Excelente reflexão.
Em algum momento da minha trajetória lúdica, eu já fui uma pessoa próxima dessa ilustração que você elaborou muito bem no seu texto. Eu queria adquirir determinados jogos só porque eles eram complexos, eles faziam com que eu me sentisse especial, inteligente, mas na realidade eu mesmo não tinha paciência para dominar esses jogos, muito menos para explicar as regras a eventuais corajosos que topassem encarar as planilhas de Excel. Moral da história: vários jogos super conceituados pela crítica especializada, eternos clássicos da inteligência lúdica, mas que na minha prática nunca viram uma mesa, apenas enfeitaram a estante por um tempo até serem vendidos para lares que (esperançosamente) jogarão de fato esses jogos como eles merecem.
O oposto também era verdade, como você pontuou muito bem, pouco a pouco eu fui nutrindo uma aversão aos jogos casuais, ao party, sendo que na realidade esses eram sempre os mais pedidos. Também já quebrei a cara lindamente subestimando jogos simples e apanhando feio de pessoas que acabaram de aprender as regras. A vida ensina. Tive que colocar minha arrogância de lado e rever os meus conceitos.
No fim, hoje eu jogo no máximo um euro médio. Acho que o mais pesado da minha coleção é o Through the Ages, mas que eu tenho dezenas de partidas e sei ensinar com segurança, eu não teria paciência para ter "dois Through the Ages" na coleção. De resto, aprecio muito jogos como Concordia, Puerto Rico, Tigris & Euphrates e El Grande, que fazem muito com não tanto.
É importante reforçar, contudo, que não tem nada de errado em apreciar e jogar jogos pesados. O problema, como o autor ressaltou muito bem, está na atitude que infelizmente muitas vezes vem atrelada a esse tipo de perfil.
Independentemente do gosto pessoal, simples, complexo, hiper casual, joguem e não julguem, jovens.