Continuando a série de jogos pouco conhecidos que eu gosto de fazer reviews, hoje vou falar do divertidíssimo Shovel Knight.
Baseado no jogo de videogame de mesmo nome, Shovel Knight é um jogo para 1 a 4 jogadores que segue o mesmo estilo do também muito legal The Battle of Kemble's Cascade, porém, enquanto Battle emula os jogos de navinha, Shovel emula um Beat'n up competitivo, no melhor estilo "todos contra o tabuleiro e cada um por si".
As partidas seguem sempre o mesmo estilo: todas as "fases" começam em uma floresta, depois vão pra uma dungeon específica do vilão escolhido e por fim, um salão onde ocorre a grande batalha final. Primeiro os jogadores fazem 3 ações, depois inimigos se movem e por fim o tabuleiro "anda", com o tile mais a esquerda saindo e entrando um novo a direita.

Heróis no começo da partida.
As ações são as que se pode imaginar de um jogo do estilo: andar, atacar e pular. Também é possível utilizar o efeito de poderosas cartas de uso único, que permitem alguns efeitos legais ou ações livres.
O jogo tem também um personagem chamado Chester, que é um vendedor de itens. Cada personagem pode equipar até duas cartas de acessórios que dão habilidades especiais e uma carta de armadura. Existem centenas dessas cartas, fazendo com que cada personagem possa ficar bem diferente de uma partida para outra.
Enquanto andam pelas fases, os heróis pegam loot, que pode ser moedas ou cartas de artefatos e batem nos inimigos, que aliás, também são bem diversos.
Existem muitos tipos de minions. Alguns voam e passam por obstáculos, outros soltam magia e atacam de longe, enquanto alguns empurram os personagens com poderosas rajadas de vento. Cada minion morto dá uma quantidade de moedas pro jogador que o matou.
Todos os minions que podem entrar na partida.
Mas não pensem que o jogo é fácil. Os heróis morrem a todo instante, seja caindo nos espinhos, que é morte automática, seja pelos golpes dos inimigos. Embora o jogo não tenha PVP um jogador pode prejudicar o outro empurrando o adversário num espinho, ou pra fora da "tela" o que também significa morte automática.
Quando um jogador morre, ele tem que dropar metade das moedas que carregava e quando chegar em seu turno novamente, gastar uma ação para voltar ao tabuleiro.
Como moedas são os pontos de vitória (além de permitir comprar itens e ativar as habilidades especiais dos personagens) é sempre uma corrida entre os outros jogadores quando alguém morre, para pegar as moedas dropadas. E como todos morrem o tempo todo, da pra imaginar a confusão que isso gera na mesa.
Mas as partes mais legais do jogo ainda não chegaram. Como eu havia dito, cada vilão tem sua própria dungeon particular. E é aí que vocês podem imaginar que TUDO que existe em videogames do tipo podem aparecer.
Dungeon do vilão da vez.
Um dos vilões tem a masmorra como labirinto, podendo deixar os heróis presos. Outras possuem pisos falsos, que viram espinhos após algum jogador passar por cima. Existem fases na água, fases no céu com plataformas voadoras que se movimentam, fases no gelo em que os personagens escorregam, fases de lava com "bichinhos" que os jogadores precisam pular em cima para alcançar outras áreas seguras... Enfim, qualquer pessoa que já jogou jogos do estilo e gosta dessas coisas, tem um prato feito em Shovel Knight.
Fase de gelo. Uma escorregada pode ser fatal.
As lutas contra os bosses também são bem boladas. Cada vilão tem seu deck próprio e um ataque especial que carrega de tempos em tempos. O deck do vilão sempre mostra que locais do tabuleiro atingidos pelo ataque e uma local em que a mini do vilão deve ser colocada. É tudo bem emulado e assim como nas dungeons, todas as lutas são diferentes e memoráveis. O vilão hídrico solta golpes de água que empurram o personagem. O vilão de fogo vai destruindo o chão e criando lava no local. Um dos bosses desaparece do board é deixa pedras no tabuleiro, que os jogadores precisam ir quebrando até encontrar onde ele estava escondido, bem como um dos vilões, tem duas formas, uma delas com um veículo irado que pode ser vista na foto aqui embaixo.
Batalhas contra o boss são épicas.
Claro que o jogo tem alguns defeitos ou coisas que poderiam ser melhores.
Primeiro, embora não seja um problema e sim a premissa do jogo, mas é um jogo de pura sorte e rolagem de dados com poucas oportunidades de mitigar a sorte. Cair em buracos é muito fácil por exemplo, pois saltar com sucesso é difícil. Num jogo de 2+ players isso não chega a ser problema, pois é só dropar metade das moedas e voltar. Porém no jogo solo o objetivo é matar o vilão usando no máximo 3 vidas, logo, perder algumas vidas apenas caindo em espinhos é complicado.
Também não gostei do fato que os quatro personagens iniciais possuem os mesmos atributos e habilidade. Isso pode ser mitigado pelo fato que é possível jogar com todos os vilões como personagens jogáveis e estes sim possuem atributos e habilidades especiais diferentes.
O manual não é muito bom, como tem sido padrão de alguns jogos lançados no ks. Eu particularmente não tive muitas dúvidas, já que o jogo é simples, porém é uma reclamação constante no BGG. A única coisa que me incomodou no manual foi a diagramação. O manual é um calhamaço de 50 páginas, com muita informação redundante e poucas divisões de tópicos, tornando difícil procurar uma informação quando é preciso. Porém, não dá pra negar que ele é um manual detalhado, com os designers gastando muitas páginas apenas para explicar como cada boss e suas respectivas masmorras funcionam.
Talvez algumas regras precisassem de um pouco mais de refinamento, mas isso não chegou a me incomodar.
Por fim, as partidas são muito rápidas, durando entre 30 e 40 minutos, talvez um pouco mais jogando em mais players. O que possibilita que seja um jogo bacana para começar uma noitada, ou que possam ser jogadas várias partidas seguidas (ou até mesmo aumentar a duração colocando mais vilões numa única partida quem sabe).
Por fim, pela diversão proporcionada, acredito que este seria um jogo legal de trazer para o Brasil.