Olá galera, beleza com vocês?


E aí, vocês conhecem o designer Stefan Feld? Esse nome é familiar?

Bem, Stefan Feld nasceu em 1970 na cidade de Karlsruhe na Alemanha e é considerado um designer do gênero alemão de board games, mas que podemos considerar como uma das vertentes dos chamados jogos no estilo Euro.

Feld é considerado um dos mais proeminentes designers de jogos do estilo Euro. E ele é bastante reconhecido por algumas mecânicas que ele usa bastante em seus jogos. Quem nunca ouviu falar sobre a salada feldiana de pontos?


('Oi. Sou Stefan Feld').

Pois bem, como o próprio designer diz, através de uma entrevista concedida ao site The Opinionated Gemers: ‘ meu estilo faz com que os jogadores tenham que tomar decisões a cada turno. Também tento incluir pelo menos um mecanismo inovador nos meus jogos.  Incidentemente, eu costume começar meus jogos a partir da mecânica a ser criada e depois parto para o tema. Aparentemente isso foi percebido no cenário de jogos de tabuleiro’.
Pois é. Não podemos discordar do próprio designer. Ele mesmo reconhece. Tema não é forte em seus jogos, que costumam vir com mecânicas muito bem implementadas, mas com temas que não estão imersos na jogabilidade (o famoso tema colado com cuspe). Podemos citar por exemplo um de seus jogos mais conhecidos: The Castles of Burgundy. Suas mecânicas são muito bem implementadas, mas poderíamos colocar qualquer tema e jogar o jogo normalmente.

Stefan Feld começou a criar jogos em 2005 e de lá para cá, lançou uma enormidade de suas criações. No total, temos 26 jogos lançados no mercado, sendo que agora em 2018, já temos uma previsão de mais 2 jogos a serem lançados: O Fórum Trajanum e o Carpe Diem.
Dentre essa quantidade absurda de jogos lançados, talvez você se pergunte qual o melhor jogo, a obra prima na opinião do próprio Designer.
‘Cada jogo meu tem algo que eu realmente trabalhei bastante para construir e que eu gosto hoje em dia. Então, não posso falar realmente que existe um jogo favorito’, discorre Stefan.

Se eu tivesse feito a entrevista, eu responderia informando que, de todos os jogos que joguei ele até o momento, o que mais gostei foi o Trajan. Mas sabe o que ele responderia para mim? ‘ Existem vários motivos para que existam jogos meus que tenham uma preferência maior entre os jogadores. Eu penso que meus jogos levam um tempo para que os jogadores conheçam as mecânicas envolvidas e reconheçam a qualidade deles’.
Pois é manolo, preciso concordar com ele novamente. Os jogos do Stefan Feld geralmente vêm com uma curva de aprendizagem, onde na primeira partida conhecemos as mecânicas e como ela funciona e nas partidas posteriores, conseguimos montar estratégias e sentir todo o potencial que o jogo quer proporcionar.


(No início, ele precisava se abaixar para ficar do mesmo tamanho da pilha de seus jogos lançados. Hoje ele vai precisar de uma escada)

PaladinoMonge, eu não gosto de todo jogo dele e acho que todo designer vai falar isso de seus jogos. Além disso, todo jogo do Feld tem as mesmas coisas.

Calma meu amigo. Sou apenas o mensageiro. E não discordo de você. Nenhum jogo agradará a gregos e troianos, mas é necessário perceber que todo jogo terá um admirador.

Bom, já que você mencionou sobre outros pontos que aparecem nos jogos do Feld, podemos citar alguns aqui não é mesmo? Feld costuma usar bastante a alocação de dados e uso de turnos em seus jogos. Além disso, também é comum perceber uma trilha onde os jogadores decidirão a ordem dos turnos a serem jogados. Não podemos esquecer dos combos existentes, que fazem com que as pontuações sejam bastante grandes e sejam realizadas turno a turno.

Mas, mesmo nessas características, sempre há uma implementação diferente nessas mecânicas. A alocação de dados no Burgundy é diferente da que foi feita no Merlin. E não podemos esquecer que tem jogos fora da curva do Feld, como In The Year of Dragon (o jogo onde você gerencia a desgraça) e o Luna.

PaladinoMonge, deixa essa treta de lado. Vamos falar sobre um assunto aqui que ficou na minha cabeça. O Stefan Feld está há 13 anos no mercado e já fez 28 jogos? Nossa, é 2 jogos por ano praticamente. Como ele consegue fazer isso?

Deixa ele mesmo responder sobre sua forma de criação de jogos.



(Alguns dos jogos de Stefan Feld).

‘Para começar, eu tenho uma ideia bruta da mecânica que quero fazer. Então eu tento ver um jogo que bata com essa mecânica. A maioria dessas coisas está na minha cabeça e em pequenas notas. Então eu sento eu meu computador e desenvolvo um protótipo. Primeiramente, eu jogo sozinho, controlando todos os jogadores. Isso é até fácil e importante para verificar a ideia fundamental do jogo e se ele está funcionando bem. Se a resposta for sim, eu redefino aquilo que precisa ser redefinido, após meus testes individuais, e então eu levo para testar em meus grupos de jogos. Se tudo estiver ok, se a aceitação da maioria for boa, novamente eu altero o que precisa ser alterado, baseado nesses testes, e então encaminho para uma editora’.

