Logo Ludopedia
Novidades
  • Informações
  • Ludonews
  • Lançamentos
  • O que vem por ai
  • Em Breve
  • Anúncios
  • Financiamento Coletivo
Jogos
  • Pesquisa
  • Todos os Jogos
  • Editoras
  • Domínios
  • Categorias
  • Temas
  • Mecânicas
  • Ranking
  • Board Games
  • RPG
  • +Rankings
  • Por Dentro
  • Ludozine
  • Análises
  • Dúvida de Regras
  • Aprenda a Jogar
  • Jogatinas
  • Ludopedia
  • Prêmio Ludopedia
  • Censo Ludopedia
  • Colaborar
  • Cadastro de Jogo
Comunidade
  • Fórum
  • Todos os fóruns
  • Tópicos Recentes
  • Últimas 24 horas
  • Listas
  • Todas as listas
  • Listas Mais Vistas
  • Mídias
  • Canais
  • Podcasts
  • Conteúdo
  • Grupos
  • Arquivos
  • Imagens
  • Videos
Mercado
  • Ludostore
  • Marketplace
  • Leilões
  • Todos os Anúncios
  • Quero Vender
  • Smart Trails
  • Todas as Categorias
  • Lançamentos
Jogos ({{totalJogos}}) Mercado ({{totalAnuncios}}) Tópicos ({{totalTopicos}}) Usuários ({{totalUsuarios}}) Canais ({{totalCanais}}) Listas ({{totalListas}})
Nenhum Jogo Encontrado
  • {{jogo.nm_jogo}} ({{jogo.ano_publicacao}}) {{jogo.nm_distribuidora}} {{jogo.qt_jogadores_str}} {{jogo.tempo_jogo}}
Nenhum Anúncio Encontrado
  • {{anuncio.nm_item}} {{anuncio.qtde}} anúncios A partir de {{anuncio.vl_venda|formataValor}}
Nenhum Tópico Encontrado
  • {{topico.titulo}} Por {{topico.usuario}} {{topico.nm_jogo}}
Nenhuma Lista Encontrada
  • {{lista.nm_lista}} Por {{lista.usuario}} {{lista.qt_itens|plural('item', 'itens')}}
Nenhum Usuário Encontrado
  • {{usuario.usuario}} Membro desde {{usuario.dt_cadastro|mesAnoExtenso}}
Nenhum Canal Encontrado
  • {{canal.nm_canal}} {{canal.qt_postagens|plural('postagem','postagens')}} Última {{canal.dt_ultima_postagem|dataHoraHuman}}
Ver todos os resultados ({{totalJogos}}) Ver todos os resultados ({{totalAnuncios}}) Ver todos os resultados ({{totalTopicos}}) Ver todos os resultados ({{totalUsuarios}}) Ver todos os resultados ({{totalCanais}}) Ver todos os resultados ({{totalListas}})
Entrar Cadastre-se

Acesse sua conta

Crie sua Conta
Ou acesse com as redes sociais

Crie sua conta

Ou utilize suas redes sociais

Menu de Navegação

  • Novidades
    • Informações
    • Ludonews
    • Lançamentos
    • O que vêm por aí
    • Em Breve
    • Anúncios
    • Financiamento Coletivo
  • Jogos
    • Pesquisa
    • Todos os Jogos
    • Editoras
    • Domínios
    • Categorias
    • Temas
    • Mecânicas
    • Ranking
    • Board Games
    • RPG
    • +Rankings
    • Por Dentro
    • Ludozine
    • Análises
    • Dúvida de Regras
    • Aprenda a Jogar
    • Jogatinas
    • Ludopedia
    • Prêmio Ludopedia
    • Censo Ludopedia
    • Colaborar
    • Cadastro de Jogo
  • Comunidade
    • Fórum
    • Todos os fóruns
    • Tópicos Recentes
    • Últimas 24 horas
    • Listas
    • Todas as listas
    • Listas Mais Vistas
    • Mídias
    • Canais
    • Podcasts
    • Conteúdo
    • Grupos
    • Arquivos
    • Imagens
    • Videos
  • Mercado
    • Ludostore
    • Marketplace
    • Leilões
    • Todos os Anúncios
    • Quero Vender
    • Smart Trails
    • Todas as Categorias
    • Últimos Lançamentos

Minha Conta

Avatar

0
  • Usuário
  • Perfil
  • Coleção
  • Partidas
  • Partidas Pendentes
  • Badges
  • Chamados
  • Grupos
  • Canais
  • Edições
  • Seguindo
  • Meeps
  • Saldo Meeps
  • Atividades Meeps
Ver tudo
  • {{notificacao.dt_notificacao|dataHoraHuman}}
Ver tudo
  • {{mensagem.assunto}} ({{mensagem.resumo}})
    {{mensagem.usuario}} - {{mensagem.dt_mensagem|dataHoraHuman}}
Ver tudo
  • {{config.descricao}}
  • Como Comprador
  • Meu Mercado
  • Minhas Compras
  • Avaliações Pendentes
  • Reembolsos
  • Endereços
  • Como Vendedor
  • Minhas Vendas
  • Meus Anúncios
  • Meus Leilões
  • Pergunta não Respondidas
  • Aguardando Envio
  • Meu Saldo
Fale conosco Ajuda Sair da conta
  • Menu
  • Jogos
    • Lançamentos Nacionais
    • Ranking
    • Prêmio Ludopedia
    • Cadastrar um jogo
    • Pesquisa
    • Pesquisa Avançada
    • Editoras
    • Domínios
    • Categorias
    • Temas
    • Mecânicas
  • Canais
    • Últimas Postagens
    • Últimas Postagens - Inscritos
    • Canais
    • Canais - Inscritos
    • Meus Canais
  • Fórum
    • Fóruns
    • Tópicos Recentes
    • Tópicos que sigo
    • Últimas 24 Horas
    • Tópicos Não Lidos
    • Tópicos Favoritos
    • Criar um Tópico
  • Listas
    • Listas Recentes
    • Listas Não Lidas
    • Minhas Listas
    • Listas Favoritas
    • Criar uma Lista
  • Mercado
    • Ludostore
    • Meu Mercado
    • Anúncios
    • Leilões
    • Trocas
    • Criar um anúncio
    • Criar um Leilão
  • Vídeos
    • Todos os Vídeos
    • Análise
    • Customização
    • Entrevista
    • Evento
    • Jogatina
    • Regras
    • Unboxing
    • Subir um vídeo
  • Multimídia
    • Arquivos
    • Imagens
    • Subir Arquivo
    • Subir Imagens
  • Podcasts
    • Todos Podcasts
    • Últimos episódios
  • Grupos
    • Pesquisar um Grupo
    • Meus Grupos
    • Criar um Grupo
  • Partidas
    • Minhas Partidas
    • Cadastrar uma Partida
  • Sobre
    • Fale Conosco
  1. Fórum
  2. Análises
  3. Puerto Rico
  4. Puerto Rico: entre o eurocentrismo e o refinamento estratégico

Puerto Rico: entre o eurocentrismo e o refinamento estratégico

Puerto Rico
  • Leo Pedra
    18 mensagens MD
    avatar
    Leo Pedra22/12/24 14:31
    Leo Pedra » 22/12/24 14:31

    iuribuscacio::
    Leo Pedra::
    Muito mimimi por causa de um jogo de papelão. Não vejo esse mesmo ativismo pra proibir filmes à rodo sobre o tema, Dois pesos, duas medidas.

    Caro Leo Pedra

    Com todo o respeito, eu acho que no seu comentário você não considerou algo muito importante e que faz toda a diferença.

    O que você fez foi igualar uma prática profissional com um momento de lazer, que são duas coisas totalmente diferentes, e até antagônicas.

    Um ator profissional quando interpreta um papel, por razões óbvias, utiliza um mecanismo de distanciamento do personagem, principalmente no caso de papéis controversos. Se não fosse assim, Anthony Hopkins não poderia ter interpretado Hanibal Lecter em "Silêncio dos Inocentes". Ninguém em seu juízo perfeito vai achar que esse excelente ator britânico acha normal ser um psicopata ou que ele acha isso legal e que não tem problema algum. O mesmo se pode dizer no caso de Malcolm McDowell em relação ao sadismo de "Calígula" ou da ultra violência de Alex em "Laranja Mecânica".

    E mesmo no caso dos filmes sobre escravidão que você citou, obviamente, o fato de Michael Fassbender atuar no papel de um senhor de escravos sádico em "12 anos de Escravidão", e estuprar a personagem de Lupita Nyong'o, porque como sua escrava para o personagem de Fassbender a personagem de Nyong'o n!ao era um ser humano mas uma propriedade sua, para ser utilizada como ele bem entendesse. É óbvio que nesse acaso ele está atuando profissionalmente e que de forma alguma ele endossa esse tipo de pensamento, e nem mesmo acha que não há problema algum em achar que a escravidão não tem problema algum, e é apenas mais um fato histórico sem maiores repercussões.

    Por outro lado, quando a pessoa está no seu momento de lazer, ela pode escolher uma infinidade de formas de se distrair e que lhe darão prazer. Por isso é no mínimo muito estranho e absolutamente perturbador imaginar que uma pessoa vá escolher justamente encarnar um "senhor de escravos", em seus momentos de lazer, como forma de se distrair e como algo lhe dê prazer. 

    Agora, se você acha que fazer um papel tão vil, execrável e desumano feito um "senhor de escravos", é algo perfeitamente normal, que não lhe afeta de forma alguma, nem mesmo no mais elementar e básico nível de empatia humana, infelizmente tudo o que eu posso fazer é lamentar, e lamentar muito, mas muito mesmo, por si.

    Lamentavelmente.

    Iuri Buscácio 
           
        
          

    Respeito seu direito de expressão, só não concordo com ele. Abraço 

    4
  • iuribuscacio
    3120 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio22/12/24 15:10
    iuribuscacio » 22/12/24 15:10

    Leo Pedra::          
    Respeito seu direito de expressão, só não concordo com ele. Abraço 

    Caro Leo Pedra

    Eu digo exatamente o mesmo em relação a si. Na impossibilidade de se chegar a um consenso, o mínimo que se pode fazer é manter o respeito e a convivência pacífica e urbana.

    Respeitosamente.

