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Jogador do mês: Chef Davi
"Deus não tem religião, ele te ama da forma que você é." - Davi Arrebola
Editorial: Inspirado no "Geek of the month" que existe no BGG, esta série tenta focar primeiro mais no aspecto pessoal de um jogador, justamente algo que não seja relacionado com os jogos de tabuleiro (a pessoa detrás do jogador), e, na segunda parte, pegamos aquela pessoa única que acabamos de conhecer um pouco mais e vamos ver quais são os seus jogos favoritos, insights sobre o mundo dos jogos de tabuleiro, etc.
Nesta entrevista temos o Davi Arrebola, do canal Análise Escrita (que é um ótimo nome porque pessoalmente eu prefiro escrito a vídeos).
Pessoal
Dentre as coisas mais significativas da sua vida, qual você sente que foi a mais transformadora ou importante, que mais construiu você, etc?
Com certeza o casamento.
Era uma pessoa antes de casar e sai da igreja de outra forma.
Sabe aquele papo de “dois menos um é zero”, tipo a música do Skank? é por ai.
Em segundo lugar, talvez os mochilões que já fiz.
Comecei aos 18, era office boy.
Comprei uma passagem e fui para Argentina.
Essas experiências dentro da América Latina ajudaram a moldar meu senso crítico e a enxergar que a vida não era apenas o meu mundinho.
Dentre as suas experiências/vivências, conte algumas das mais diferentes de todas - algo que você sente que nenhum outro leitor tenha passado na vida.
Sou um cara bem comum, creio que tudo que já passei na vida pode ter rolado com os outros leitores.
Sou o homem da casa desde os 18.
Meu pai faleceu cedo, aposentou num ano e morreu no outro.
Graças ao cigarro que foi seu companheiro por 35 anos.
Com meus irmãos morando em outras cidades, cuidar da minha mãe e de outros parentes próximos virou uma responsabilidade minha.
Dizem que tenho a cara fechada, esse endurecimento foi consequência da vida que levei.
E coisas mais simples - como é a sua rotina de exercício físico, o que você gosta de comer, etc?
Apesar da preguiça, tento manter uma boa rotina de exercícios físicos.
Sou professor de Educação Física por formação ( Sabe o papo do nutricionista gordo?, então é mais ou menos isso…).
Alterno minha rotina entre Caminhadas, Musculação e Pilates.
Apesar de ser um péssimo lutador, lutei Judô por muitos anos e hoje sou faixa marrom.
Ainda gosto de visitar um tatame de vez em quando, mas o faço em treinos ocasionais de Jiu Jitsu.
Quanto a comida, essa ocupa uma grande parte da minha vida.
Se sou professor por formação, sou cozinheiro por escolha.
Hoje faço parte da coordenação da merenda escolar de minha cidade, e vejo como responsabilidade prover uma alimentação de qualidade para as crianças.
Como é a sua história, qual a sua visão sobre a cozinha?
Cozinha para mim é o centro da casa (Pelo menos da minha!).
Cozinhar para minha família é a minha forma de demonstrar carinho.
Só aprendi a comer quando aprendi a cozinhar.
Adoro restaurantes também.
A própria palavra “Restaurante” deriva de “Restaurar”, ou seja, é um lugar para restaurar relações e para restaurar a si mesmo.
Deixa uma receita para a gente fazer, por favor!
Uma receita?
Bom, faça sua própria mostarda, aprenda a ter paciência com esse preparo que leva pelo menos uns 3 dias.

60 gramas de mostarda em grãos
150 gramas de vinagre de maçã
150 gramas de água
30 gramas de açúcar
5 gramas de sal
5 gramas de curcuma em pó
Estragão (A seu gosto).
Em um vidro limpo, adicione a água, a mostarda e o sal, deixe fermentar por 24 horas tapado em temperatura ambiente.
Passadas as 24 horas, adicione o vinagre, o açúcar, a cúrcuma, tampe e deixe fermentar por mais 24 horas.
