Jogos que NÃO gostei (parte 1)
É momento de TRETA, galera!!! Aeeeeeooo!!!

Chegou aqui e não viu a postagem “Jogos que GOSTEI (parte 1)”?
- Se não viu, então você perdeu parte importante da introdução sobre essa série de jogos. Corre no link: “
https://ludopedia.com.br/topico/60784/jogos-que-gostei-parte-1” e confere lá antes (ao menos a parte da introdução).
- Se viu, bora para o texto, mas antes preciso fazer uma introdução com observações sobre particularidades desta série de postagens.
Colegas de hobby, eu lhes peço encarecidamente: não sejam fanboys ou fangirls ou fan-o-termo-que-preferirem tóxicos. Feito este pedido, vou esclarecer o que acontece nessa postagem com mais detalhe:
Este é um post de crítica? Sim. Vou falar mal de alguns jogos? Sim. Contudo, nunca encare minhas opiniões aqui postadas como oniscientes e inerrantes (se nem eu mesmo considero assim, como você as consideraria?). Não esqueçam que sou apenas um jogador qualquer, com suas preferências e gostos, que dedica parte de seu tempo livre para aprender sobre jogos de tabuleiro e me divertir neste magnífico hobby, portanto se citei algo sobre algum jogo que você não concordou, comenta, fica à vontade, mas faça isso de forma saudável, educada e, quem sabe, me convencerá do contrário e me ensinará algo novo.
Esse post nasceu por causa de uma das regras que sigo ao escrever as análises: jogar um mesmo jogo diversas vezes para só depois fazer análise. Faço isso para (ao menos tentar) reduzir o risco de falar bobagens devido a pouco aprofundamento ou ruídos na experiência, como a ânimo no dia da jogatina, cabeça em outros lugares, alguma regra errada (quem nunca?) e assim por diante. O desdobramento desta regra que impus para o canal é que vocês nunca irão ver um texto de análise sobre um jogo que não gostei, afinal, se não gostei, não o joguei muito mais que poucas vezes, logo não teria condições de fazer uma análise profunda como deveria (e não vou ficar jogando muito mais para fazer, se não gostei do jogo, né? Não cheguei a esse nível de autopunição).
O que acontece é que existem jogos que eu gostaria de escrever sobre, justamente por não ter gostado deles, seja de um ponto específico ou do conjunto da obra. Se a minha ideia em escrever textos é compartilhar com vocês minha experiência e ótica das coisas, fazer isso só postando sobre jogos que gostei sinto que é fazer o trabalho pela metade, sacam? Então, aliando a falta de tempo para análises complexas (como falei no texto postado antes deste), resolvi escrever sobre o que não gostei nesse mundão também. Quem não concordar com algo que eu disser, comenta o motivo, quem sabe a culpa foi realmente da minha experiência. Quem concordar, comenta também para que eu não me sinta um velho rabugento (pelo menos, não um velho rabugento solitário)!
Reforçando a primeira frase: encarem o texto de forma saudável. Ele não será irônico e eu REALMENTE vou falar sobre jogos que NÃO gostei e os motivos. Nunca isso aqui deve ser encarado como uma crítica a uma pessoa ou empresa (não que umas não mereçam), mas sim à aspectos das obras em si (em algum momento vou até falar mal de jogo do Feld, designer que tanto amo. Só aguardem...). Alguns dos jogos citados ao longo desta série de postagens eu já tive, outros só joguei de amigos ou em eventos, uns joguei muitas vezes, outros uma única vez para ai-credo-nunca-mais. Só peço que encarem tudo com bom humor e saibam que não é pelo fato de eu não ter gostado de um jogo que você ama que isso nos transformará em menos colegas de hobby, ao contrário, acredito que falta um pouco mais de critério em muitos conteúdos que vemos pela internet, parecendo que existe uma certa passação de pano às vezes, então vamos ser sinceros e falar um “não gostei” também quando bem quisermos.
Ahh, e isso não é um ranking, ok? Vou escolhendo os jogos meio aleatoriamente mesmo, dentre os que colocarei nestas postagens.
Introdução introduzida, vamos começar!
- Jogo: Tokaido (Designer: Antoine Bauza / Arte: Xavier G. Durin. 2012)

