Joguei duas partidas seguidas da primeira edição do Study in Emerald e muitos meses depois joguei duas partidas seguidas da segunda edição.
Vou buscar na memória as minhas impressões sobre a primeira e tratar também da segunda, mais recente. A comparação é inevitável, embora eu ache que ambas sejam boas para grupos diferentes, pois a segunda é bem mais simples.
Jogamos a primeira edição em quatro jogadores. A primeira partida durou em torno de uma hora e meia e a segunda durou apenas quinze minutos! Fiquei bem impressionado com a arte do tabuleiro e das cartas, em especial. Não tivemos problemas com as regras, embora tivesse muitos detalhes, como é peculiar dos jogos do Martin Wallace.
Jogamos a segunda edição em três jogadores. As duas partidas duraram em torno de uma hora e quinze minutos. Achei a arte menos interessante, embora funcional. Tivemos um problema com a regra de atualização dos pontos de trilha de Lealistas / Restauracionistas, onde temos que atualizar os pontos de todos os jogadores sempre que alguém as aciona e gera alguma diferença entre elas. O texto não nos pareceu muito claro, jogamos isso de modo errado e posteriormente li em fóruns que há uma solução muito mais simples do que a regra oficial propõe: basta usar um marcador extra e atualizar a pontuação de fim de jogo com este marcador, em vez de atualizar os pontos de todo mundo (quem sabe a edição nacional já traz esta sugestão, claramente melhor).
Na primeira edição, iniciamos uma grande disputa pela maioria de peças nas cidades e nas cartas, uma vez que ter a maioria nos dá o direito de pegar a carta correspondente ou conquistar uma cidade e, principalmente, ganhar seus pontos. Na primeira edição é possível colocar marcadores que bolqueiam os locais, na segunda não tem isso, o que deixa o jogo um pouco mais ágil. A partida se desenvolveu com os jogadores tentando pegar as cartas de cidades assim como as que aparecem em cada local, melhorando assim seu conjunto de cartas, construindo seu deck. Na primeira edição, quando alguém obtém a maioria em uma cidade que outro jogador já possua, este perde a carta E os pontos. Causando um grande vai-e-vem na pontuação e trata-se de um ponto forte da disputa. Isto é uma grande diferença para a segunda edição, onde não há nada isso. Talvez esse seja o ponto que eu tenha sentido a maior diferença no modo de jogar. Essa mecânica de pontuação, semelhante à existente também em Mythotopia, deixa margem para contra-ataques e defesas futuras. A segunda edição, não. Na segunda, se os jogadores deixarem um jogador pegar uma carta de cidade facilmente, e se ela valer cinco pontos, por exemplo, pronto, não há como recuperá-los. Isto deixa as disputas um pouco mais agressivas, a meu ver. E em uma partida com três jogadores, é comum que dois jogadores acabem por favorecer involuntariamente um terceiro, que pode ir buscar locais menos disputados, enquanto os dois primeiros estabelecem uma disputa mais acirrada em alguma cidade.
Outra característica da primeira que desapareceu é a necessidade de ter moedas para deslocar seus agentes pelo tabuleiro e conseguir chegar em locais distantes. Na segunda edição não há custo para deslocamento e com apenas uma carta se pode mover um agente para qualquer cidade. Os agentes também estão bastante simplificados. Na primeira edição, um agente pode ter dupla identidade, de acordo com a carta correspondente a ele. Na segunda, os agentes são genéricos e estão sempre vinculados ao lado que o jogador está jogando.
Outra coisa que ficou menos cruel é a punição para o jogador que fizer menos pontos. Na primeira edição, todos aqueles que estiverem do mesmo lado que o último jogador são eliminados. Na segunda, o time do último perde cinco pontos. É suficiente para reduzir muito as chances de vitória, mas não a elimina.
Enfim, são jogos com o mesmo tema, o mesmo autor e dinâmicas bastante distintas. A primeira tornou-se raridade pois não deverá ser reeditada. A segunda deve até receber uma edição brasileira. Tomara. Será mais um bom jogo a despontar por estas bandas. Nosso mercado merece.
De modo geral, gostei da segunda edição e creio que por ser mais simples, conseguirá ver mesa muitas vezes.
Para quem joga sem ligar muito para o tema, não recomendo este jogo. Especialmente porque a pontuação final é cheia de detalhes ligados ao lado que se está defendendo. Se ao longo do jogo, um jogador tiver obtido pontos que são valorizados pelo lado oposto, estes pontos são invalidados no fim e terão servido apenas para: 1) enganar os outros quanto à suas preferências; 2) desencadear o fim da partida, caso tenha atingido a pontuação-chave; 3) impedir que jogadores do outro lado obtivessem esses pontos. Nestes casos, como é um jogo relativamente rápido e as ações escassas, não sei se vale tanto a pena lutar por pontos que serão desconsiderados no final.