    Iuri Buscácio 

    4
  • RaphaelGuri
    1385 mensagens MD
    avatar
    RaphaelGuri22/12/24 16:36
    RaphaelGuri » 22/12/24 16:36

    Sobre a necessidade de um jogo assim existir, trago uma reflexão:

    Nós somos frutos de uma cultura que aceita a violência e a trata, muitas vezes, como um método catártico de sublimação, ou seja, é através de uma violência forjada, falsa, que suprimo, e até compreendo, o meu eu inerentemente violento. Em outras palavras, ver um filme de terror ou do Rambo ou do 007 são formas de coexistir com uma cultura violenta de forma mais saudável. Não por isso, contudo, que compartilhamos destes mesmos valores. Uma pessoa pode assistir A Cor Púrpura e chorar, mas jogar Puerto Rico e sequer notar o contexto. Séries de serial killers sempre fazem muito sucesso. Tudo vai depender da forma com que a obra é consumida. Vamos colocar um determinado jogo na mesa, notando o fundo histórico ou vamos ignorar por completo? Esse é o ponto principal, afinal sem uma régua ligeiramente flexível, não apenas teriamos apenas Tindaya ou Spirit Island, como não conseguiriamos aprender a suportar o peso que é simplesmente viver.


    Logo, a existência do jogo se faz necessária, mesmo que presa em um espaço-tempo específico, pois sem ele, não teriamos espaço para essa discussão e não teriamos como modificar nossa cultura a ponto de dizer: "essa coisa não faz mais sentido". 

    Por fim, alguns vão achar "mimimi", mas talvez isso se deva por estarem apenas em um tempo diferente do nosso. Devemos ainda tomar cuidado e não exagerar nessa "dose de realidade", pois se formos nos fechar à nossa natureza, acreditando que uma ruptura drástica resolverá alguma coisa, estaremos só nos fechando ao mundo e as possibilidades.

    8
  • iuribuscacio
    3120 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio22/12/24 17:32
    iuribuscacio » 22/12/24 17:32

    RaphaelGuri::Sobre a necessidade de um jogo assim existir, trago uma reflexão:

    Nós somos frutos de uma cultura que aceita a violência e a trata, muitas vezes, como um método catártico de sublimação, ou seja, é através de uma violência forjada, falsa, que suprimo, e até compreendo, o meu eu inerentemente violento. Em outras palavras, ver um filme de terror ou do Rambo ou do 007 são formas de coexistir com uma cultura violenta de forma mais saudável. Não por isso, contudo, que compartilhamos destes mesmos valores. Uma pessoa pode assistir A Cor Púrpura e chorar, mas jogar Puerto Rico e sequer notar o contexto. Séries de serial killers sempre fazem muito sucesso. Tudo vai depender da forma com que a obra é consumida. Vamos colocar um determinado jogo na mesa, notando o fundo histórico ou vamos ignorar por completo? Esse é o ponto principal, afinal sem uma régua ligeiramente flexível, não apenas teriamos apenas Tindaya ou Spirit Island, como não conseguiriamos aprender a suportar o peso que é simplesmente viver.


    Logo, a existência do jogo se faz necessária, mesmo que presa em um espaço-tempo específico, pois sem ele, não teriamos espaço para essa discussão e não teriamos como modificar nossa cultura a ponto de dizer: "essa coisa não faz mais sentido". 

    Por fim, alguns vão achar "mimimi", mas talvez isso se deva por estarem apenas em um tempo diferente do nosso. Devemos ainda tomar cuidado e não exagerar nessa "dose de realidade", pois se formos nos fechar à nossa natureza, acreditando que uma ruptura drástica resolverá alguma coisa, estaremos só nos fechando ao mundo e as possibilidades.

    Caro RaphaelGuri

    Eu acho que você foi direto ao cerne da questão.

    Veja bem, como eu disse antes, que não se trata aqui de defender o "banimento" do Puerto Rico, ou de deixar de jogá-lo. Torno a dizer que continuo jogando e continuo apreciando esse jogo, porque acho ele muito bom, e acho que as demais pessoas também não devem deixar de jogá-lo. Além disso, se nós formos radicalizar, literalmente não vai sobrar jogo de tabuleiro nenhum, porque analisando microscopicamente, em todo e qualquer jogo sempre vai aparecer uma ou outra questão, por menor que seja, que incomode alguém de alguma forma, mesmo que não seja, obviamente, com a mesma gravidade de questões tão importantes como racismo e escravidão.

    E se formos radicalizar mais ainda, num estilo "at absurdum", não era nem para estarmos jogando board game algum, porque eles são praticamente todos feitos na China, que é um país conhecido por ter leis trabalhistas (muito similares ao Brasil) que são solene e repetidamente ignoradas pelos empregadores, especialmente no caso de mão-de-obra não especializada, e o governo chinês pouco faz para coibir ou sequer fiscalizar esses abusos. Assim, desse ponto de vista radical ao extremo, mesmo jogos abstratos como o Azul, não estariam livres, de um eventual banimento, ou reprovação social. Só que mais uma vez, aí entra a diferença no nível de degradação humana decorrente de um trabalho que explora o trabalhador, mesmo que isso também mereça o nosso repúdio, para o nível de degradação humana decorrente do trabalho escravo, e isso para não falar na objetificação de seres humanos, em pesados castigos físicos por qualquer razão, bem como o direito de vida e morte. Nao dá nem para começar a comparar essas duas situações em termos de reprovação ética e social.  

