Olá, Nadia.
Gosto quando puxam esse assunto por aqui, pois é muito pertinente e mais atual do que nunca.
Antes de mais nada eu queria dizer que acho a comparação dos jogos de tabuleiro com as Bets um pouco descabida porque a lógica por detrás do vício em cada um deles é bem diferente, mas eu super entendo a sua colocação e a sua angústia.
Quase Lukitei desse hobby... mais de uma vez inclusive! Não estava me fazendo bem. Sentia muita angústia, frustração e pesar por gastar com jogos que muitas vezes nem viam mesa.
O que eu fiz para recuperar (um pouco) da minha sanidade mental?
Em primeiro lugar eu deixei de acompanhar a grande maioria dos produtores de conteúdo de jogos de tabuleiro. Já tive essa discussão antes com uns amigos e vou tentar resumir o meu ponto: o conteúdo produzido atualmente, de modo geral, é bastante irrelevante para mim e só serve para me gerar ansiedade e frustração. Esse não foi um processo fácil, mas foi natural para mim já que...
Por diversos motivos que não vem bem ao caso, eu decide fortaceler o meu pensamento crítico a respeito do que consumo. Isso inclui pensar os jogos não como mero entretenimento e muito menos reduzí-los a seus aspectos mecânicos. Mas sim fazer uma análise estética de que tipo de discurso eles promovem e como estão inseridos no sistema de objetos culturais que produzimos e consumimos. Dessa forma ficou muito mais fácil:
Me desapegar dos jogos que simplesmente não conversam com meus valores ou que por ventura não veem mesa, seja lá qual for o motivo. Jogos com temática de guerra não fazem nosso gosto por aqui e por melhor que sejam nem me preocupo em correr atrás de informação a respeito deles. Também não tive nenhum dó de vender meu Tigris e Euphraes ou meu Power Grid, jogos consagrados que viam pouquíssima mesa. Ajuda bastante nesse processo se você chegar a conclusão que nenhum jogo é insubstituível e que há sim muito mais semelhanças do que diferenças entre eles.
Reduzi meu acervo a 40 títulos, o que já considero muito, e o limitei ao tamanho da minha estante, que já está quase que complemetamente cheia.
Outra coisa que me ajudou bastante foi manter outros hobbys além dos jogos de tabuleiro. Ou apenas dividir a minha atenção com outras atividades, como práticas esportivas ou leitura, que eu adoro. Fazer um pouquinho de várias coisas, como cozinhar, ir ao cinema, andar, estudar e etc... enfim, ter uma vida com diversidade de interesses, ajudou a retirar o hiper foco que eu estava colocando nos jogos. E vale lembrar que a vida vai muito além dos jogos, que há coisas muito mais importantes do que isso.
Por último, mas não menos óbvio: jogar! E manter uma comunidade ativa de pessoas que gostam de você, mais do que dos jogos. Ultimamente tenho me divertido muito jogando com a minha família os jogos que já tenho, mesmo os mais "fuleiros", e não tenho a pretensão de me tornar campeão mundial de nada, nem de me tornar Sommelier de qualquer coisa. A descoberta de novos jogos tem que ser uma coisa natural e casual para mim, especialmente em um hobby extremamente elitista como esse.
Não sei se essas dicas ajudarão você, mas certamente me ajudaram a reduzir os meus gastos com bobagens, a sentir menos raiva e a me satisfazer com aquilo que eu já possuo.