
As laranjas de Trajano – uma historinha boardgamística
Recentemente estou me divertindo muito ao retornar minha coleção de jogos para aquela da “época que comecei”. Vendi muitos jogos e então comprei alguns que já tive antes. Um deles foi o Trajan, do meu amigo @Djow_, que veio cheio de caprichos: tokens com as bordas cortadas do papelão pintadas da cor do token, sacolinhas coloridas e um organizador específico para as fichas de trajano, além de algumas ânforas de uma bebida cítrica gaseificada e adoçada com o moderno “mel das índias”, uma especialidade Tubaronesca.
No entanto, na província da Hispania Baetica, que não está no tabuleiro do jogo, mas é justamente onde nasceu Trajano, algo chamou a atenção do decurião Maximus Suspicio Totus: um dos barcos estava sem a pintura de canetinha nas laterais. Todas as mercadorias e tokens estavam pintados, mas não o barco. Era um barco onde todas as quatro mercadorias estavam declaradas como iguais, para máxima pontuação. A resposta
Questionando o capitão da nau, este respondeu que era questão de design, pois as embarcações possuem cores diferentes em seus tokens nos lados cheio / vazio. Segue o seu depoimento:
[04/06/2025, 08:32:33] Isso aí foi uma escolha de design
[04/06/2025, 08:32:51] Pq os barcos tem cores diferentes na frente e verso
[04/06/2025, 08:33:18] Ai não quis aplicar cor pra não deixar nem frente nem verso tristes por teres sido desfavorecidos
Entretanto, o decurião notou que uma parte dos tokens de bonus do jogo também possui dois lados diferentes, mas estavam todos pintados.

(as evidências que desmarcararam todo o plot)
Com um pensamento Sherloquiano, o perspicaz decurião reportou os fatos ao centurião Maximus Xisnovius, que prontamente ordenou que desembarcassem todas as cartas de pesado mármore que o casco repleto carregava. Foram dias de trabalho dos escravos bretões e cartaginenses até o esvaziamento completo. Não havendo nada estranho em meio a carga, o centurião fez como que iria liberar a embarcação para seguir seu rumo.
Mas o decurião Maximus Suspicio Totus estava ainda insatisfeito. Marinheiro experiente, ele verificou que o navio flutuava estranhamente baixo para um casco descarregado de seu mármore. Com autorização do centurião, adentrou o navio com dois soldados e instrumentos de marcenaria. Chegando no nível mais baixo, eles já sentiram o cheiro cítrico. Eles abriram o selo do porão de lastro do navio para se depararem com uma enorme quantidade de ânforas da bebida tubaronesca. Nas alças das ânforas estava gravado o conteúdo e procedência: “Companhia de bebidas gaseificadas Água da Serra, Tubarão/SC” e “Laranjinha, safra do ano da enchente MDCDLXXII”.
O centurião Xisnovius ordenou que todas as ânforas fossem esvaziadas no mar como contrabando (exceto a maior de todas, que levou para seu escritório como amostra da prova para fins exclusivamente administrativos e testes de sabor e textura). O decurião Suspicio Totus foi promovido a centurião da segunda Legio Hispanica.
Este post NÃO foi patrocinado pela Laranjinha Água da Serra