    É por isso, que apesar da triste realidade que o jogo representa eu ainda defendo que se jogue o Puerto Rico. No entanto, na minha humilde opinião é imprescindível uma real e profunda consciência histórica daquilo que os jogadores representam nesse jogo. Nesse sentido, eu acredito profundamente, ou pelo menos prefiro acreditar que qualquer pessoa que desenvolva esse tipo de consciência histórica que eu acho tão importante, dificilmente essa pessoa vai se sentir confortável em desempenhar o papel de um "senhor de escravos". Isso torna ainda mais relevantes as mudanças implementadas com a versão Puerto Rico 1897, em que ao invés de africanos e indígenas escravizados, o que se tem são trabalhadores assalariados. Isso inclusive se reflete na caixa dessa nova versão. Evidentemente, como a versão Puerto Rico 1897 ainda não está ao alcance do público boardgamer brasileiro em geral, a solução que eu proponho é que pelo menos se modifique a postura e o entendimento do papel que os jogadores desempenham nesse jogo. Nesse aspecto dá até para continuar usando os disquinhos marrons, desde que se veja neles trabalhadores (mesmo que explorados) e não seres humanos escravizados. Isso já faz uma grande diferença, pelo menos para mim.

    Por outro lado, isso que eu descrevi acima é a minha regra ética e moral, que por óbvio, se aplica apenas a minha própria pessoa e a mais ninguém. Desse modo, se a pessoa consegue jogar Puerto Rico exatamente com a conotação extremamente negativa com que o jogo foi concebido, o que é que se pode fazer?!?!

    Outro fator, que se deve levar em conta é que muita gente joga board games, quase que unicamente por conta das mecânicas, sem dar a menor bola, para cenário, contexto histórico, ambientação, ou qualquer outro elemento que gere alguma imersão por menor que ela seja. Nesse caso, é possível que algumas pessoas simplesmente não se importem em nada se aquela peça representa um escravizado, como também não se importaria se a referida peça representasse um judeu a caminho da câmara de gás, ou uma criança de 8 anos prestes a ser violentada. Do mesmo modo, também pode existir pessoas que não se importem em nada com o cenário quando estão jogando, mas apenas nas mecânicas, e apesar disso também não se sintam confortáveis em fazer o papel de um escravagista, de um nazista ou de um pedófilo.

    Por fim, o que eu aprendi na minha vida é que simplesmente não há limite para a maldade, a perversão e a crueldade que um indivíduo pode desejar e praticar contra outro ser humano, da mesma forma como não existem limites para o altruísmo e a bondade humana. Da minha parte, eu me alinho mais com esses últimos do que como os primeiros. 
                 
    Um forte abraço e boas jogatinas natalinas!

    Iuri Buscácio

    5
  • RaphaelGuri
    1385 mensagens MD
    avatar
    RaphaelGuri22/12/24 17:56
    RaphaelGuri » 22/12/24 17:56

    iuribuscacio::
    RaphaelGuri::Sobre a necessidade de um jogo assim existir, trago uma reflexão:

    Nós somos frutos de uma cultura que aceita a violência e a trata, muitas vezes, como um método catártico de sublimação, ou seja, é através de uma violência forjada, falsa, que suprimo, e até compreendo, o meu eu inerentemente violento. Em outras palavras, ver um filme de terror ou do Rambo ou do 007 são formas de coexistir com uma cultura violenta de forma mais saudável. Não por isso, contudo, que compartilhamos destes mesmos valores. Uma pessoa pode assistir A Cor Púrpura e chorar, mas jogar Puerto Rico e sequer notar o contexto. Séries de serial killers sempre fazem muito sucesso. Tudo vai depender da forma com que a obra é consumida. Vamos colocar um determinado jogo na mesa, notando o fundo histórico ou vamos ignorar por completo? Esse é o ponto principal, afinal sem uma régua ligeiramente flexível, não apenas teriamos apenas Tindaya ou Spirit Island, como não conseguiriamos aprender a suportar o peso que é simplesmente viver.


    Logo, a existência do jogo se faz necessária, mesmo que presa em um espaço-tempo específico, pois sem ele, não teriamos espaço para essa discussão e não teriamos como modificar nossa cultura a ponto de dizer: "essa coisa não faz mais sentido". 

    Por fim, alguns vão achar "mimimi", mas talvez isso se deva por estarem apenas em um tempo diferente do nosso. Devemos ainda tomar cuidado e não exagerar nessa "dose de realidade", pois se formos nos fechar à nossa natureza, acreditando que uma ruptura drástica resolverá alguma coisa, estaremos só nos fechando ao mundo e as possibilidades.

    Caro RaphaelGuri

    Eu acho que você foi direto ao cerne da questão.

    Veja bem, como eu disse antes, que não se trata aqui de defender o "banimento" do Puerto Rico, ou de deixar de jogá-lo. Torno a dizer que continuo jogando e continuo apreciando esse jogo, porque acho ele muito bom, e acho que as demais pessoas também não devem deixar de jogá-lo. Além disso, se nós formos radicalizar, literalmente não vai sobrar jogo de tabuleiro nenhum, porque analisando microscopicamente, em todo e qualquer jogo sempre vai aparecer uma ou outra questão, por menor que seja, que incomode alguém de alguma forma, mesmo que não seja, obviamente, com a mesma gravidade de questões tão importantes como racismo e escravidão.

    E se formos radicalizar mais ainda, num estilo "at absurdum", não era nem para estarmos jogando board game algum, porque eles são praticamente todos feitos na China, que é um país conhecido por ter leis trabalhistas (muito similares ao Brasil) que são solene e repetidamente ignoradas pelos empregadores, especialmente no caso de mão-de-obra não especializada, e o governo chinês pouco faz para coibir ou sequer fiscalizar esses abusos. Assim, desse ponto de vista radical ao extremo, mesmo jogos abstratos como o Azul, não estariam livres, de um eventual banimento, ou reprovação social. Só que mais uma vez, aí entra a diferença no nível de degradação humana decorrente de um trabalho que explora o trabalhador, mesmo que isso também mereça o nosso repúdio, para o nível de degradação humana decorrente do trabalho escravo, e isso para não falar na objetificação de seres humanos, em pesados castigos físicos por qualquer razão, bem como o direito de vida e morte. Nao dá nem para começar a comparar essas duas situações em termos de reprovação ética e social.  