‘Eu faço parte do Offenburger-Spile-Freuden. É um grupo de jogos na minha área. A maioria dos testes que realizo dos meus jogos eu faço lá. De vez em quando eu convido também alguns amigos para realizar os playtests. A duração de um playtest de determinado jogo, vai depender da complexidade do jogo, mas, geralmente, eles duram de 1 a 2 anos’.

Uau! Bem interessante não é mesmo? Mas parece que o Stefan ainda não respondeu um questionamento recorrente entre jogadores que gostariam de criar seus próprios jogos. Afinal, como é que você consegue criar a ideia do jogo em si?

‘Eu sempre penso no motor do jogo primeiro, o que fará com que o jogo flua em uma partida. Como, por exemplo, a Rosa dos Ventos em Macao ou os dados no The Castles of Burgundy. Preferencialmente, eu tento fazer algo que não tenha aparecido em algum outro jogo. Se esse motor funcionar, então eu começo a adicionar outros elementos. Eu dou bastante atenção a deixar para os jogadores um número interessante de ações que eles possam realizar e decidir a cada turno. Além disso, penso que o fator repetição (rejogabilidade) também é importante. Para isso, eu tento incluir elementos que se diferenciam a cada partida, dando uma sensação nova aos jogadores. Finalmente, eu encapsulo tudo em uma estrutura, porque isso faz com que as coisas dentro do jogo pareçam ser mais fáceis aos jogadores. Por fim, eu refino os pontos de vitória para que eles sejam distribuídos de forma mais balanceada possível’.


(Dois jogos do Feld. Um, para mim é o melhor que já joguei. O Outro, sou doido para jogar)

Não sei vocês, mas eu tô embasbacado com o trabalho que a criação de um jogo dá. Essa galera que cria jogos são guerreiros e bastante criativos. Meus parabéns. Mas eu tô com uma dúvida: se é tão trabalhoso fazer isso tudo sozinho, não seria mais interessante fazer em grupo? Talvez uma parceria? Eu não vejo jogos do Stefan Feld em que ele faz parceria. Na verdade, a grande maioria dos seus jogos é totalmente autoral (ao contrário de outros designers como o Michael Kiesling). Será que o Stefan Feld não gosta de fazer jogos em parceria?

‘Em princípio, eu gostaria muito de trabalhar em equipe, e isso já ocorreu uma vez no jogo Dribbelfieber. Mas eu notei que é muito difícil para mim gerenciar calendários. Às vezes eu tenho um tempo para trabalhar em jogos e esse tempo não é compartilhado com as pessoas que trabalharia. Isso torna bastante difícil a criação de uma parceria para criar jogos’.

OK Stefan, não precisa se justificar não. Você faz um excelente trabalho no nosso meio. E isso é inegável. Por mais que você, leitor, não curta muito os jogos do Feld, ou os ache repetitivo, temos que concordar que ele é um dos designers mais atuantes no mercado e que sempre há novidades chegando. E tudo isso passando pelo processo que ele mesmo citou acima.


(Merlin, o último lançamento do Feld)

Agora que você conheceu um pouco mais desse designer alemão, que tal tentar experimentar alguns outros jogos dele? Ou quem sabe dar uma nova chance àquele jogo que você jogou uma vez, mas não curtiu? Afinal, o próprio designer diz que precisa jogar mais de uma vez para apreciar o que o jogo tem de bom.

Para te ajudar, vou deixar a lista de jogos do Stefan Feld, tiradas (copiadas mesmo manolo) do BGG. Vocês irão perceber que, desde 2005, apenas em 2012 e 2015 não tivemos lançamentos de jogos do Feld:

- Roma (2005)
- Rum & Pirates (2006)
- In the Year of the Dragon (2007)
- Notre Dame (2007)
- The Name of the Rose (2008)
- Arena: Roma II (2009)
- The Pillars of the Earth: Builders Duel (2009)
- Macao (2009)
- Spiel mit Lukas: Dribbel-Fielder (2010)
- Luna (2010)
- The Speicherstadt (2010)
- It Happens (2010)
- The Castles of Burgundy (2011)
- Strasbourg (2011)
- Trajan (2011)
- Bora Bora (2013)
- Rialto (2013)
- Bruges (2013)
- Amerigo (2013)
-La Isla (2014)
- AquaSphere (2014)
- The Castles of Burgundy: The Card Game (2016)
- Jórvik (2016)
- The Oracle of Delphi (2016)
- The Castles of Burgundy: The disse game (2017)
- Merlin (2017)
- Fórum Trajanum (2018)
- Carpe Diem (2018)

 

(Futuro lançamento do Feld)


É isso galera. Espero que tenham curtido conhecer mais um pouco desse designer que tem jogo pacas. Para mim, ele é um dos melhores (hoje é meu designer preferido).
 
*Fotos tiradas do nosso querido google
* Entrevista concedida ao site opinionatedgamers.com em 2012 (faz um tempinho, mas vale bastante para a gente conhecer o designer)