Review publicado originalmente na revista digital Meople’s Maganize. Para esta e outras resenhas visite http://www.meoplesmagazine.com/ Review de autoria de Kai Günster.

Trimmm! Trimmm! A bola de cristal soa no escritório principal da Broom Service Inc, o serviço de entrega de poções pioneiro do reino. “Eu preciso de duas poções grandes de cura e um martini”, diz a voz não identificada no outro lado. “As poções de cura são meio urgentes… na verdade, o martini também.” Meros segundos depois, várias equipes de bruxas de entrega altamente treinadas montam suas vassouras e partem das altas janelas com sacolas de entrega em suas costas.
Isso soa como um dia normal de trabalho em Broom Service, o jogo indicado ao Kennerspiel des Jahres 2015 de autoria de Andreas Pelikan e Alexander Pfister, voar por aí em vassouras, recolher ingredientes e entregar poções urgentes. Você faz isso através de uma mecânica de seleção de papéis, semelhante a do jogo anterior de Pelikan, Witch’s Brew, mas Broom Stick é um jogo totalmente novo com uma mecânica central similar, não uma mera reimplementação .
Mecânica:
– Pegar e entregar
– Pressionar a sorte
– Seleção simultânea de ações
Para cada uma das sete rodadas do jogo, os jogadores escolhem quatro de suas dez cartas de papéis. Estas representam todas as ações que um jogador pode tomar para esta rodada. Mas eles não podem ter a certeza em qual ordem realizarão essas ações, ou quão poderosas elas serão, porque os outros jogadores têm muito a dizer sobre isso. O primeiro jogador escolhe uma de suas quatro cartas de função, declara-a para os outros jogadores e também declara se ele é um um representante corajoso ou covarde do papel escolhido. A opção corajosa sempre produz uma ação mais poderosa, mas pode ser roubada pelos outros jogadores. Todos eles terão seus turnos após o primeiro jogador declarar um papel. Se eles tiverem a mesma carta em mãos, devem declará-la agora e escolher a ação corajosa ou covarde. Qualquer um que escolha a opção covarde executa-a imediatamente e ninguém mais é capaz de interferir nisso. Mas se escolher a ação corajosa, você só a realizará ao final da rodada, apenas o último jogador a escolhê-la vai realmente executá-la. Então, escolher ser bravo se você é o primeiro jogador em uma partida com cinco integrantes é ser tão descuidado quanto valente. Escolhê-la se você for o último jogador é a opção óbvia. No entanto, existe mais para influenciar sua decisão do que isso, você tem de ler direito a mesa e ver quais dos outros jogadores, provavelmente, terão a mesma carta e, dada a situação da partida, quem não.

Isso não é tão difícil como pode parecer à primeira vista, pois há apenas quatro tipos diferentes de papéis e para a maioria deles você pode arriscar um palpite razoável de quem poderia tê-los. Os papéis cobrem todo o processo de produção da indústria de entrega de poções. Para começar, temos os coletores, três diferentes para as três cores de poções. Como um coletor covarde você sempre pega uma poção da cor apropriada. Ser um coletor corajoso vale um total de três recursos – poções e varinhas mágicas – mas o coletor é o papel mais perigoso para se escolher bravamente: não existem pré-requisitos para ser um deles, assim, outros jogadores podem sempre assumir esse papel.

Em seguida, existem as bruxas de entrega altamente treinadas. Elas permitem que os seus dois peões sejam movidos pelo tabuleiro. Há quatro bruxas, correspondentes às quatro paisagens no mapa. Uma bruxa covarde pode mover um de seus peões para uma região adjacente do tipo correspondente. Uma bruxa corajosa pode, também, entregar uma poção em uma das torres. Existem apenas algumas torres em cada região e a maioria delas só aceita uma entrega por partida. Uma entrega em uma torre é recompensada com pontos de vitória e, às vezes, com varinhas mágicas. Quem pode assumir o papel de bruxa já é um pouco mais fácil de prever, pois que as pessoas só podem se mover em regiões adjacentes e, geralmente, vão querer ir em uma direção onde ainda existam poções a serem entregues, de preferência de uma cor que já tenham. Não é infalível, mas arriscar uma bruxa corajosa, mesmo quando você não é o último jogador é muitas vezes razoável.

Enquanto o trabalho principal das bruxas é se movimentar, pois elas apenas realizam entregas como um benefício adicional, a missão dos druidas é entregar. Há apenas dois druidas, cada um deles cobre duas paisagens. Se ele é covarde, entrega a poção pelo preço que os habitantes das torres estão dispostos a pagar. Se ele é corajoso, passando pelos dragões de guarda sem vacilar, também receberá uma gorjeta de três pontos de vitória. Druidas são os papéis mais fáceis de prever, alguém que não tenha algo a oferecer, ou que não está na paisagem correta, é pouco provável que tenha escolhido druida. Claro, não é uma ciência exata. Alguém pode ter planejado jogar o druida mais tarde, após ter jogado, primeiro, um coletor. Mas se escolher a opção corajosa fosse sem riscos, não seria chamada de opção corajosa.
O último papel é o do fada do clima. As pessoas na Broom Service Inc. têm entendido a importância de diversificar seus serviços e estão executando um negócio paralelo no ramo de remoção de nuvens. Este é o trabalho da fada do tempo, ela usa as varinhas mágicas recolhidas pelos coletores para remover nuvens de uma região vizinha. Estas nuvens valem pontos extras ao final da partida, mas também têm um efeito mais direto sobre o negócio principal: as bruxas não entrarão em regiões com nuvens, porque a umidade faz uma bagunça em seus cabelos, por isso, algumas regiões tem de ser clareadas primeiro pelas fadas do tempo para tornar as regiões passíveis de entrega. As fadas também são fáceis de prever: um jogador sem varinhas mágicas ou longe de quaisquer nuvens provavelmente não jogará a fada.