    É por isso, que apesar da triste realidade que o jogo representa eu ainda defendo que se jogue o Puerto Rico. No entanto, na minha humilde opinião é imprescindível uma real e profunda consciência histórica daquilo que os jogadores representam nesse jogo. Nesse sentido, eu acredito profundamente, ou pelo menos prefiro acreditar que qualquer pessoa que desenvolva esse tipo de consciência histórica que eu acho tão importante, dificilmente essa pessoa vai se sentir confortável em desempenhar o papel de um "senhor de escravos". Isso torna ainda mais relevantes as mudanças implementadas com a versão Puerto Rico 1897, em que ao invés de africanos e indígenas escravizados, o que se tem são trabalhadores assalariados. Isso inclusive se reflete na caixa dessa nova versão. Evidentemente, como a versão Puerto Rico 1897 ainda não está ao alcance do público boardgamer brasileiro em geral, a solução que eu proponho é que pelo menos se modifique a postura e o entendimento do papel que os jogadores desempenham nesse jogo. Nesse aspecto dá até para continuar usando os disquinhos marrons, desde que se veja neles trabalhadores (mesmo que explorados) e não seres humanos escravizados. Isso já faz uma grande diferença, pelo menos para mim.

    Por outro lado, isso que eu descrevi acima é a minha regra ética e moral, que por óbvio, se aplica apenas a minha própria pessoa e a mais ninguém. Desse modo, se a pessoa consegue jogar Puerto Rico exatamente com a conotação extremamente negativa com que o jogo foi concebido, o que é que se pode fazer?!?!

    Outro fator, que se deve levar em conta é que muita gente joga board games, quase que unicamente por conta das mecânicas, sem dar a menor bola, para cenário, contexto histórico, ambientação, ou qualquer outro elemento que gere alguma imersão por menor que ela seja. Nesse caso, é possível que algumas pessoas simplesmente não se importem em nada se aquela peça representa um escravizado, como também não se importaria se a referida peça representasse um judeu a caminho da câmara de gás, ou uma criança de 8 anos prestes a ser violentada. Do mesmo modo, também pode existir pessoas que não se importem em nada com o cenário quando estão jogando, mas apenas nas mecânicas, e apesar disso também não se sintam confortáveis em fazer o papel de um escravagista, de um nazista ou de um pedófilo.

    Por fim, o que eu aprendi na minha vida é que simplesmente não há limite para a maldade, a perversão e a crueldade que um indivíduo pode desejar e praticar contra outro ser humano, da mesma forma como não existem limites para o altruísmo e a bondade humana. Da minha parte, eu me alinho mais com esses últimos do que como os primeiros. 
                 
    Um forte abraço e boas jogatinas natalinas!

    Iuri Buscácio

    "se a pessoa consegue jogar Puerto Rico exatamente com a conotação extremamente negativa com que o jogo foi concebido, o que é que se pode fazer?!?!"
    RESPOSTA: nadicas de pitibiribas. E é isso. Claro que ALGO se pode fazer, mas não sera gamedesigner comercial, criador de conteúdo ou palpiteiro em fórum. É algo estrutural que precisa ter uma sólida base de conscientização: educação, psicoeducação e por ai em diante.

    De resto, como tu bem disse, Mestre Iuri: vamos jogar e, ao colocar algum jogo na mesa, usar como aprendizado se couber além do entretenimento. Se isso for alcançado, maravilha!!!

    Abraços! :) 

    6
  • fantafanta
    471 mensagens MD
    avatar
    fantafanta22/12/24 19:20
    fantafanta » 22/12/24 19:20

    RaphaelGuri::"se a pessoa consegue jogar Puerto Rico exatamente com a conotação extremamente negativa com que o jogo foi concebido, o que é que se pode fazer?!?!"
    RESPOSTA: nadicas de pitibiribas. E é isso. Claro que ALGO se pode fazer, mas não sera gamedesigner comercial, criador de conteúdo ou palpiteiro em fórum. 

    Olá, Raphael!
    Só discordo um pouco de você nesse ponto porque realmente quanto a experiência pessoal de cada um, não há muito o que fazer...
    Mas eu clamo por uma mudança no cenário atual do nosso hobby e colocar o jogos em crise, questionar suas premissas, já é fazer algo! 
    E os jogos, nesse sentido, podem funcionar como um chamamento para a ação!
    São tantas as obras de arte capazes de mudar as nossas perspectivas sobre a vida e nos mobilizar... e nisso pode incluir os jogos também!
    Eu lembro que quando criança eu queria ser paleontólogo. Estava vidrado em dinossauros e tudo o mais porque assisti ao Parque dos Dinossauros no cinema! Passei a pesquisar tudo a respeito do tema.
    Depois eu comecei a desenhar porque lia gibis do Batman e assistia à série animada na TV. Queria ser desenhista! Desenvolvi minha coordenação motora e trabalhei a minha criatividade ao ponto de me tornar ilustrador profissional.
    E por aí vai!
    É que a gente acaba puxando a conversa para um lado mais político, mas os jogos, assim como arte no geral, tem o poder de mudar a nossa vida em diferentes dimensões.
    Acho que a gente acaba perdendo um pouco desse sentimento de empolgação e deslumbramento porque estamos saturados, velhos de guerra e agora nos comover com isso talvez tenha se tornado bem mais difícil... Mas é possível!
    Basta constatar que graças aos jogos aprendi um tanto de coisas e fiz muitos amigos!
    Concordo que não é necessário levar tão a sério algo que deve ser, a princípio, uma brincadeira. Mas é uma linha muito tênue essa que divide o que é aceitável do que é de mau gosto... e ela acaba sendo construída coletivamente também. Por isso acho importante a discussão. Pelo menos assim espero que estejamos caminhando para construir um novo consenso coletivo que melhore nosso convívio. Talvez não leve a lugar nenhum mesmo... vai saber, mas não custa tentar!
    Agora sobre a responsabilidade dos Designers e editoras, é preciso ver caso a caso. A coisa é  evidentemente bem complexa. E digo isso porque nós vivemos num país em que o racismo e a injúria racial são criminalizados, por exemplo. Então há sim certos limites que não podem ser ultrapassados e que são estabelecidos por lei inclusive. Não que os autores de Puerto Rico devam ser criminalizados por isso... 
    Uma outra coisa que precisamos discutir também é qual a melhor forma de lidar com essas obras que trazem consigo questões problemáticas. Veja só o que aconteceu com o Monteiro Lobato, que sofreu uma tentativa de cancelamento. Eu realmente não sei se essa é a melhor maneira de lidar com a situação. Por isso comentei que é possível se divertir, até certo ponto, com praticamente qualquer coisa, desde que se mantenha o bom senso e o senso crítico. Tenho os meus limites e dentro do que posso escolher, escolho não jogar ou então ir jogar outra coisa.
    Mas o legal dessa história toda é que talvez, TALVEZ, algum Designer ou editora se comova com isso, decida pensar um pouco fora da caixinha e tente desenvolver novos jogos que sigam na contramão do que já está posto.

    4
  • Ricardo1984
    603 mensagens MD
    avatar
    Ricardo198422/12/24 19:27
    Ricardo1984 » 22/12/24 19:27

    Este é um tema muito interessante e relevante, e preciso confessar que sou uma das pessoas que lendo este tópico há 4 ou 5 anos iria pensar que tudo é apenas mimimi, que trata-se de um jogo e que reflete justamente o que aconteceu na realidade histórica.

    Um trecho do comentário do Iuri é realmente muito honesto em comparar qual grau de satisfação que teríamos em entrarmos num papel de senhor dos escravos e fazer deles aquilo que desejássemos, a depender da estratégia e tática do jogo, ou então como agentes do exercíto nazista precisando espionar, capturar e exterminar judeus, homossexuais, etc.

    Se o tópico cabe discussão, eu defendo e defenderei que ela precise ser ampla, uma vez que é relmente prazeroso "discutir" com quem concorda e pensa rigorosamente com tudo o que eu também penso, mas não quero e não consigo debater com aqueles que destoam do meu pensamento. 

    Minha visão: não acho que haja um problema histórico, tão pouco ideológico por de trás disso tudo, e preciso falar de forma direta: é político, hoje é político.

    Quando trabalhamos "valores" dentro das pessoas nós inevitavelmente teremos discussões, afinal, o que é valor pra mim pode não ser pra você. Quero trazer um exemplo: o aborto é um tema que divide as pessoas, e sendo bastante direto, em suma a esquerda libera e a direita recrimina. Talvez neste momento você esteja começando a pensar "vc está tentando relativizar o racismo??", e de antemão a resposta é não, mas quero seguir num raciocínio.

    Li num comentáro anterior sobre a mentalidade de algumas pessoas que estão muito atrasadas quanto ao pensamento sobre escravidão, racismo, e parecem viver em tempos diferentes dos nossos, e eu concordo plenamente com isso. Eu por outro lado, como profissional da área da saúde e atuante em diversas outras frentes que hoje são consideradas por alguns como pseudo ciência, percebo que há uma desconsideração por outros temas (valores) que são amplamente considerados e estudados, e sim, estou falando da questão do aborto. Por exemplo, tudo aquilo que estudo corrobora diretamente com a tese do não aborto, ainda que pra mim caiba muita discussão sobre o tema, já que ele abrange não apenas a área da saúde, mas áreas e camadas sociais, transgeracionais, de epigenética, etc. 

    Agora volto ao contexto político, já que estamos passando por um período onde, de forma muito evidente, formaram-se duas torcidas organizadas e apaixonadas pelos seus lados, e aí é que está! Quando uma pauta não favorece meu lado, mesmo eu concordando com ela, eu ignoro ou torço o nariz, afinal de contas, se eu demonstro apoio eu estou "me debandando" para o lado de lá. O que tenho notado é que este fenomeno fomenta a divisão, e assim estamos há cada instante nos dividindo mais, primeiro em grandes grupos, depois em grupos menores, e por fim em micro grupos pela nossa inabilidade em conversar, aceitar, interagir e ceder. 

    Dito isso, nunca mais irei jogar Puerto Rico como jogava antes, agora muito mais consciente e atualizado sobre o contexto.

    Por mais discussões necessárias como estas, de preferência, amplas.

    5
  • RaphaelGuri
    1385 mensagens MD
    avatar
    RaphaelGuri22/12/24 21:23
    RaphaelGuri » 22/12/24 21:23

    fantafanta::
    RaphaelGuri::"se a pessoa consegue jogar Puerto Rico exatamente com a conotação extremamente negativa com que o jogo foi concebido, o que é que se pode fazer?!?!"
    RESPOSTA: nadicas de pitibiribas. E é isso. Claro que ALGO se pode fazer, mas não sera gamedesigner comercial, criador de conteúdo ou palpiteiro em fórum. 

