**Texto no formato original aqui**
Hoje não vou falar de jogos, hoje vou falar de como guardar nossos queridos jogos. Eventualmente na vida de um boardgamer, ele vai começar a transitar pro mundo do boardgame tuning, o que é irônico, já que a maioria dos grupos que eu conheço acha um absurdo esse outro tipo de tunning:
Bom, talvez não exatamente ESSE tipo.
Moedas de metal, componentes realistas, pintura de miniaturas, tudo isso é algo que cedo ou tarde fará parte do boardgamer
hardcore, mas a primeira e mais importante fase é a fase dos Inserts:
Jabá Gratuito: Insert Bucaneiros para o Terra Mystica
Por que precisamos disso? Pois o setup de alguns jogos como o
Terra Mystica e
Orléans, podem ficar excessivamente demorados, ou chatos sem um armazenamento sistemático. Vai dizer que você não tem aquele jogo que pega poeira na estante só pela preguiça de fazer o setup?
Dito isso, vem a pergunta: Como bancar isso para uma coleção que não para de crescer? Saber que a cada 3 Inserts profissionais comprados você deixou de adquirir um novo Boardgame é um pouco triste. Por isso não tema caro leitor, leia minhas dicas e salve seu dindin para o próximo grande título da semana.
Técnica #1: Ziplock
Muito provavelmente você já usa isso, até porque muitas editoras já enviam o ziplock junto do jogo para você armazenar. Aqui vale lembrar de três pontos:
Primeiro: vença o preconceito, Ziplocks são úteis mesmo quando você já possui um Insert, normalmente para fazer o “kit de jogadores”. Como por exemplo no
Suburbia:
Suburbia: Cada ziplock com todo o setup por jogador.
Segundo: as vezes é melhor usar um Ziplock mesmo em vez de inventar algo mais elaborado. Jogos como
Bloodrage que tem poucos tiles, é perfeitamente possível misturar tudo junto, já que separar depois não é trabalho algum:
Bloodrage: Ziplocks para os decks e os tiles que são poucos.
Terceiro: procure utilizar Ziplocks com o menor tamanho possível para o que é preciso. Isso deixa a organização muito mais bonita e as vezes até abre espaço já que você foge da “maçaroca dos plásticos”. Acho que comprei 100 unidades pequenas por
R$ 5 em uma loja especializada em embalagens. Ziplock pra vida inteira.
Técnica #2: Caixas Organizadoras
Saiba que a milênios a humanidade já precisava organizar pequenos componentes e para resolver isso o capitalismo selvagem inventou as "caixas organizadoras genéricas".
Bijuteria é passado. Eu quero é Meeples e cubinhos de madeira.
Pois bem, eis que elas são perfeitas para muitos boardgames e custam entre
R$5 e
R$15. Aqui em Santa Catarina você pode encontrar em lojas de ferramentas/coisas pra casa como
Millium, ou até mesmo em supermercados como o
Giassi/Angeloni. Outro lugar, que eu acredito ser nacional, é a
Kalunga. Vejam alguns exemplos de jogos que eu já armazenei com maestria nelas:
Jorvik: Poucos componentes, até sobra espaço. Veja que não abandonei os ziplocks para as cartas.
The Manhattan Project: O Insert coube exatamente dentro da caixa.
Luna: Uma caixinha de remédio com compartimentos de segunda a domingo para as tokens de favores.
Lembre-se que dificilmente você vai achar um Insert com o número exato de divisórias (embora alguns sejam modulares), mas ainda assim é possível tornar a organização bem tranquila, colocando mais de um tipo de coisa num mesmo slot. Veja como guardei as tokens de templo do
Luna junto das fichas de pontuação. Já que eles não se misturam facilmente por causa dos tamanhos distintos, não há problema algum.
Uma última dica: alguns modelos possuem inclusive uma curvatura na parte de baixo que facilita pegar as peças com os dedos. Tome cuidado ao comprar uma que tenha divisórias muito pequenas e com o "piso plano", isso pode invalidar completamente a usabilidade do Insert. Já vi uma tentativa de usar esses Inserts genéricos com os cubinhos do
Terraforming Mars, mas era tão difícil tirar as peças que no final das contas era preciso virar o Insert de cabeça pra baixo. Nesse caso, melhor ficar com Ziplocks mesmo.
