Caras e Caros Boardgamers.
Imagine que você comprou um Jaguar F, um carro que custa, em média, R$400.000,00. Você sai da loja feliz da vida e, depois de alguns dias, descobre que sempre que chove o carro fica com um leve cheiro esquisito, próximo ao assento do motorista. Você manda para a autorizada para ver qual o problema, e apesar de constatarem que não é mofo, nem algo prejudicial à saúde, ninguém descobre o motivo daquele leve cheiro esquisito. Veja bem, o cheiro não prejudica a performance do carro, o cheiro não põe em risco a sua saúde, e nem é tão forte assim, ele é apenas um leve cheiro esquisito. Você consegue inclusive, resolver o problema colocando um daqueles aromatizantes horrorosos, em forma de pinheiro.
Qualquer pessoa numa situação dessas, certamente vai reclamar, e muito, na concessionária, porque ela pagou R$400.000, e inclusive exigir que a concessionária lhe dê um outro carro do mesmo modelo, que não tenha cheiro esquisito nenhum. É claro que sempre pode ocorrer um inconveniente qualquer, mas então, nesse caso, o carro não pode custar R$400.000,00. Por esse preço, o carro não pode ser nada menos do que perfeito.
Agora imagine que você pagou quase R$1.000,00 por um boardgame, e quando abriu o jogo para testar, você descobre alguns erros de tradução e impressão, como por exemplo, uma carta que deveria se chamar “ganso”, mas na tradução ficou como “pato”, ou ainda que o manual dá uma instrução, que não faz o menor sentido dentro da mecânica do jogo. É claro que a pessoa sempre pode imprimir uma errata, e jogar com ela do lado, e também, talvez usar uma carta em que está escrito “Chico”, quando deveria ser “Francisco”, talvez não seja importante para algumas pessoas, desde que não atrapalhe tanto assim a jogatina.
O problema é que a pessoa gastou R$1.000,00 no jogo, e sinceramente, por esse preço, a editora não tem o direito de errar. Se for detectada uma falha no manual, ou uma tradução errada em uma carta, a editora tem a obrigação de imprimir uma nova remessa de manuais, ou de cartas, e enviar para todos os compradores. Isso é o mínimo que se espera de uma empresa dita séria, e para qualquer de seus produtos, principalmente no caso daqueles com um preço tão alto. Certamente vão dizer que isso é muito mimimi, e muita frescura, mas sinceramente, com todo o respeito, quando se paga absurdos R$ 1.000,00 por um boardgame, estão incluído no pacote o direito a qualquer “frescura” que o comprador possa ter, em relação à qualidade dos componentes.
Antes de lançar o Nemesis, a editora da “largatixa” (se ela pode, eu também posso), já havia “brindado” seus consumidores com o peculiar “Masmorra do Mago Louco”. Nesse jogo, a citada editora teve a coragem, porque vamos combinar é preciso muita coragem, para lançar um jogo com uma carta escrita “guereira”, ao invés de “guerreira”, e “tirando” ao invés de “tirano”. Claro que esses verdadeiros crimes hediondos, contra a língua portuguesa, não prejudicam a jogatina. Aliás, se o preço do jogo fosse R$ 100,00, eu acho que até dava para relevar, afinal está errado, mas custou apenas R$ 100,00. Só que o jogo “Masmorra do Mago Louco”, não custou R$ 100,00, mas sim R$ 600,00, e com esse preço nas alturas, ainda ter de aturar um “guereira” é o fim da picada. Acresce ainda, que esse erro não está em um texto pequeno, que o revisor pudesse ter deixado passar, essa barbaridade está no verso de um conjunto de cartas, e bem grande, para que os eventuais jogadores nunca se esqueçam do padrão de qualidade dessa editora. Eu não sei quanto a vocês, mas tenho cá para mim, que o revisor deve ter descoberto que sua esposa tem um caso extraconjugal, com um dos sócios da editora, porque só uma situação dessas, justifica um erro dessa magnitude.
Por fim, eu não comprei o Nemesis (ainda mais depois de saber das “traquinagens”, vamos chamar assim, da editora, no caso do jogo “Masmorra do Mago Louco”), até porque, mesmo que o Nemesis garantisse verdadeiros “orgasmos lúdicos” aos seus jogadores, ainda assim, eu acho que não justifica um preço de R$ 1.000,00. Nenhum jogo, por melhor que seja, justifica um preço desse. Por isso, eu não tenho como saber se as reclamações de alguns tópicos abaixo, como a necessidade de uma errata, realmente procede, e por isso eu peço esclarecimentos àqueles dentre vós, que compraram o jogo.
Em tempo, quero esclarecer que, considerando que eu não comprei o jogo, seus eventuais erros não me afetam diretamente. Porém, quando uma editora lança um jogo de R$ 1.000,00, contendo erros, mesmo que leves, não repõe os componentes com defeito, no melhor estilo “lancei o jogo com erros grosseiros, não vou repor nada, que se lasque o comprador, e até o próximo lançamento, otários” (é triste, mas é assim que a editora age, mesmo que não o reconheça), o que torna necessária uma errata para ser jogar, e o que é mais grave quando essa editora é contumaz nessa prática lamentável, e continua lançando jogos por aí, como se nada tivesse acontecido, então a questão passa a afetar todo o mercado de boardgames, inclusive aqueles que não compraram o Nemesis, como é o meu caso.
Por tal motivo eu deixo aqui a pergunta: O preço do Nemesis foi de quase R$ 1.000,00 e o jogo ainda precisa de errata, é isso mesmo?
Atenciosamente.
Iuri Buscácio
P.S. E você reclamando do raio da “intrusora”.