Uend::Excelente texto! Falou tudo que penso. Jogos cada vez mais caros e com mais erros, sem envio de componentes corrigidos, editora pouco se importando com isso e mesmo assim vendendo a rodo...
Ai a Galápagos se pergunta: pra que eu vou ligar para isso se eu vendo bem mesmo assim?
Hickmorais:: O que acho um absurdo é alguém defender em alguns casos e dizer, mas isso não atrapalha a jogalibidade... Pagar R$600 pra mais pra ter erros simples de tradução e cartas tortas é sim um bom motivo pra reclamar. Você jogos mais baratos com uma qualidade muito superior a esses jogos com problemas.
A questão de esgotar, eu creio que a tiragem desses jogos mais hypados é menor, pois não é possível ter um tanto de zumbi que fica atrás disso, me desculpem.
thiagoguisilva:: Sou novo no robe, mas é impossível não fazer o paralelo com a indústria atual de videogames.
Minha conclusão é que temos (como geração) bastante dinheiro para gastar em entretenimento e, pelo menos eu, sou grato por isto.
Caros Uend, Hickmorais e Thiagoguisilva
Inicialmente, muito obrigado cavalheiros, pela gentileza de comentarem no meu post, e fico feliz que vocês gostaram do texto.
Quanto à questão do “mudar para quê?”, a lógica de mercado, qualquer um, é igual ao futebol, ou seja, “em time que está ganhando não se mexe”. Se uma empresa tem um produto feito sem nenhum cuidado, com tudo que é tipo de erro e sem passar por um rígido controle de qualidade, mas mesmo assim, o produto vende igual água no deserto, e a empresa ganha rios de dinheiro com isso, obviamente, que não há nenhum incentivo para empresa investir um centavo que seja em melhorar a qualidade desse produto.
A empresa pode até vir a público dizer que está melhorando, que tem compromisso com a qualidade, e contar a “historinha” que quiser, mas enquanto seus clientes não tomarem uma atitude, que faça alguma diferença, as editoras, que erram costumeiramente, continuarão lançando jogos cheios de erros.
Não adianta reclamar aqui no Ludopedia depois de comprar jogo com erros. As pessoas têm é que deixar de comprar jogo com erros ou então comprar o jogo, e se ele tiver problemas, devolver e pegar o dinheiro de volta, para esse jogo encalhe, e dessa forma, aí sim eficiente, mandar esse recado para as empresa de que o mercado não aceitará mais jogos com erros absurdos, como aqueles que têm ocorrido nos últimos anos.
Já em relação aos “zumbis compradores”, infelizmente é isso mesmo que ocorre. Jogo de tabuleiro, meio que está na moda, entre o povo mais descolado. Então muita gente recém chegada está comprando board games, que eles nem terão condições de jogar. Essa talvez seja uma das razões, que explica o motivo das pessoas comprarem jogos caros, sem se preocuparem com os erros grosseiros de produção. Não é nem uma questão de colecionismo não, mas sim de “comprar pelo prazer de comprar”, sem se preocupar se o jogo vai ver mesa ou não.
No caso da comparação entre os mercados de vídeo games e de board games, pelo menos em relação aos erros, é preciso lembrar que existe uma diferença fundamental. Isso não é muito a minha praia, mas até onde eu sei, se um vídeo game é lançado com problemas, e isso também é comum, normalmente é possível a produtora consertar, distribuindo um patch de correção. Isso pode até dar trabalho para criar, mas depois para reproduzir e distribuir, o custo é mínimo. Agora, quando um board game é lançado com erro nas cartas, que é o mais comum, a produtora também tem um recurso para resolver o problema, que se chama reposição. Só que aí a coisa se inverte porque um erro em uma carta de board game é muito mais fácil de resolver, que um bug em um vídeo game, mas e muito mais caro tanto para produzir, quanto para distribuir para os compradores. Por isso as grandes editoras brasileiras fazem o possível para convencer os boardgamers de que a produção do jogo está legal, de que os erros não são graves (mesmo quando eles são), e que, como esses erros não atrapalham a jogabilidade, não é preciso consertar nada.
Infelizmente boa parte da comunidade boardgamer acaba caindo nessa conversa, e terminam por resolver jogar o board game defeituoso de qualquer jeito mesmo, ou preferem optar por eles mesmos resolverem os problemas dos jogos, que foram criados pelas próprias editoras que lançaram o jogo com defeito.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio