende a ficar perdido.
Eu aplaudo quem consegue absorver isso tudo de informação, na moral mermo.
O jogo tem
várias trilhas onde naquele esquema que você já conhece,
quem estiver na frente dela vai ganhar mais pontos no final, e essas trilhas são acessadas via
construção de prédios. Prédios estes que podem ser acessados por qualquer jogador, e se um jogador que não é
dono dele ir lá, o dono do prédio ganha um bonuzinho (
Lords of Waterdeep feelings). Durante a partida você pode adquirir novos
objetivos de pontuação pra final de jogo, as pedras
Mitama, e você pode usar também seus
seguidores pra coletar bônus pra você na trilha do topo do tabuleiro.
A iconografia dele, depois que você aprende,
é bem simples, a verdade é que esse jogo
parece um monstro por causa da quantidade de coisinhas, mas quando você aprende ele ele é
muito fácil de se jogar.
Trilha do topo com os seus seguidores explorando e catando bônus pra você.
Momento sincerão? Tem jogos que
dão dor de cabeça. E esse jogo me dá uma dor de cabeça que eu
não quero ter. Se ele tivesse outra
linguagem visual talvez até jogaria se me chamassem, mas na situação atual, eu só falo “
não, obrigado”.
Esse aqui eu recomendo pra
você que procura um misto de alocação de dados com gerenciamento de mãos e não se importa com esse mar de cores na mesa. A mim,
incomodou bastante. Talvez pra você,
tu achou lindão.
E tá tudo bem. =P
Ele roda bem em
qualquer quantidade de jogadores, e passa tranquilo pra uma
audiência que curta jogos médio-leves.
Em contraponto, gostaria de falar aqui do clássico,
Hansa Teutonica: Big Box.
O Hansa Teutonica, junto com
Catan: O Jogo,
Carcassonne e
Puerto Rico fazem o “
quadrado mágico” dos
euros do passado. Apesar de ele ser bem mais novo que os outros três citados (
todos da década de 90-00), a sua arte e todo o seu estruturamento faz com que as
pessoas que o joguem fiquem com a sensação de ter sido lançado nessa época de ouro.
Hansa em um de seus mapas assimétricos.
Todos são
muito bem conceituados, com ideias e jogabilidade bem
diferente uma da outra. Mas o que o Hansa Teutonica se difere dos seus “
rivais do passado” é simplesmente a
interação (
aqui o block vem violento).
E essa nova “arte” que deram pra versão Big Box,
se mantém muito coesa. O jogo
não é lindo, mas
não é feio, os
componentes são de ótima qualidade, e
você consegue claramente ver todas as informações importantes que você precisa saber pra você jogar seu jogo. Hansa Teutonica é um jogo
relativamente simples; levando em consideração que é um jogo com
quase 15 anos,
acredito que se ele tá aí esse tempo todo é porque existem motivos pra isso.
No seu tabuleiro individual, você tem
todas as informações necessárias pra se jogar: Você consegue ver seu
nível de chave (pontos de bônus no fim do jogo),
privilégio (espaços que você pode ocupar no tabuleiro), quantos
mercadores especiais faltam pra você liberar (marcador redondo), quantos mercadores você consegue
recrutar quando faz renda (dentro do saquinho), e
quantas ações você pode fazer durante seu turno.
Tudo bem claro e bem limpo.
E com isso você
consegue planejar seus turnos futuros com grande tranquilidade e clareza. É muito comum você
tomar um bloqueio na tua cara nesse jogo, porém, se você estiver
ligado no jogo (
e não no celular, tô ligado em algum de vocês aí), esse é um jogo que vai rodar em 1:30h
sem grandes problemas e gargalo.
Inclusive, um jogador bom de Hansa Teutonica,
vai prever o bloqueio e criar a sua próxima ação imaginando o seu plano B de antemão.
Há agora o módulo pra pontos extras no fim do jogo, que são cartas de missão, onde você precisa ligar todos os pontos da carta sorteada.
A
nova edição (inclusive a que foi
lançada no Brasil), vem com
todos os tabuleiros de todas as expansões que foram lançadas no decorrer dos anos. E todas elas tem um detalhezinho
diferentaço (num esquema meio
Ticket to Ride, onde cada mapa tem uma paradinha diferente).
Diferente da maioria dos euros que vem pro Brasil, esse aqui roda entre 2 a 5, e sinceramente,
quanto mais melhor. Ele brilha
quando tem mais pessoas pra tomar dar bloqueio nos amiguinhos. Se vai jogar a primeira partida, vai no mapa da
Alemanha mesmo, mas se tu tá procurando um desafio, joga o mapa do
Reino Unido que o peso do jogo sobe consideravelmente.
Esse mapa é treta pura.
Seja você um espírito na floresta, ou um mercador europeu, o negócio aqui é entender com clareza os fatos que estão a sua frente.
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Tudo nessa vida é equilíbrio, meus amigos.
#quintou