“O que esperar de” é uma série de comentários abordando características de um jogo, de preferência jogos que possuem pouca informação. Seu intuito é auxiliar aqueles que estão em dúvida sobre compra-lo ou não. Tudo aqui se trata da minha experiência de mesa e nada mais.
O que esperar de Luna?
Luna é um jogo que corre pelo mercado dividindo opiniões. Desde o momento em que o vi desejei saber mais. Seu lindo visual e o nome do autor na caixa logo me deixaram louco para experimentar, pois não há um jogo sequer do Feld que eu não tenha vontade de experimentar, e com toda a ideia que o jogo traz, aproveitei uma oportunidade bacana e comprei antes que ficasse fora de estoque.
(Jogo na mesa. Que coisa bonita!!)
O que fazer nesse jogo?
De todos os jogos que já joguei, Luna foi aquele que eu me senti mais perdido em primeira instância. Como sou eu quem leio as regras no grupo, eu sempre tenho uma ideia do que fazer na primeira jogada, mas aqui eu realmente não sabia por onde começar. Não é fácil entender como cada ficha de favor pode cooperar para o seu bom rendimento na partida (na verdade, depois de várias partidas eu ainda digo que estou aprendendo rsrs). O mesmo ocorre com a grande variedade de ações livres com os noviços. É difícil saber quais delas é a melhor para se usar em determinados momentos.
Luna é um jogo que, apesar do planejamento prévio em direção a determinadas ações, você deve ser bastante reativo ao que seu oponente faz, e a verdade é que você só consegue fazer isso depois de algumas partidas. É realmente um jogo em que jogadores iniciantes têm poucas chances contra players experientes, pois se trata de aproveitar brechas. A disputa no tabuleiro do templo as vezes traz uma sensação de estar correndo atrás do oponente, mas é totalmente possível de contornar essa situação focando em outros tipos de pontuação, como a sacerdotisa, o apóstata e o concílio. Acredito que jogadores de Xadrez irão se afeiçoar ao jogo (e aí jogadores de Xadrez?).
(Disputa no templo. Mecanismo que inspirou o autor de La Granja)
Os básicos mecanismos de interação
A interação dentro do jogo é razoável e se dá na disputa pelas pedras do templo, pela ação de santificação e na ação de deslocar o apóstata. Não chega a ser uma interação emocionalmente forte, mas achei prazerosa o suficiente para me prender na luta direta pela vitória. Em nenhum momento se torna um jogo solitário, ao contrário, é possível se sentir brigando acirradamente por alguns pontinhos (como na luta no concílio que garante prioridade na pontuação da sacerdotisa e a movimentação do apóstata), mas isso não quer dizer que transmite emoção.
Uma deliciosa sensação de “poderia ter feito mais”
Considero o tempo de partida excelente (30 minutos em 2 players), e não somente ele, o fato de o fim de cada rodada depender dos jogadores traz uma sensação deliciosa. Você pode estar no meio de um planejamento para 3-4 turnos e o oponente começar a virar as velas te deixando em xeque se de fato vale a pena prosseguir com o planejamento ou se deve tentar otimizar a rodada com jogadas mais efetivas. Infelizmente só consegui experimentar o jogo em 2 players até hoje, mas imagino que em 4 players o virar de uma vela deve trazer uma dúvida ainda maior, pois a interação em todos os postos pode variar bastante e você passar de alguém que iria pontuar bem para o que irá ganhar menos pontos no fim da rodada.
(Quando todas as velas são viradas encerra-se a rodada)
Extremamente balanceado
Eu ainda não encontrei um ponto sequer do jogo que seja desbalanceado e isso me encanta. Em Luna definitivamente não existe sorte (pensando no jogo em si, não nos jogadores que compõe a mesa), ganhando ou perdendo o seu destino na partida depende somente de você saber aproveitar as melhores chances ou não. Além disso, se bem feita, cada ação tem muito sentido nesse jogo. A única ação que ainda não vi ser usada é o gasto de duas fichas de suborno no mesmo turno, não sei se realmente é preciso. Templos, recrutamento, ficha de monge, todas são ações muito vantajosas e devem ser exploradas em seu melhor.
(A disputa por essas pedras no templo é uma das boas sensações do jogo)
Fácil de ser jogado, difícil de se tornar bom
As pessoas que jogaram comigo não tiveram dificuldades quanto às ações do jogo em si, mas ficou claro que se encontraram perdidas no que devem fazer na primeira partida. Para aqueles que gostaram do jogo isso acaba gerando uma necessidade de jogá-lo mais para se aprofundar melhor em seu conteúdo, e eu vejo isso como algo excelente em um jogo.
Mais na estante do que na mesa
Infelizmente é um jogo muito bom que tem ficado mais na estante do que eu acredito que deva. Se tratando de um abstrato que exige bastante dos players, acaba perdendo vez frente a abstratos mais leves ou a euros mais elaborados, mas que despertam maiores emoções. Luna é um jogo brando e se há de cativar alguém o fará pela sua proposta, não pelas emoções. A única coisa que o faria sair da minha coleção seria uma extrema falta de oportunidades, mas acredito que isso ainda está longe de acontecer, pois eu estou sempre chamando pessoas a experimentar. Ainda encontrarei quem irá se apaixonar hehe
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Você pode ler outros dois reviews que fiz aqui e aqui.
Se você chegou até aqui, fica o meu muito obrigado.
Se você estava indeciso sobre a aquisição deste jogo ou não, espero ter ajudado.