MatosCaio::o pior de tudo é ver plataformas de crowdfunding viablizando parcelamento de financiamento coletivo (como a gamefound). É literalmente o fim da picada.
Já gastei dinheiro demais com financiamentos coletivos internacionais. Hoje em dia me considero "curado": ocasionalmente entro em algum FC de jogo barato, ou expansao pequena de algum jogo que ja tenho, mas parei com pledge de jogo grande, e esse é um livramento que desejo a todos. É muito dinheiro investido em um produto só, com um risco considerável de calote (levei um cano de quase 2000 reais no KS da expansão do Enseada dos Mercadores), pra ficar alimentando um mercado completamente deturpado de "financiamento", onde empresas gigantes usam teu dinheiro pra fazer alavacagem financeira, ja tendo o produto pronto, enquanto que os pequenos criadores independentes, que seriam quem realmente precisa da plataforma, ficam com uma fatia minuscula do mercado.
Torço sinceramente que essa guerra de tarifas entre EUA e China inviabilize o negocio pra essas gigantes de crowdfunding. Graças a deus a CMON já foi pro saco. Restam as outras.
Pra quem é novato no hobby e/ou deslumbrado com financiamentos coletivos de jogos que vem em caixas com 30kg, fica o recado: não vale a pena. A melhor maneira de se "curar" desse FOMO de crowdfunding é diminuindo o consumo de conteudo relacionado a jogo de tabuleiro. Parei de seguir vários canais que fazem cobertura (cof cof propaganda) de lançamentos. Com isso fiquei bem por fora do cenário de financiamentos coletivos (perdi várias campanhas de jogos que poderiam ser do meu interesse e despertar forte meu FOMO, e que coisa maravilhosa isso).
A maioria dos melhores jogos já foram lançados, e são vendidos em retail. Crowdfunding hoje em dia tá desesperadamente tentando reinventar a roda, e os jogos novos estão ficando cada vez mais convolutos. Acredito que estamos passando por um momento fraquíssimo de lançamentos realmente bons. Aproveitem o momento pra fazer o detox do consumismo. Vocês verão que não tão perdendo nada.
Caro
MatosCaio
Eu concordo totalmente.
Qual a empresa que não quer empréstimo grátis, sem juros, sem precisar empenhar patrimônio como garantia? Financiamento coletivo nasceu no cenário indie, em que meia dúzia de amigos davam uma força para um outro amigo ou a um amigo do amigo, para tocar aquele projeto independente.
Infelizmente no caso dos board games, empresas com dinheiro se apoderaram dessa ferramenta para financiar projetos de milhões de dólares, e isso só ocorre porque nós compradores de jogos embarcamos nessa empreitada tão arriscada. Há ainda um agravante, porque como o financiamento coletivo fala direto com o nosso "completismo", muita gente acaba empatando muito dinheiro, mas muito dinheiro mesmo nessa brincadeira. A coisa é tão absurda que, em alguns casos, o jogo base custa 500, mas o sujeito acaba gastando 5.000 para ter o jogo completinho. Isso é ainda mais trabalhado pelas editoras que lançam um jogo de um jeito não tão completo, mas logo em seguida lançam expansões para consertar problemas do jogo original, e para melhorar o jogo e tornar a experiência absurdamente superior, um verdadeiro "nirvana lúdico".
É por essas e outras que eu tenho muita saudade de uma época que, mesmo os jogos ainda sendo caros, eles e consequente o hobby eram bem mais simples. Você comprava e jogava, sem ficar estudando inúmeras estratégias, sem se preocupar se receberia ou não o jogo em condições mínimas, se ele viria com todas os componentes, se ele viria mofado ou não, sem se preocupar se ele era quebrado ou não, se a expansão deixava tudo muito melhor tornando-se "obrigatória", e coisa e tal, e quando não havia toda essa neura de comprar sempre o "melhor jogo de todos os tempos desse mês".
Hoje eu fico cada dia mais espantando em como esse hobby que deveria ser apenas um experiência lúdica, um passatempo para gerar momentos descontraídos e felizes com quem se gosta, tem se tornado cada vez mais uma fonte de angústia, aborrecimento, frustração, revolta, e tem causado tantos problemas para a saúde mental de que participa dele.
Meus amigos, talvez seja difícil visualizar isso, pelo atual estado de coisas, mas houve um tempo, e nem faz tanto tempo assim, em que tudo o que importava era diversão e nada mais.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio