MPS Ferlet::
Pois é... Se você ainda achava que jogos de tabuleiro eram coisa de "nicho", essas 10 notícias vieram para te lembrar: o tabuleiro está na mesa, as peças estão se movendo e todo mundo está de olho no próximo lance.
Abraços!
Caro
MPS Ferlet
Essa notícia sobre o crescimento do mercado é realmente muito boa, mas há algumas considerações a se fazer:
A primeira consideração é que cada vez se torna mais preocupante essa expansão da Asmodée, para tentar monopolizar o mercado mundial de jogos. Não há, pelo menos até onde eu sei, nenhum exemplo de monopólio comercial que tenha sido benéfico para a comunidade. Se uma empresa monopoliza um mercado ela simplesmente pode ditar as regras, quanto os produtos vão custar, quanto será produzido por ano, quem poderá produzir, o que será produzido e por aí vai. No mercado nacional nós vemos isso com a Galápagos/Asmodée que simplesmente dá zero atenção ao problema dos jogos lacrados e mofados, e nos compradores os reais prejudicados, se não estivermos satisfeitos, que escolham outro hobby. Todo mundo gosta muito de dizer que nós vivemos no capitalismo, e temos de nos ater aas regras, mas os principais pilares do capitalismo, a livre iniciativa e a livre concorrência são a antítese do monopólio. Quando esses dois pilares do capitalismo são afetados o que surge é o capitalismo selvagem, que é o tipo de capitalismo que nós brasileiros sempre vivenciamos, durante séculos e que nos colocou na situação precária socioeconômica em que estamos hoje, e que sempre impediu que pudéssemos explorar todo o nosso potencial. Claro que não há muito o que possamos fazer, mas pelo menos podemos refletir a respeito do valor e importância de apoiarmos editoras pequenas e independentes, porque talvez elas sejam a única alternativa em um futuro mais sombrio.
A segunda consideração é que realmente é muito bom ver que o mercado está crescendo, mas o que importa mesmo é quando é que esse crescimento vai refletir no barateamento dos jogos, se é que isso ocorrerá algum dia. É de se esperar que quando as empresas de jogos têm um aumento exponencial na quantidade de jogos produzidos, lançados e vendidos, seja possível reduzir a margem de lucros, cobrando menos para atrair mais compradores para esse mercado. Isso é relevante, porque para aqueles menos abastados que continuam comprando jogos não fará a menor diferença que o mercado tenha crescido se os preços dos jogos continuarem proibitivos. Quando muito, o que se terá são mais títulos lançados todos os anos, mas que boa parte da comunidade continuará sem condições de comprar.
A terceira consideração é a respeito do aumento das tiragens, e eu nem digo em relação a uma eventual queda nos preços dos jogos. Eu falo é da possibilidade de comprar esses jogos, quando se tem dinheiro para tal. Como dito antes é de se imaginar que esse aumento vertiginoso de 50% reflita também no aumento das tiragens, e por conta disso, os jogos deixem de se esgotar apenas uma semana após o lançamento. O problema é quando se pensa por exemplo no Heat ou no Sky Team, que sumiram das lojas mais rápido que um carro de corrida ou que um avião comercial. Mais uma vez, pouco interessa para os consumidores que o mercado tenha crescido 50%, se continuar a dificuldade de comprar jogos porque eles já se esgotam assim que chegam às lojas.
Por fim, eu não sou nenhum arauto do caos, nem sou do time do "quanto pior, melhor", mas eu acho que será muito melhor quando nós pudermos anunciar que esse crescimento do mercado de jogos seja bom para todos, ou seja, para quem cria, quem produz, quem vende e principalmente para quem compra, e não apenas para as grandes empresas do setor.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio