(Análise) Boss Monster
Título: Boss Monster: The Dungeon Building Card Game (2013)
Designer: Johnny O’neal; Chris O’neal
Arte: Kyle Merrit; Beau Buckley; entre outros
Editora nacional: Redbox (atual Buró)
Nº de jogadores: 2 a 4
Em Boss Monster vamos relembrar o tempo dos jogos de 8 e 16bits, onde jogadores assumem o papel de impiedosos vilões que constroem masmorras repletas de lacaios, armadilhas e até mesmo tesouros preciosos, como o plano maléfico de atrair heróis direto para armadilhas mortais e assim recolher suas almas. Boss Monster é um jogo rápido de cartas, com um pouco de Toma Essa e um sistema simples, diferente e divertido de apostas e leilão.
Resumo de Como o Jogo Funciona
Cada jogador assume o papel de um Chefão e irá possuir cartas de Sala e cartas de Magia. Uma rodada é composta por ações dos jogadores, que consistem em baixar cartas de sala, as construindo, e eventualmente jogar cartas de Magia que interferem com a área de jogo dos adversários. No final de cada rodada, Heróis que estão abertos na mesa são atraídos para as masmorras (áreas de jogo construídas) do jogador com mais recursos de um determinado tipo. Este herói (ou herói épico) pode então perecer nesta masmorra, gerando pontos de alma para o dono da masmorra, ou vence-la, chegando no Chefão e lhe dando dano.
O jogo termina em algumas condições: Quando os heróis acabam (e o jogador que tiver mais almas vence), quando algum Chefão chega a um número específico de almas coletadas ou se os Chefões morrem devido a investidas bem sucedidas de heróis.
Mecânicas Principais: Gestão de Mão; Leilão; Toma Essa.
Critérios
Ø Arte
PRÓS: Arte incrível com ilustrações feitas em pixel art (como se fossem jogos de videogames como Super Nintendo, Sega Mega Drive/Genesis e outros consoles da época), que certamente são o diferencial e maior chamariz ao jogo; Personagens, cenários e afins cheio de referências, o que atinge o lado saudosista de quem viveu essa época dos videogames.
CONTRAS: O fundo das cartas possuem palavras para identificar cada tipo de baralho, causando o problema de caso se adicionem expansões importadas (já que não tem nada mais lançado no Brasil, apesar das promessas da editora) fique facilmente identificável quais cartas pertencem ao jogo-base e quais pertencem à expansões; Os ícones de ‘tipo de tesouro’ poderiam ser um pouco maiores, para facilitar a visualização dos mesmos nas áreas de jogo de adversários; É um jogo com bastante texto explicativo em relação à habilidade de cartas.
(Todos os tipos de cartas do jogo (que são todos componentes))
Ø Qualidade dos Componentes
PRÓS: Cartas de boa gramatura; Caixa bem resistente com uma ilustração que segue o modelo de design de caixas de jogos de NES (conhecido carinhosamente como Nintendinho, no Brasil) .
CONTRAS: Nada relevante (se ignorar a diferença de tonalidade de cor em comparativo com a versão internacional. Voltarei a esse assunto futuramente).
(Cartas de Heróis e Heróis Épicos)
Ø Curva de Aprendizagem
Média. Boss Monster é um jogo fácil e simples. Resumidamente, jogadores baixam cartas de sala em uma linha a sua frente, onde essas cartas além de alguns efeitos diversos que geram dano em heróis, possuem um ícone de tipo de tesouro. No final da rodada, os heróis abertos, dispostos na mesa, vão em direção à ‘masmorra’ do jogador com mais ícones de determinado tipo, e neste momento é feito uma espécie de ‘processamento’, onde o herói deve passar por cada sala, o que ocasiona sua derrota (virando pontos de vitória para o jogador dono da masmorra) ou sua vitória, causando dano no Chefe controlado pelo jogador.
Como escrevi, o jogo em si é fácil, não tendo regras complexas, contudo ele possui uma curva de aprendizagem que se eleva em relação ao entendimento da dinâmica do jogo. É muito fácil o jogador se empolgar e atrair diversos heróis, porém acabar morrendo por ter uma masmorra fraca, logo aprender em qual momento atrair heróis, quando fazer com que eles se dirijam à masmorras de adversários, quais cartas de magia usar e quando (que são escassas na partida) são essenciais para se dominar o funcionamento do jogo.
Ø Presença de Tema
Alta. Uma coisa que Boss Monster faz com louvor é entregar o tema aos jogadores, seja devido a sua arte feita em pixels, suas referências na arte e textos e mesmo no desenvolver da partida. A ‘masmorra’, que citei anteriormente, é formada por salas que dão um visual de ‘Fase de jogo de videogame’. Além disso, o ‘processamento’, também citado no item acima, faz o jogador realmente sentir que o herói está andando, sala por sala, nessa ‘fase’ criada pelo jogador, com a diferença crucial que a torcida é que este herói morra neste processo (pelo menos, quando ele está em nossa masmorra, na dos rivais queremos que ele sobreviva e bata no chefão mesmo!). O fato dos jogadores controlarem os Chefões também é muito interessante, pois muda o paradigma de ‘somos heróis salvando o mundo/princesa’, e convenhamos, é muito divertido ver os heróis sendo derrotados por nós e dando porrada em vilão adversário!
(Cartas de Magia)
Ø Rejogabilidade
Média. O jogo não muda muito de uma partida para outra, porém as escolhas que as cartas existentes na caixa-base dão são bem variadas, além do jogo vir com uma quantidade boa de Chefões para escolhermos, cada um com uma habilidade única (apesar de geralmente bem simples). As cartas de Magia são interessantes, apesar de poucas, sendo responsáveis muitas vezes por mudar o destino do jogo. Boss Monster possui diversas expansões, de pequenas adições de cartas à uma caixa-base nova (que também funciona como expansão – falarei um pouco dela no final do texto), contudo, infelizmente, nada disso chegou ao Brasil.
Ø Interação
Média. De forma direta, os jogadores podem interferir nas masmorras dos adversários ou processamento dos heróis através das Cartas de Magia, desativando salas (Cartas de Sala) ou mesmo dando mais poder de ataque para heróis. De forma indireta, os jogadores irão interagir constantemente, mesmo que não queiram, na aposta pelos heróis, e isso agrega um elemento muito interessante ao jogo, pois em alguns momentos o jogador irá querer ter mais ícones para receber um herói, enquanto outras vezes irá querer ter menos ícones, forçando um herói ir para a masmorra de um adversário, apenas para dar dano em seu Chefão.