Técnica #3: Potes Genéricos
Uma outra sacada é utilizar potes genéricos, que normalmente são destinado para festinhas, como separador de recursos. Normalmente eles não tem um tamanho ideal para se ter muitos na caixa do jogo, impedindo por exemplo de fazer "kits de jogador", mas para jogos que possuam poucos recursos como apenas moedas, acaba sendo uma boa pedida. Enquanto escrevia isso, dei um upgrade no meu setup do
Jorvik e agora as moedas ficam numa caixinha separada. Quanto custa isso?
R$ 10,90 por
25 unidades, na seção de plásticos/festas do seu supermercado mais próximo.
Jorvik: Moedas separadas com sucesso.
Técnica #4: Foam / Papel Pluma
Eventualmente você vai começar a trilhar no caminho do
boardgame tuning, então vai querer fazer o seu próprio Insert. Uma das alternativas é utilizar o
papel foam, também conhecido como
papel pluma. Ele é uma espuma/isopor relativamente grosso (0,5cm) e revestido com um papel colorido, que você pode cortar para construir seu Insert. Meu Insert do
Suburbia foi feito assim:
Suburbia: Se com Insert já é difícil o setup, imagina sem.
Espetáculo visual? Não. Funcional? Sim. Veja que até ostentei e até fiz uma parte modular para estocar dinheiro (poderia ter ficado nos potinhos da dica anterior). Nesse momento você deve estar pensando:
"Israel, sou muito jaguara com trabalhos manuais, isso é coisa de gênios da artesania.". Fiquem tranquilos, eu também sou um cara qualquer e se eu consegui saiba que
qualquer um consegue. E digo mais, eu ficava com muita preguiça de colar as coisas (além de achar que eu não faria direito), pois bem, você pode juntar as peças com alfinetes, o que
facilita muito a montagem
, além de ser muito barato.
Fácil corrigir erros se precisar mudar algo.
Por último, saiba que essas placas de foam são bem baratas e é possível comprar 2 placas por menos de
R$10.
Técnica #5: Saquinhos de Tecido
As vezes o bom mesmo é utilizar saquinhos para organizar tiles, normalmente quando devem ser escolhidos aleatoriamente. Nunca achei um lugar consistente para comprar, mas você sempre terá algum familiar ou amigo tenha "o dom" da costura. Para quem domina a costura, fazer esses saquinhos é muito simples. A avó da minha esposa fez meus saquinhos para o
Keyflower e eles ficaram perfeitos. Só estar atento as cores por estação para ajudar o setup e
voilá:
Keyflower: Primavera, Verão, Inverno, Outono, Meeples, Ferramentas
Técnica #6: Papel Paraná/Panamá/Holler
E para encerrar, saiba que em algum ponto da sua caminhada boardgamística, em algum momento você se tornara realmente hardcore e começará a tentar fazer algo mais "bonito/robusto". Eu tive esse momento de iluminação ao fazer meu Insert do
Orléans.
Orléans: E não é que além de eficiente ficou bonitinho?
Mais uma vez lembre-se: se eu consegui, você consegue. Em resumo o que você precisa:
- Papel Paraná / Panama / Holler de 2 mm. Aparentemente o nome varia conforme a região, mas ele efetivamente é um material muito parecido com a caixa dos nossos boardgames (talvez seja a mesma).
- Régua e lápis para desenhar a região do corte nas peças.
- Estilete e tábua de corte (encontrada em casa de artesanato).
- Cola branca para revestir as peças e fazer elas fiquem mais firmes depois de montado.
- Folha A4 para utilizar pequenos pedaços para colar as divisórias internas e quinas.
- Tinta Acrílica da cor da sua escolha para o acabamento final.
- Pincel para a cola e tinta.
- Paciência.
O meu levou 2 dias para fazer. 1 para cortar e montar outro para pintar e secar. Obviamente esse aqui não sai tão barato, comprar tudo isso ai do zero da quase
R$ 90 reais, porém o papel paraná é muito barato e eu tenho por baixo material para fazer mais uns 6 Inserts. Dito isso tudo, saiba que esse é realmente o caminho do hobbysta entusiasta e daí pra frente só virão "drogas mais pesadas" como pintura de miniaturas. Se você quiser aprender a fazer isso de uma forma muito melhor explicada, recomendo o curso
ArtBoardgame,
Conclusão
É possível conseguir acelerar o setup dos seus jogos pagando pouco e dependendo até com certo nível de belezura. Quando você começar a trilhar o caminho do artesanato de boardgames saiba que você não precisa de absolutamente nenhuma experiência artística anterior. Mesmo um simples programador como eu consegui fazer algo relativamente complexo como o Insert do
Orléans. Mãos a obra!