Componentes: Boa qualidade.
Arte: É tudo claro e até um tanto minimalista. Por um lado, isso transmite um ar ‘zen’, algo inerente da cultura nipônica no senso comum, porém perde-se oportunidades de entregar aos jogadores imagens lindíssimas do local real que inspirou o jogo.
Tema: Passando em terras nipônicas, o tema é leve e agradável. Como a ideia é um passeio por estradas históricas, não tem muito o que explorar, mas mecanicamente faz sentido, passando mesmo uma vibe meio zen.
Resumo de como funciona: Cada jogador, começando sempre pelo jogador que estiver mais atrás na ordem da trilha, move seu peão para alguma casa à frente. Quando ele chega nessa casa, realiza a ação do local, que consiste em pegar cartas, pagar moedas, comprar itens e assim por diante. O jogo se encerra quando todos jogadores chegam ao final da trilha o jogo se encerra e todas ações feitas pelos jogadores ao longo da partida fornecem uma quantidade de pontos. Vence quem tiver mais pontos.
O quanto não gostei: No começo gostei, mas depois de algumas (poucas) partidas vi que era o oposto do que imaginei. Hoje não gosto bastante e prefiro até jogar Uno.
O que exatamente me incomodou: Como eu disse acima, quando joguei pela primeira vez achei lindo na mesa, bem leve e de bom gosto. A mecânica de mover o peão mais atrás primeiro achei inovadora e simples ao mesmo tempo, o que tinha tudo para me conquistar e, de fato, me conquistou em um primeiro momento. Contudo, o tempo passou e vi que era só ilusão. Eis que em uma promoção comprei o aplicativo (saiu de graça, ainda bem) e ele conseguiu ser ainda mais chamativo, pois os peões eram modelos 3D animados, uma graça, mas conforme fui jogando, comecei a perceber um padrão sempre igual, o jogo em questão de três partidas ficou extremamente repetitivo. Não existem rotas alternativas, jogadas mirabolantes ou reviravoltas épicas, ao contrário, vi que a depender do número de jogadores, a partida seguia uma linha sempre tão parecida que acabava por cair quase que nas mesmas exatas casas de partidas anteriores! Sério, não existe motivo de pular alguma casa, salvo raras exceções, então tudo que parecia leve e zen, na verdade era apenas monotonia mesmo. Com o aplicativo ainda instalado, fiz alguns testes e percebi que as escolhas durante uma partida inteira não eram mais do que “essa casa ou a próxima” e raramente “era a próxima”, me deixando com uma FORTE sensação de quem estava sendo jogado era eu, não o jogo, ou seja, parecia que eu dava vida ao jogo e nada mais.

- Jogo: Unicorn Fever (Designer Lorenzo Silva e Lorenzo T. Sorrentino / Arte: Giulia Ghigini. 2019)

Componentes: Excelente qualidade. Miniaturas de unicórnio muito lindinhas e engraçadas!
Arte: É lindo, com tudo muito vivo, colorido e vibrante, porém a fonte utilizada nos textos e tanta informação deixam uma leitura um tanto ruim.
Tema: Se apostar em corrida de animais você acha um tanto cruel e nada fofo, não se preocupe, pois unicórnios são seres mágicos que não se importam com isso. Diferente de casas de aposta de nosso mundo, no universo de Unicorn Fever é tudo festa e isso fica claro pela arte chamativa, só faltou mais informação concreta sobre este universo.
Resumo de como funciona: Os jogadores irão alternar turnos fazendo ações que consistem em escolher um unicórnio para apostar, jogar cartas (fechadas) de modificadores que alterar os movimentos dos equinos mágicos, conseguir ajuda de alguns personagens que concederão bônus e grana e assim por diante. Depois que todos fizeram suas ações, o turno se encerra e são rolados dados e aberto cartas para controlar os unicórnios, que sofrem modificações no movimento de acordo com cartas jogadas anteriormente. Conforme os bichos vão ultrapassando a linha de chegada é construído um pódio e recompensado os apostadores que venceram. Daí, repete tudo mais duas vezes. Vence quem tiver mais pontos de vitória no final.
O quanto não gostei: Muito. Para tirar foto é ok, para jogar de novo, passo longe. É de vomitar arco-íris (e vomitar nunca é bom).
O que exatamente me incomodou: Primeiro ponto é que acho realmente preguiçoso quando um jogo simplesmente faz o ‘joga tudo e depois repete’ ao se tratar de um jogo onde esse ‘tudo’ é demorado. Não me entendam mal, acho que existe espaço para essa dinâmica de resolução, porém em jogos mais curtos, menores, com cartas, meio que aquele ‘melhor de 3’. Aqui é apenas uma forma de (tentar) contornar o quão raso e completamente aleatório é o jogo (e ainda falha). Aleatório, pois é um jogo de corrida onde os competidores correm sozinhos, rolando dados e abrindo cartas, uma vez que as cartas de modificadores não possuem um impacto o suficiente para vermos que elas fizeram tanta diferença (ainda mais pelo fato de umas anularem outras, então depois de uma rodada inteira, pode ser que um bicho com 4 cartas simplesmente não tenha efeito modificador nenhum na prática). Literalmente, me senti como numa loteria as duas vezes que joguei o jogo (na última a mesa sequer teve ânimo para terminar a partida) e isso para mim não é nada bom, nem divertido, me passando uma sensação de que qualquer escolha que eu faça não irá contribuir de fato para que eu ganhe ou perca a partida. Outra escolha bem estranha de design foi fazer com que o jogador colete discos do tabuleiro ao fazer uma ação (exemplo: quero fazer uma aposta, então pego um disco da ação de aposta e faço o que está impresso nele). Isso é bem não-convencional, ao ponto de causar certa estranheza a princípio, até mesmo em jogadores mais experientes, além de não fazer nenhum sentido temático, tendo sido bem mais simples apenas ter dado meeples/peões aos jogadores, ter dito que eram seus gnomos (ou qualquer outro serviçal-ajudante místico) e o jogador, conforme colocasse o marcador na ação, faria com determinada potência a depender da ordem que colocou. Simples, fácil, acessível. É um jogo que se vende pela beleza e tema fofinho, mas que na prática é horroroso mecanicamente.

