Na noite de ontem nosso grupo de aventureiros iniciou (finalmente) a campanha do jogo SeaFall. Foram longos meses de espera pela chegada do jogo e mais algum tempo pra conseguirmos nos reunir (ainda que com uma baixa). Como prometido, inicio aqui uma série de relatos que irão acompanhar nossa saga e falar sobre o jogo, nossas expectativas e sensações, além de narrar nossas histórias. Vamos lá?
Aos desavisados: SeaFall é um jogo com sistema legacy e, como tal, possui diversas surpresas que são reveladas ao longo das partidas. Para não estragar essas surpresas, vou fazer todo o relato usando um aviso de spoiler quando algo diferente estiver sendo revelado ou quando tomarmos uma decisão que muda o rumo dos acontecimentos. Preste atenção nesses avisos para não ler acidentalmente alguma coisa chave do jogo. Se você ainda não sabe muito sobre o jogo, recomendo você a começar por este outro texto do canal em que falei sobre suas mecânicas, arte e toda a coisa do "legacy game".
Para essa grande missão, recrutei minha noiva, Thayná, e mais 3 amigos, Bruno, Felipe Baumel e Felipe Martins. Depois de todo o atraso na entrega da Galápagos Jogos prometida para o mês de novembro (o jogo teve problemas na tradução do manual e a empresa esqueceu de avisar isso aos compradores e simplesmente entregou o jogo com mais de um mês de atraso), finalmente recebemos nossa cópia com a primeira missão: rasgar o manual e o Livro do Capitão que vieram dentro da caixa e substituí-los pela versão corrigida da empresa. O legacy já começava a dar sua cara.
Tivemos alguns percalços no caminho e bastante dificuldade para achar um momento para jogar com todas as atividades de final de ano do grupo, mas por fim nos reunimos para iniciar a partida Prólogo sem o Felipe Martins, que vai entrar depois e acompanhar o restante da campanha (coisa que o manual permite sem nenhuma dor de cabeça, mostrando como adicionar e remover jogadores a qualquer momento). Seguimos as instruções do manual para distribuir os Títulos dos jogadores e escolhemos nossas cores, líderes e começamos a nomear as cartas e Províncias. Aqui começa o nosso relato de fato.
"Nossos pais nos ensinaram a cantar as canções que falavam dos nossos antepassados, suas aventuras e suas conquistas. Sabemos que um Imperador surgiu e unificou todo o povo, todas as províncias, em uma só e nos tornou grandes. Mas pouco se fala sobre as guerras, sobre o tempo em que éramos divididos. Sobre quando navegávamos pelos mares em busca de ouro e poder, atrás de mitos e lendas, quando buscávamos algo menos altruísta e nos importávamos apenas com Honra e Glória."
Na partida
Prólogo de
SeaFall somos apresentados ao jogo e suas mecânicas básicas. Nessa partida introdutória, nós temos a chance de nomear as coisas no mapa, algumas das cartas e também as
Províncias que controlamos. Cada jogador escolhe uma cor para jogar, baseado no
Títulos sorteados no começo da preparação: o
Príncipe, o
Duque, o
Conde, o
Barão e o
Lorde. Então posicionamos nossos barcos (2, a princípio) nos portos em nossas
Províncias no mapa e inciamos a exploração do tabuleiro, com possibilidade de nomear também as ilhas que formos descobrindo/desbravando.
Ouro. Algo além de Honra e Glória.
A cada exploração ou saque bem sucedidos, a cada tesouro comprado, a cada estrutura construída, o jogador ganha um ponto de
Glória. Ao avançar na trilha de pontos, os jogadores disputam os
Títulos proeminentes do jogo e, ao final de toda a campanha, aquele que detiver o
Título de
Príncipe (fez mais pontos somados durante toda a campanha), se torna o novo
Imperador e irá governar todas as
Províncias.
O jogo é dividido em diversos anos, cada um com 6 rodadas mais uma fase de inverno. O inverno é uma espécie de fase de
clean-up, ou seja, de limpar e renovar coisas no tabuleiro como abastecer as ilhas com mercadorias, trocar os conselheiros disponíveis e coletar ouro de seus campos (vender a colheita). Nas demais rodadas, de 1 a 6, em turnos, os jogadores podem escolher uma guilda e realizar sua ação. No começo de cada uma dessas rodadas é revelada uma carta de
Evento que irá alterar alguma situação de jogo como o clima ou os valores das mercadorias. O objetivo é conseguir mais pontos de
Glória, que a cada partida será um valor maior. No
Prólogo, o objetivo era apenas nomear todas as ilhas visíveis no tabuleiro.
Cada província tem sua própria história. No nosso grupo escolhemos as cores por afinidade com essas histórias.
Apesar de se tratar de um jogo mais pesado do que a média, a ações são bem simples e consistem na escolha de uma das 4 guildas diferentes. Cada uma delas te permite realizar 2 das 3 ações associadas a ela. As guildas são:
-
Mercadores - te permite comprar e vender itens como especiarias, ferro, madeira e linho;
-
Construtores - te permite construir estruturas em sua
Província ou melhorias nas naus e ainda consertar danos em seus navios;
-
Exploradores - te permite explorar um lugar quando se está em uma ilha ou pesquisar (cartas de pesquisa não aparecem no prólogo); e
-
Soldados - te permite saquear um barco ou
Província (também não disponível no prólogo), ou ainda coletar impostos.