Ajudando você a descobrir quais papéis os outros poderiam ter escolhido, temos as cartas de evento, uma das quais é revelada por rodada. Elas incluem efeitos como pontos de bônus ao terminar seu turno na paisagem correta, ou perder pontos por terminar na paisagem errada. Eventos mais intrincados permitem descartar recursos por pontos ou até mesmo deixam você escolher um número diferente de cartas de personagem para uma rodada: quanto menos você escolher, mais pontos de bônus marcará. Isto força algumas decisões difíceis. Todos os eventos têm algum impacto em quais papéis todos irão escolher, assim eles fornecem informações adicionais para basear suas próprias escolhas, mas ao mesmo tempo, influenciam suas escolhas. Você sempre tem de analisar os eventos contra os seus outros interesses e contra o que você acha que os outros escolherão. Ninguém disse que entregar poções seria fácil.
Ao jogar com menos de cinco jogadores, existe mais uma regra para ajudá-lo a decidir seus papéis. Ou tornar a decisão mais difícil, dependendo de como você vê. Para cada jogador faltante para completar cinco, uma carta de personagem é amaldiçoada a cada rodada. Você ainda pode escolher um papel amaldiçoado, mas ele irá puni-lo com três pontos a menos. Isso pode não ser suficiente para afastar você do papel, mas dá mais um incentivo para escolher outra coisa.
Considerações Finais:
Há muitas coisas que influenciam suas escolhas de personagens e enquanto isso é uma grande coisa para os seus próprios papéis, torna o jogo muito difícil com mais jogadores. Apenas tente descobrir o que outras quatro pessoas estão pensando sobre todos estes fatores e quais consideram mais importantes e, em seguida, tente escolher papéis que de alguma forma funcionem entre todos aqueles. Não há como. Demora uma eternidade para descobrir e ainda não há como. E esse não é o maior problema em uma partida cheia. Devido à forma como o jogador inicial funciona – o último jogador a escolher a ação corajosa para uma carta lidera com a próxima – é possível que você não seja o jogador inicial por uma rodada completa e seja forçado a jogar suas cartas fora de ordem. Isso não soa tão mal, mas se você precisa jogar o seu druida de entrega antes que a bruxa se mova para a região correta, e, em seguida, sua bruxa antes do coletor obter uma poção que você deseja entregar, então isso é frustrante. Claro que você pode planejar em torno disso também e apenas pegar os papéis para uma rodada que não dependam uns dos outros. Mas jogar assim é demorado e tedioso e com apenas sete rodadas para acumular pontos você realmente, realmente não quer demora e tédio.

Isso muda muito com dois ou três jogadores. Você tem uma chance muito maior em prever os papéis dos outros, há menos chance de ter a ordem de suas ações bagunçada e a partida fica muito mais divertida dessa forma. Quando li a embalagem dizendo “joga especialmente bem em dois jogadores” estava em dúvida, porque a mecânica de escolher papéis corajosos e covardes soa para mim como sendo feita para funcionar com muitos jogadores, mas Broom Service é muito mais divertido em menos jogadores. A mecânica bravo/covarde foi feita para mais pessoas, de modo que o ponto perfeito do jogo é com três jogadores com todas as mecânicas do jogo realmente entrando em cena.

Essa é a minha grande queixa com Broom Service e, definitivamente, o por quê de não ter sido meu favorito para o prêmio Kennerspiel: para um jogo que comporta de dois a cinco jogadores, ele simplesmente não funciona tão bem para mim fora desse ponto perfeito. Com três é excelente, com quatro é bom, com cinco é muito caótico e com dois é basicamente um outro jogo. O que apresentamos neste review, a propósito, é o jogo básico. Há uma série de variantes que são divertidas de jogar e torna-o mais complexo, mas elas realmente não mudam nada sobre essa questão central. Se você está procurando algo para jogar em três ou talvez quatro pessoas, então Broom Service é um jogo muito sólido, mas se você está procurando uma gama mais ampla de jogadores, pelo menos, tente experimentá-lo primeiro e veja se gosta.
Tradução: Lucas Andrade
NOTA: o excelente material da revista digital Meople’s Magazine será publicado em Português com exclusividade pelo On Board. Saiba mais sobre a Meople’s Magazine: Facebook, twitter,site. O review original de Broom Service pode ser encontrado aqui.