QUEM SOU EU?
“Um Gloomer* Fanático” no título da análise talvez tenha chamado sua atenção. E eu queria escrever uma análise pela perspectiva de alguém que tenha jogado bastante a “caixa grande” para escrever uma análise para aqueles Gloomers veteranos que estejam se perguntando se vale a pena se arriscar com Jaws. Eu terminei a campanha duas vezes agora, assim como
Gloomhaven: Forgotten Circles (também duas vezes) e já até escrevi alguns conteúdos de fã. Eu diria que isso me dá algum crédito.
O QUE É?
Gloomhaven: Jaws of the Lion [JotL] é o mais novo lançamento da [editora] Cephalofair Games e [do designer] Isaac Childres. Seguindo o sucesso de
Gloomhaven, Forgotten Circles e o recente Kickstarter de
Frosthaven, JotL oferece aos gloomers e aos inicialmente não-gloomers uma porta de entrada na franquia. Gloomhaven (2017) pode parecer assustador e caro, enquanto Jaws apresenta uma caixa menor e preço mais baixo. Adicionalmente, Jaws of the Lion oferece um tutorial de 4 a 5 cenários para novos jogadores se familiarizarem com o sistema.
O QUE É DIFERENTE DE GLOOMHAVEN?
Têm algumas diferenças perceptíveis. A primeira é que o sistema foi enxugado e simplificado. Em Gloomhaven, tem um pouco o conceito de mundo aberto enquanto JotL apresenta uma campanha de certa forma mais linear com algumas ramificações de caminhos. JotL oferece um guia com um tutorial de como jogar junto com o manual de regras, algumas missões mais fáceis no começo e dicas que ajudam, enquanto Gloomhaven te destrói já no cenário 1 (não aja como se não tivesse sido esmagado por aqueles bandidos!).
JotL usa bem menos componentes optando abordar a narrativa através de um livro-aventura vs. tiles modulares com mapa das masmorras. Isto significa um tempo de setup mais rápido (não rápido) e artes mais temáticas em cada cenário.
Têm algumas mínimas diferenças nas regras, mas a maioria dos veteranos de Gloomhaven não teriam dúvidas sobre elas. Adicionalmente, o jogo acaba com alguns mecanismos mais complicados como invisibilidade, convocação, retaliação, etc.
Em Gloomhaven, seu mercenário se aposenta e você completa uma busca para, aí então, desbloquear o próximo mercenário. Em JotL, você é parte de um grupo de mercenários no qual é parte integral da narrativa e, consequentemente, você mantém seu personagem do começo ao fim.
Componentes
QUALIDADE DOS COMPONENTES:
Eu vi algumas análises reclamando da natureza de “plástico” das cartas, entretanto, eu não tive muitos problemas com isso. Eu achei que são mais resistentes e com um toque a mais de brilho. Todo o resto parece de acordo com lançamentos anteriores da Cephalofair e eu não tive nenhum grande problema com os componentes. Têm algumas reclamações falando sobre erros de impressão em algumas das cartas dos inimigos. E eu também li que a impressão seguinte consertou este problema (eu acho!). Uma questão que tenho com o livro-aventura é do quão fácil os anéis que conectam as páginas podem começar a desgastar.
Game Setup
GAMEPLAY/MECÂNICAS:
O tutorial foi bem feito e tem um bom andamento. Ele introduziu apenas as mecânicas necessárias para não sobrecarregar um novo jogador. Para alguém que tem experiência com o jogo, como eu, eu pude apreciar essa familiarização de introdução e não achei irritante. Eu diria que se você é um veterano, aumente a dificuldade para 2 na missão 1, e para 1 na missão 2.
No mais, as mecânicas são Gloomhaven por completo. O sistema de combate de cartas é o que é muito apreciado em Gloomhaven, então manter isso em JotL é certeza de sucesso. Cada cenário oferece algo um pouco diferente. Têm alguns níveis de “mate todos os inimigos”, mas eles são relativamente poucos. Você vai notar algumas novas regras e mecânicas introduzidas em cada cenário, como destruir objetivos, monstros sendo gerados, mover armadilhas e algumas outras coisas divertidas.