    Olá, Raphael!
    Só discordo um pouco de você nesse ponto porque realmente quanto a experiência pessoal de cada um, não há muito o que fazer...
    Mas eu clamo por uma mudança no cenário atual do nosso hobby e colocar o jogos em crise, questionar suas premissas, já é fazer algo! 
    E os jogos, nesse sentido, podem funcionar como um chamamento para a ação!
    São tantas as obras de arte capazes de mudar as nossas perspectivas sobre a vida e nos mobilizar... e nisso pode incluir os jogos também!
    Eu lembro que quando criança eu queria ser paleontólogo. Estava vidrado em dinossauros e tudo o mais porque assisti ao Parque dos Dinossauros no cinema! Passei a pesquisar tudo a respeito do tema.
    Depois eu comecei a desenhar porque lia gibis do Batman e assistia à série animada na TV. Queria ser desenhista! Desenvolvi minha coordenação motora e trabalhei a minha criatividade ao ponto de me tornar ilustrador profissional.
    E por aí vai!
    É que a gente acaba puxando a conversa para um lado mais político, mas os jogos, assim como arte no geral, tem o poder de mudar a nossa vida em diferentes dimensões.
    Acho que a gente acaba perdendo um pouco desse sentimento de empolgação e deslumbramento porque estamos saturados, velhos de guerra e agora nos comover com isso talvez tenha se tornado bem mais difícil... Mas é possível!
    Basta constatar que graças aos jogos aprendi um tanto de coisas e fiz muitos amigos!
    Concordo que não é necessário levar tão a sério algo que deve ser, a princípio, uma brincadeira. Mas é uma linha muito tênue essa que divide o que é aceitável do que é de mau gosto... e ela acaba sendo construída coletivamente também. Por isso acho importante a discussão. Pelo menos assim espero que estejamos caminhando para construir um novo consenso coletivo que melhore nosso convívio. Talvez não leve a lugar nenhum mesmo... vai saber, mas não custa tentar!
    Agora sobre a responsabilidade dos Designers e editoras, é preciso ver caso a caso. A coisa é  evidentemente bem complexa. E digo isso porque nós vivemos num país em que o racismo e a injúria racial são criminalizados, por exemplo. Então há sim certos limites que não podem ser ultrapassados e que são estabelecidos por lei inclusive. Não que os autores de Puerto Rico devam ser criminalizados por isso... 
    Uma outra coisa que precisamos discutir também é qual a melhor forma de lidar com essas obras que trazem consigo questões problemáticas. Veja só o que aconteceu com o Monteiro Lobato, que sofreu uma tentativa de cancelamento. Eu realmente não sei se essa é a melhor maneira de lidar com a situação. Por isso comentei que é possível se divertir, até certo ponto, com praticamente qualquer coisa, desde que se mantenha o bom senso e o senso crítico. Tenho os meus limites e dentro do que posso escolher, escolho não jogar ou então ir jogar outra coisa.
    Mas o legal dessa história toda é que talvez, TALVEZ, algum Designer ou editora se comova com isso, decida pensar um pouco fora da caixinha e tente desenvolver novos jogos que sigam na contramão do que já está posto.

    Concordo contigo nesse aspecto levantado, fantafanta. 


    A diferença do que falamos, é que você, pelos exemplos que deu, é uma pessoa voltada à novas possibilidades. 


    A minha resposta ao Iuri foi pensando naquela parcela de público reacionária, que acha que o assunto é "só mimimi" (como vimos um exemplo nesse post com outro usuário). Para essas pessoas, a barreira é muito maior do que boa vontade por parte de editora, até mesmo pelo fato dessa boa vontade - algumas vezes recentes até - serem vistas como "algo woke" e a tentativa sai pela culatra. Para esse público, só um processo reformatório educacional resolverá. Aos outros, que encaram novas vivências de peito aberto (como parece ter sido seu exemplo infantil jurássico [não te chamando de velho, hein! Hahah]), a questão é completamente diferente.

    5
  • iuribuscacio
    3120 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio22/12/24 21:46
    iuribuscacio » 22/12/24 21:46

    Ricardo1984::
    Dito isso, nunca mais irei jogar Puerto Rico como jogava antes, agora muito mais consciente e atualizado sobre o contexto.

    Por mais discussões necessárias como estas, de preferência, amplas.

    Caro Ricardo1984

    Rapaz, que beleza de comentário! 

    Você tem toda a razão, especialmente quando diz que ainda é possível jogar Puerto Rico atualmente, mas talvez não da mesma forma como se jogava antes da polêmica da escravidão ter sido levantada. Não há a menor dúvida de que o modo como enxergamos o jogo é fortemente influenciada pelo nosso arcabouço ideológico. Isso demonstra toda a força da ideologia, ao moldar a visão de mundo de cada um.

    Outro claro exemplo disso é a questão do aborto que você levantou. Essa questão, igualmente polêmica, foi totalmente deturpada pela extrema direita norte-americana, principalmente na esteira do famoso julgamento de 1973, Roe v. Wade,, onde a Suprema Corte dos EUA decidiu que o direito ao aborto, sem qualquer restrição governamental, é uma garantia constitucional. Aliás, esse atual recrudescimento e radicalização da ultradireita norte-americana, que culminou com o retorno de Donald Trump ao poder, e que reflete fortemente aqui no nosso país com o bolsonarismo, está justamente tentando modificar esse julgamento histórico fazendo a legislação norte-americana retroceder 50 anos.