Todas as guildas também possuem a ação navegar, que permite mover os barcos pelo tabuleiro conforme a habilidade de navegação da embarcação. Ao longo do jogo, vamos avançando na exploração, comprando e vendendo as mercadorias, coletando impostos, juntando riquezas e trocando por estruturas, melhorias e conselheiros.
Quando for jogar, arrume uma boa caneta permanente. A gente esqueceu desse detalhe e a coisa borrou.
As cartas conselheiros são assistentes que surgem ao longo do jogo e que nos permitem ganhar algum benefício para a ação de alguma das guildas. Alguns bons combos podem ser formados com o conselheiro e a estrutura certos e nos deixar com um poder maior para explorar, saquear ou construir, por exemplo. Acredito que eles terão maior relevância no decorrer da história. Ah, também podemos dar nomes a eles quando os pegamos pela primeira vez.
Ao longo do
Prólogo, nosso objetivo era alcançar os quatro primeiros
Marcos Históricos que ficam disponíveis na mesa, sendo que cada um deles era atingido quando um dos jogadores alcançava uma quantidade de
Glória igual ou múltiplo de 3. Cada um deles permitia ao jogador que nomeasse uma das quatro ilhas já conhecidas no tabuleiro.
A gente aqui é chique e nossos nomes são em inglês.
Algumas ações, como a de exploração, além dos
Marcos Históricos, nos mandam para um determinado parágrafo no
Livro do Capitão. Esse livro guia a narrativa do jogo e nos coloca para tomar algumas decisões que vão influenciar no mapa e na nossa própria
Província. As primeiras modificações do sistema
legacy vieram justamente dessas leituras.
**** AVISO DE SPOILER *****
As primeiras cartas rasgadas foram justamente as dos Marcos Históricos. A cada um deles que atingíamos, a respectiva entrada modificava algo na história sendo que a última delas terminava o Prólogo. Para nossa grande surpresa, o fim do Prólogo também era o fim de uma era e narrava as conquistas daqueles primeiros líderes que saíram das Províncias. Depois de dar o nome da última ilha no tabuleiro, fomos instruídos a destruir as cartas de líder de cada um. Ou seja, aquelas primeiras cartas que nomeamos e nos identificamos com elas, foram para o lixo no melhor estilo George R. R. Martin.
A nossa primeira sensação com a partida
Prólogo foi de que ela nos preparava para nos acostumarmos com o
legacy, mas também para nos situar com as ações do jogo. Ele foi um pouco mais longo do que eu imaginava (jogamos cerca de 1 hora e meia, depois da explicação), mas foi bem divertido. Ao mesmo tempo em que era legal dar nome às coisas novas a cada descoberta, também íamos construindo uma identidade para a nossa
Província.
Amo essas miniaturas de navios de jogos como o SeaFall ou Merchants & Marauders.
A expectativa é grande para o que está por vir. Ao todo, 6 pequenos baús estão lacrados dentro da caixa do jogo, além de 4 cartas de
Eventos. Agora, depois desse primeiro contato, fica a nossa ansiedade pelo que será revelado em seguida e quais fatores poderão ser alterados nas regras do jogo (o manual está cheio de lacunas a serem preenchidas).
A princípio, meu destaque vai para o controle que você tem da
Província e das embarcações. Tudo muito amarrado por um único tabuleiro, onde você também coloca seu ouro, melhorias e estruturas. Fora que poder controlar simultaneamente as duas embarcações é algo que eu esperava em
Merchants & Marauders (que tem quatro de cada cor, mas você só pode usar uma). Você tem mais opções para se espalhar e realizar diferentes ações em seu turno ou preparar as coisas para o próximo.
Olha o tabuleiro do jogador com algumas coisas...
Ganhar
Glória é um pouco mais difícil do que eu imaginava, mas isso deixa o jogo equilibrado. No final do
Prólogo que não conta para a pontuação final, terminamos com o placar acirrado (6, 5, 3 e 2 pontos). Claro que isso tende a mudar quando os objetivos forem maiores e a partida só terminar quando alguém chegar a 11, 15, 20 pontos. Mas, a primeira impressão, é de que realmente teremos disputas interessantes.
A mecânica de pegar e entregar é muito simples, tal qual em outros jogos do gênero, mas isso não a torna boba. Pelo contrário, deu pra sentir que em vários momentos haverá disputa pelas mercadorias porque elas são escassas. O legal é que o jogo te permite jogar bem mesmo se não conseguir controlar bem essa habilidade: você pode saquear ao invés de comprar. Como no
Prólogo não tínhamos a opção de saquear e nem podíamos nos atacar, não sabemos bem como isso vai ficar no futuro.
No final, ficou aquele gosto de quero mais. Já estamos loucos para iniciar pra valer o jogo!