(Cartas de Sala)
Ø Fator Sorte
Relevância na partida: Alta. O funcionamento de Boss Monster depende muito da compra de cartas (é um cardgame!), logo a sorte nessa compra é bem relevante. Por mais que os jogadores consigam fazer uma gestão de mão, tendo que saber escolher taticamente quais melhores cartas para baixar, ainda assim podem aparecer cartas que não são tão boas em momentos cruciais da partida, impactando diretamente no resultado de uma rodada.
(Algumas cartas de Chefão. São 8 no total)
Ø Fator Estratégia
Relevância na partida: Média. Apesar da sorte envolvida na compra de cartas, os jogadores conseguem se planejar razoavelmente, usar Cartas de Magia para mitigar algumas coisas e fazer uma gestão de mão pensando em um cenário ruim. Durante a partida, os jogadores conseguem planejar seu turno diante das apostas (que é um leilão meio camuflado) do recebimento de heróis, uma vez que os heróis aparecem antes dos jogadores tomarem decisões em relação a como irão modificar sua masmorra, tornando assim Boss Monster um jogo com nuances de leitura de adversários e até mesmo blefe, devido a essa interação indireta que ocorre.
Ø BÔNUS: Algumas dúvidas corriqueiras:
- Existem expansões? Um monte, de pequenas com poucas cartas à maiores com muitas cartas, inclusive existe ainda anúncio de novas para 2021! Porém, nada no Brasil ainda, e sem previsão por parte da editora. A maioria delas adiciona novas pequenas mecânicas que se agregam ao jogo base sem interferir muito na mecânica central já estabelecida. Como não existem expansões no Brasil ainda, as pessoas até podem pegar importadas, mas existe um porém: O fundo das cartas possuem uma palavra, logo é possível identificar de qual caixa/expansão é a carta. Além disso, mesmo a coloração dos fundos das cartas entre as versões nacional e importada são diferentes. Dessa forma, caso seja um purista (ou pegue expansões pequenas), recomendo utilizar sleeves (os plastiquinhos que protegem as cartas) daquele tipo com o fundo colorido. Confira abaixo confira fotos de Boss Monster 2: The Next Level, uma nova caixa-base, com tanto conteúdo quanto a primeira caixa, mas que não muda a essência geral do jogo original.

(À esquerda: Boss Monster 2: The Next Level (importado). Na direita: Boss Monster (nacional))

(Comparativo entre as versões nacional e importada. A versão nacional possui um fundo mais escuro e vivo)
- Consigo jogar com crianças? Sim. Inclusive é possível jogar sem as Cartas de Magia para simplificar a experiência, perdendo obviamente uma boa dose tática, mas mantendo um nível de diversão bacana para os pequenos devido ao tema e arte.
Opinião Pessoal
“Boss Monster é, acima de tudo, um jogo que me atrai pela nostalgia. Cresci na época do assoprar de fitas e ao conhecer Boss Monster fiquei encantado. A arte com pixels e o sentimento de criar uma fase colocaram o jogo em um cantinho especial da minha coleção. Francamente, Boss Monster não é um jogo mecanicamente único e que se destaca dentre todos demais títulos que possuo, mas ele com certeza me diverte e evoca boas lembranças. No geral, para o público não-saudosista, é um jogo bom e sólido, porém não muito mais do que isso, afinal seu maior mérito é o tema, então jogá-lo desconsiderando isso irá tirar parte do impacto e divertimento que ele busca proporcionar.” (Raphael Gurian, fã do Tails.)
“Boss Monster é um jogo de cartas, que apesar de ter uma mecânica simples, consegue te transportar para um universo similar ao dos jogos RPG em sua temática, com calabouços, heróis e monstros, além de possuir uma arte saudosista para jogos de 8 bits, contando com várias referências da cultura geek e afins. O interessante é que no jogo você está do lado dos vilões e não, dos mocinhos. Com esta ideia em mente, o jogo acaba por atiçar o lado obscuro dos jogadores, uma vez que estes terão que usar de estratégias perversas para mandar os heróis mais fortes para o calabouço do seu oponente, garantido que os mais vulneráveis entrem e pereçam em sua masmorra, além de se utilizar de magias que farão com que o outro jogador não tenha defesas o suficiente para enfrentar o aventureiro que estiver em seus domínios, fazendo com que este perca a partida e você garanta o título de vilão com o melhor calabouço construído, à prova de heróis. É uma ótima opção para os fãs do gênero, com partidas rápidas e divertidas.”
(Heloisa Fernandes, Lola_Fernandes, amiga do Diddy Kong)
Um texto de
Raphael Gurian
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em análises de uma forma mais detalhada. Os jogos analisados não seguem qualquer critério comercial, incentivo ou pagamento, sendo escolhidos com base em fontes de vozes da minha cabeça, aliado ao fato de ter já jogado o jogo em questão muitas vezes, a ponto de me sentir confortável em opinar sobre o mesmo.
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