    O fato é que logo depois de 1973, nos EUA, a ultradireita sequestrou e deturpou totalmente a questão real, que passou a ser escolher entre pró-vida, ou pro-life (ultradireita) e pró-escolha ou pro-choice (centro direita ou direita moderada, porque nenhum partido norte-americano é de esquerda), quando na verdade a discussão envolve legalizar ou não legalizar o aborto. Quando se transfere essa questão e se coloca que alguém é pró-vida, o que se está dizendo claramente é que quem pensa diferente é contra-vida, o que é uma total deturpação, mas que colou e está aí até hoje, tanto lá quanto aqui. Uma pessoa pode ser perfeitamente contra o aborto em si, mas à favor da sua legalização. E isso também envolve uma questão social muito forte, porque você não tenha dúvida de que muitas famílias abastadas e extremamente religiosas aos olhos da sociedade, no privado não pensa duas vezes a recorrer à clínica de abortos com toda a discrição e segurança que uma boa assistência médica pode garantir, enquanto que a mulher pobre tem de recorrer a verdadeiros "açougueiros" ou à medicamentos condenáveis e perigosíssimos para a saúde.

    Outro aspecto que eu acho que demonstra uma grande hipocrisia é o argumento pela santidade da vida à partir da concepção. Se a vida é sagrada, desde a sua concepção, isso implica que a vida do feto é tão sagrada quanto a da mãe. Consequentemente, seguindo esse raciocínio da santidade absoluta da vida, as pessoas teriam de defender que mesmo em caso de risco e de morte, eminente e altíssimo para a gestante, ainda assim o aborto não deveria ser permitido, independente da continuidade da gestação, em última análise acabar matando tanto a gestante quanto o feto. O problema é que isso torna muito mais difícil de convencer as pessoas, da validade da proibição da legalização irrestrita do aborto. E é por isso que alguns grupos religiosos defendem que em caso de gravidez decorrente de estupro, a mulher deve ser obrigada a levar a gestação até o fim, dar à luz à criança e depois entregar para a adoção e nunca mais pensar nisso, porque afinal o feto não tem culpa de ser fruto de um ato tão hediondo. Mas os mesmo grupos, quando se trata de risco de morte para a gestante, passam a admitir o aborto apenas nessa condição extrema, esquecendo estrategicamente, que nesse caso o feto também não tema menor culpa de ter colocado a vida da gestante em risco.

    Por fim, não dá para deixar de ressaltar o quão fascinante é o fato de algo relativamente simples e prosaico, como um jogo de tabuleiro pode suscitar reflexões e discussões tão interessantes e necessárias como a desse tópico.

    Um forte abraço e boas jogatinas natalinas!

    Iuri Buscácio              

    P.S. Diga-se o que se disser sobre o Puerto Rico, mas eita joguinho porreta de tão influente...      
      

    7
  • iuribuscacio
    3120 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio22/12/24 21:59
    iuribuscacio » 22/12/24 21:59

    RaphaelGuri::
    Concordo contigo nesse aspecto levantado, fantafanta. 


    A diferença do que falamos, é que você, pelos exemplos que deu, é uma pessoa voltada à novas possibilidades. 


    A minha resposta ao Iuri foi pensando naquela parcela de público reacionária, que acha que o assunto é "só mimimi" (como vimos um exemplo nesse post com outro usuário). Para essas pessoas, a barreira é muito maior do que boa vontade por parte de editora, até mesmo pelo fato dessa boa vontade - algumas vezes recentes até - serem vistas como "algo woke" e a tentativa sai pela culatra. Para esse público, só um processo reformatório educacional resolverá. Aos outros, que encaram novas vivências de peito aberto (como parece ter sido seu exemplo infantil jurássico [não te chamando de velho, hein! Hahah]), a questão é completamente diferente.

    Caro Raphael (RaphaelGuri)

    O que é isso companheiro?!?! 

    Se o fantafanta é jurássico por conta da referência ao Jurassic Park, eu já devo ter meus aniversários contabilizados por datação de carbono, porque minha referência de pré-história é "Mil Séculos Antes de Cristo", com a belíssima e desejadíssima Raquel Welch, que provavelmente muita gente aqui nem deve saber quem é, e vai ter de dar um pulo no IMDB para descobrir!!!!!  :D:D:D

    Um forte abraço e boas jogatinas natalinas!

    Iuri Buscácio
      

    5
Responder
  • 1
  • 2(current)
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
Puerto Rico - Puerto Rico: entre o eurocentrismo e o refinamento estratégico
  • Logo Ludopedia
  • LUDOPEDIA
  • Ludopedia
  • Quem Somos
  • Fale Conosco
  • Apoiador
  • Mídia Kit
  • API
  • LudoStore
  • Acesso a Loja
  • Leilões
  • Meeps - Cashback
  • Quero Vender
  • Ajuda
  • Políticas
  • Termos de Uso
  • Política de Privacidade
  • Devolução e Reembolso
  • Redes Sociais
  • Mee - Mascote da Ludopedia
LUDOPEDIA COMERCIO LTDA - ME | CNPJ: 29.334.854/0001-96 | R Dr Rubens Gomes Bueno, 395 - São Paulo/SP | contato@ludopedia.com.br

Este site utiliza cookies, conforme explicado em nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com as condições.