- Jogo: Munchkin (Designer: Steve Jackson / Arte: Fernandez, Kovalic, +2. 2001)

Componentes: São basicamente cartas, de uma qualidade intermediária. Caixa e manual de qualidade razoável para baixa também.
Arte: Eu acho bem feio, sendo honesto. Tudo bem que se trata de um jogo com 21 anos de existência, porém na época já existiam coisa mais bem ilustradas. Além disso, o layout das cartas é extremamente simples, com uma paleta de cores que acho sem vida e uma fonte tão pequena que a leitura chega a ficar difícil (e não tem como jogar sem ler as cartas).
Tema: A ideia geral é boa, uma sátira com elementos clássicos de RPG em um jogo de cartas que não se leva a sério, porém a execução acho tão simplista e aleatória que não me passa realmente a ideia que tentou emular. Uma coisa que acho legal até hoje são os títulos das cartas, que são bem engraçadinhos.
Resumo de como funciona: No seu turno o jogador pode baixar cartas de sua mão, que servem para melhorar seu personagem, como armas, armaduras e afins, depois ele abre uma carta de um baralho que apresentam desafios, como inimigos, que deve superar o valor. Adversários podem negociar e entrar na resolução para auxiliar o jogador. Sempre que um jogador vence um monstro, ele ganha um nível. Quando alguém chega no nível 10 a partida se encerra e este jogador se torna o vencedor.
O quanto não gostei: Muito. Este é um daqueles jogos que nem apelo sentimental eu tenho, mas sei que muita gente gosta ainda justamente por este motivo.
O que exatamente me incomodou: O jogo cansa. Além de um esforço adicional devido ao layout da carta (que não é apenas um papel com as informações, mas o ideal é que se pense também na ergonomia, digamos assim, tanto da parte cognitiva como física), o jogo muitas vezes parece não ter fim, se estendendo por horas e horas. Não que o jogo em si não seja legalzinho e até com cartas divertidas, porém como o jogador pode ganhar nível e também perder nível ao longo da partida, parece que ficamos presos em um ciclo sem fim. É o tipo de jogo que vemos que a ideia é ser simples e acessível, porém na prática a duração se torna um impeditivo tamanho que acaba me afastando, já que não é aquele tipo de jogo que falo “Não gosto, mas já que é rapidinho, vamos jogar uma partidinha”, uma vez que tive partidas que simplesmente chegaram nas 2horas de duração e a galera abandonou o jogo, pois não parecia que estava perto do fim.

É isso, galera! Espero que tenham curtido saber um pouco da minha opinião sobre os jogos acima, agora não falando apenas positivamente de algum, como são os textos de análise convencionais. Não sei quanto, mas em breve terão mais postagens similares, com outros jogos que não curti. Até lá!
Sorte nos dados e abraços digitais!
Um texto de
Raphael Gurian
Fonte das imagens:
Internet, com edição.
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em análises de uma forma mais detalhada. Os jogos analisados não seguem qualquer critério comercial, incentivo ou pagamento, sendo escolhidos com base em fontes de vozes da minha cabeça, aliado ao fato de ter já jogado o jogo em questão muitas vezes, a ponto de me sentir confortável em opinar sobre o mesmo.
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