Os novos personagens! Todos eles são empolgantes na sua própria maneira. Eu diria que o meu favorito foi o Hatchet e o menos foi o Red Guard. Eles oferecem mecânicas únicas, mas facilmente acessíveis. O tema se manifesta através das mecânicas.
Ah, e tem algo especial no nível 5…mas fica para você descobrir.
Personagens iniciais
HISTÓRIA/NARRATIVA:
Minha última análise do Gloomhaven foi sobre eu não ser muito fã da narrativa e da escrita. Não me leve a mal, pelo projeto, tamanho e escopo de Gloomhaven a narrativa é impressionante ao fazer cada parte do mundo parecer desenvolvido. O trabalho do Isaac nisso é uma verdadeira obra de arte, mas um melhor desenvolvimento na história pode fazê-la ir ainda além! [Em Gloomhaven] Eu achei alguns dos diálogos decepcionantes e, novamente, em JotL eu achei a mesma coisa. A narrativa pareceu um pouco mais cativante comparada com lançamentos anteriores, mas eu não senti nenhum senso de tradição ou grande conexão com os mitos em Gloomhaven. Eu não irei dar nenhum spoiler aqui, mas têm algumas ligações com Gloomhaven que foram um toque legal.
Inimigos
COMPATIBILIDADE ENTRE JOGOS:
O sistema em Gloomhaven é muito bem pensado, o que faz com que seja possível inserir os personagens de Jaws no jogo. E com alguns pequenos ajustes, você pode provavelmente inserir personagens que não-Jaws em Jaws. De modo geral, são apenas alguns pequenos ajustes, mas que podem ser feitos e eu gostei disso. Monstros e itens não serão possíveis de usar em outros jogos de Gloomhaven porque foram criados e balanceados exclusivamente para JotL.

PRÓS:
Maior acessibilidade em relação ao preço e tamanho
Setup mais rápido e gameplay simplificado
Narrativa linear pode trazer a sensação de ser mais coesa
Boa variedade de mecânicas de cenários para introduzir a um jogador veterano
Os mapas no livro-aventura trazem toques mais artísticos e temáticos
Ótimas missões no tutorial para o Gloomer novato
CONTRAS:
Narrativa pode ser considerada com pouca profundidade e tradição
Ser um livro-aventura pode, por vezes, levar a enrugar/desgastar as páginas
Relatórios de erros de impressão (mas eu escutei que este problema foi solucionado)
RESUMINDO:
Jaws of the Lion é o pequeno irmão do Gloomhaven mas surpreendentemente uma grande experiência. Como alguém que já jogou Gloomhaven muitas vezes, eu estava com medo que esse jogo fosse muito fácil dado que foi criado para ajudar novos jogadores a entrarem no universo. Depois de algumas missões do tutorial, Isaac solta sua mão e acena “boa viagem!” enquanto você navega em direção aos Vermlings, cobras, cultistas e por aí vai.
O processo de simplificação aqui realmente ajuda colocar esse jogo na mesa bem mais rápido. É uma campanha mais curta se comparado com Gloomhaven (2017), mas ainda assim não é “curta”. Você ainda vai jogar 15-20 cenários antes que a campanha termine. Os novos personagens são interessantes e ainda vão intrigar um jogador veterano. Os cenários são diversos suficientes para não parecer mais do mesmo. A história é linear e coesa mesmo faltando um pouco de profundidade.
VEREDICTO:
Se você for um curioso por Gloomhaven, você deve pegar este jogo. Se você gostar dele e tiver uma boa experiência, então tem muito mais por aí com o Gloomhaven e o Forgotten Circles e, eventualmente, Frosthaven (assim como uma comunidade extensa com conteúdo feito por fãs!).
Se você for um Gloomer fanático, você ainda assim deve pegar esse jogo. Ele vai te oferecer uma experiência nova de Gloomhaven com uma campanha divertida de missões que vão ficando mais inteligentes conforme você min/max seus personagens de Jaws. E os cenários ainda são desafiadores, então não os subestime!
10/10
Nota da Tradutora:
*Gloomer é o um apelido criado para os fãs de Gloomhaven

Traduzido** por Nanda (@fsales)
**todas as traduções são autorizadas pelos autores originais do texto.