A tendência do mercado é essa, superfaturar os produtos na medida certa para que a perda de vendas não tenha impacto. Vamos ver até onde conseguem esganar a galinha dos ovos de ouro deles.

Os números estão atingindo patamares astronômicos. É chocante.

elprovolone::A tendência do mercado é essa, superfaturar os produtos na medida certa para que a perda de vendas não tenha impacto. Vamos ver até onde conseguem esganar a galinha dos ovos de ouro deles.

LrzPlays:: Os números estão atingindo patamares astronômicos. É chocante.

Caros elprovolone e Lorenzo (LrzPlays)

Vocês vejam como são as coisas, e como o mundo parece às avessas. A empresa vende menos produtos, mas mesmo assim ganha mais dinheiro. Isso é um contrassenso total, porque o lógico é vender mais e ganhar mais. Só que o que se verifica na realidade é exatamente isso (vender menos e ganhar mais), mesmo que isso não faça sentido. Desse modo, para que um cenário desses ocorra, e a lógica se subverta, é fundamental que um outro fator externo entre em cena. Nesse caso, esse fator externo é o superfaturamento, que permite um lucro maior só que artificialmente. 

Só para ficar em um exemplo, bem simples, se você produz e vende 10 sapatos por R$ 30,00 cada um, e trabalha com uma margem de lucro de 20% ( números totalmente hipotéticos), então o lucro total é R$ 60,00.  Agora se você produz e vende um único sapato, mas vende por $ 400,00, mantendo a mesma margem de lucro de 20%, o seu lucro passa a ser R$ 80,00. Em outras palavras você vendeu dez vezes menos produtos, e ainda assim o seu lucro subiu pouco mais de 7%, se a matemática não me engana. Isso a princípio seria ótimo para a empresa. Quem não quer trabalhar menos e receber mais? Só que essa moeda tem um outro lado. Mantendo o nosso exemplo fictício, o sapato que custava R$ 30,00 era muito mais acessível, por isso muito mais gente comprava, porque tinha condições disso. Quando o preço subiu para R$ 400,00, automaticamente o público alvo desse produto mudou completamente, e esse sapato passou a ser um produto para poucos, para muito poucos. Isso sem falar que uma pessoa não compra sapatos toda a semana, às vezes nem todos os meses, a menos que essa pessoa tenha algum fetiche em sapatos. Desse modo, para manter esse "milagre da lucratividade", (lucro maior com um produção e venda menor), é necessário que essa pessoa com maior poder aquisitivo continue comprando esses sapatos com preço altíssimo. Isso porque os antigos compradores que pagavam R$ 30,00 no sapato, certamente não têm mais condições financeiras de continuar comprando. Com isso certamente esses antigos compradores já migraram para uma outra marca mais modesta e barata, que esteja dentro da sua realidade socioeconômica, porque ninguém anda descalço. 

No caso dos board games essa é, muito provavelmente, uma boa explicação do motivo do HYPE e do FOMO serem tão valorizados pelas editoras de jogos, e o que justifica as empresas investirem tanto nisso. É através do HYPE e do FOMO que elas convencem a nós compradores, a continuarmos comprando jogos a preços altíssimos, mesmo que nós tenhamos dezenas de jogos praticamente iguais na prateleira. É assim que surge o novo lançamento da vez que é promovido e vendido como um "segundo Carcassonne" ou um "novo Azul", e que além de ser o "melhor jogo de todos os tempos dessa semana", também é "obrigatório em qualquer coleção". 

O mais interessante disso tudo é que, como eu sempre digo e não me canso de repetir, essa história de "vender menos e mais caro" é diametralmente o oposto do mantra chinês da prosperidade "vender mais barato, para a maior quantidade de pessoas". Esse é o segredo do verdadeiro milagre que fez a China deixar de ser uma país irrelevante economicamente nos anos 80/90, e sinônimo de produtos de baixa qualidade (que não lembra da expressão ching-ling?!?!) ou piratas, e se tornar a potência econômica que ela é hoje em apenas algumas décadas, capaz até de rivalizar com os todos poderosos EUA. Existe uma razão para os boards games serem quase3 todos rodados na China há anos, e certamente isso não tem nada a ver com produzir menos e vender mais caro, aliás muito pelo contrário.

Ocorre que, aparentemente algumas empresas do setor já estão vendo que esse futuro de "cobrar mais e vender menos" é insustentável no longo prazo, a menos que você seja uma líder de mercado como a Editora da Lagartixa, e já estão investindo pesado em jogo festivos de cartas. Hoje nós já até cunhamos um termo chique para valorizar uma categoria dos jogos modernos de carta que são os "jogos de vaza", que hoje estão na moda e são super valorizados, e a cada dia vendem mais. Enquanto isso os jogos mais encorpados, com mais componentes, mais complexidade e mias estrutura tem tiragens cada vez menores e custam cada vez mais caro. 

Em uma cenário desses não dá para ter muita dúvida sobre qual caminho o hobby vai tomar...   
 
Um forte abraço e boas jogatinas!

Iuri Buscácio
 

Nossa que números! Mas querendo vender de qualquer forma, mercado de boardgames e minúsculo e cada vez ficando mais caro.

Capitalismo hoje se transformou nisso: vender menos e lucrar mais. Carros, jogos, eletrodomésticos... Tudo cada vez mais caro. E aí, aparecem as marcas chinesas mostrando que é possível ter qualidade a preço justo.

O que será a Asmodee sem o dinheiro da Embracer?

Soma-se esse superfaturamento com o dólar passando de 6 pratas, mais imposto de importação ficando cada vez mais caro chegamos ao divisor de que no curto prazo esse resultado vai colapsar no Brasil.

Gourmetização é a última moda!

senajuliano::Soma-se esse superfaturamento com o dólar passando de 6 pratas, mais imposto de importação ficando cada vez mais caro chegamos ao divisor de que no curto prazo esse resultado vai colapsar no Brasil.

Pela necessidade, é até pelo valor, imposto eh o menor dos problemas. O que mais impacta na economia, sobretudo no Brasil, eh a (nanica) distribuição de renda, com os trabalhadores cada vez mais sobrecarregados, e ganhando menos, e com menos tempo de fazer algo produtivo para si, some-se a isso o dólar nas alturas e o alto custo no frete / transporte (tanto na importação, como dentro do nosso país). Abçs.