Ah, viajar! Um dos grandes prazeres da vida.
Por onde andou esse tempo?
Pelas ruas das grandes cidades da Índia! Com suas belas construções e sua cultura milenar.
Parece um lugar legal de se visitar
E é! Um país berço de disputas, comércio, cultura e religião que influenciou muitas coisas do Ocidente. Aliás, gostaria de conhecer um BG que veio de lá?
Claro! Estive esperando mais histórias
É o seguinte, tudo começou quando....
VAIKUNTAPAALI – O Jogo da Espiritualidade
Tabuleiro da versão inicial do jogo
Vaikuntapaali, ou também conhecido como Paramapada Sopana Patam (escada da salvação) era um jogo indiano do século XVI e por muito tempo foi utilizado como uma ferramenta para ensino de valores importantes como a moral e a espiritualidade.
Por muitos anos foi jogado pela população independente de sua classe social e trazia intrínseco ao jogo conceitos como o karma, o desejo e o destino.
O Destino, nesse caso, era muitas vezes representado pela sorte no desenvolver do jogo.
Você provavelmente vai conhecer o jogo só de olhar para seu tabuleiro. Ele foi popularizado no ocidente com o nome de Snakes and Ladders, introduzido na Inglaterra Vitoriana por volta de 1890.
Na versão original do jogo, as escadas eram utilizadas para mostrar aos jogadores o valor das suas boas ações na busca de iluminação (com atitudes como a generosidade, fé e humildade), e as cobras para mostrar como as más ações (como roubo e assassinato) trariam prejuízo espiritual ao pecador. (Dai a idéia de Karma)
Repare que os tabuleiros antigos normalmente possuem em seu topo representações de divindades como um mundo superior enquanto a sua base traz imagens de animais e plantas em referencia ao mundo terreno.
Como um lembrete de que o caminho para iluminação (ou o caminho do bem no conceito bem vs mal) nem sempre é um caminho fácil, o tabuleiro possui um número de escadas menor que o de serpentes, garantindo mais chances dos jogadores caírem do que de subirem efetivamente.
Os vitorianos suprimiram estes ensinamentos morais quando levaram o jogo para a Inglaterra no final do século XIX. Na Terra do chá os britânicos simplesmente tentavam alcançar o “sucesso”.
Representações mais filosóficas do tabuleiro foram sendo suprimidas em nome de torná-lo apenas um passatempo.
As regras são bem simples e possuíram pouquíssimas variações com o tempo. Basicamente consistem em lançar um dado, mover sua peça ao longo da trilha e caso termine o movimento na base de uma escada o jogador move o seu peão até o topo da mesma. Entretanto, caso o movimento final se encerre na cabeça de uma cobra, então o peão deverá deslizar para baixo até o final de sua cauda.
Na terra do Tio SAM, os EUA, Milton Bradley lançou o jogo por volta de 1943, mexendo pouco no tabuleiro extinguindo de vez a cobrinha e dando um “ar de parquinho” ao mesmo.
Chutes and Ledders Lançado pelo Miltinho. Repare na casa 56 e 53. A criança correndo descalça na chuva eventualmente fica doente.
A “lição de espiritualidade” foi substituída por imagens de crianças sendo “arteiras” (aprontando no topo dos escorregas) e sofrendo as consequências em suas bases após deslizar para baixo ou realizando boas ações e exibindo expressões de felicidade e recompensas no topo das escadas.
Dali então, o jogo se consolidou no formato em que permanece até hoje: uma corrida básica para o final do tabuleiro.
Uma curiosidade: Segundo pesquisas, por volta de 1974, Milton Bradley em uma nova versão do tabuleiro adicionou algumas crianças negras que não estavam nos tabuleiros antigos.
Gostou dessa história? Incrível como normalmente temos temas de espiritualidade nas raízes de nossos grandes jogos.
Mas isso tudo me deu uma vontade de ir num parquinho...
Até a próxima!