Bata tudo no liquidificador (Se quiser, passe na peneira, eu curto mostarda mais rústica).
Leve ao fogo baixo por uns 8 a 10 minutos, mexendo sempre, e quando faltar uns 3 minutos, adicione o estragão.
Envasar e levar a geladeira.
Dura tranquilo um mês e é um ultraprocessado a menos na sua vida.
Quais são suas outras atividades? Pratica esporte, tem algum recorde pessoal, escreve, lê poesia, estuda alguma coisa em particular?
Além de cozinhar, tento ler quando possível.
Adoro Realismo Fantástico, sou fã do García Marquez e Cem anos de Solidão é meu livro de cabeceira.
Planejar viagens que talvez eu nunca faça, é outra atividade recorrente por aqui.
No mais, um ou outro jogo de tabuleiro, cuidar da casa e do Calopsito.
Como você enxerga a sua própria espiritualidade e o mundo?
Sou Católico e frequento a igreja desde pequeno.
Creio em Deus, e acho que é algo bem particular.
Várias das rusgas atuais, muito do ódio que circula no mundo, tem na raiz a religião.
Deus não tem religião, ele te ama da forma que você é.
Creio muito no Deus do novo testamento.
Há uma passagem muito bonita:
“Eu sou a porta das ovelhas. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair e encontrará pastagem.” (Jo 10,9)
Ela traduz o novo testamento para mim, Deus se faz simples para o homem e ele é amor.
E creio que ele se apresenta de formas diversas em diversas partes do mundo, por que não?
Conte algo legal ou inusitado sobre você - (ex: pode ser o seu nome ou qualquer outra coisa)
Apesar do Sobrenome, não possuo relação com Grupos de Macarena ou demais atividades relacionadas a dança.
Que viagem ou qualquer outra coisa você recomendaria hoje aos leitores?
Vá para Cusco!
Tem Low Coasts hoje saindo do Brasil a preços pagáveis.
Respire o Ar (Rarefeito) de Cusco, coma uma Papa Rellena na Plaza de Armas sem medo de pegar uma infecção intestinal.
Compre chocolate no Mercado de San Pedro, pegue um trem para Machu Picchu e faça carinho em uma Lhama.
Você é latino como eu, não deixe NINGUÉM dizer o contrário.
Qual o seu livro favorito? Compartilhe um texto, poema, citação desse livro.
Cem anos de Solidão.
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”.
Fala a verdade, tem algum livro que comece com uma frase mais impactante que essa? algo conseguiria prender ainda mais o leitor?
Você tem algum blog/etc pessoal/profissional seu que gostaria de compartilhar aqui?
Conheçam e prestigiem o Análise Escrita gente!
É tudo escrito com carinho, prometo!
https://ludopedia.com.br/canal/AnaliseEscrita
Jogos de tabuleiro
Quais são os seus estilos e jogos de tabuleiro prediletos? Por quê?
Jogo de tudo, mas sou mais um bom Euro médio.
Viticulture foi o jogo que mais fez meus olhos brilharem quando entrei no Hobby, não sosseguei até alugar e posteriormente comprar o meu.
(Sim, eu sei de todos os “defeitos” do jogo, mas e dai?)
Hoje tenho jogado muito Distilled também, Euro delicioso que infelizmente vê pouca mesa devido ao tempo de Setup.
Qual foi a partida mais memorável (do ponto de vista do jogo em si, mecanicamente) que já jogou?
Acho que foi minha primeira partida Física de Innovation.
Sabe aquela sensação de “Caramba, quantas possibilidades”?
Foi exatamente o que senti.
Qual foi o momento mais satisfatório que teve no ambiente ou enquanto jogava os jogos de tabuleiro? Não sobre a partida que jogava, mas algo humano nas pessoas.
Foi com um jogo que muitos nem consideram um jogo.
Jogando Black Stories com a turminha da quinta série (Eu era o professor, não o aluno).
Suavizei a história, usei a versão “Heróis”, e foi lindo ver a união da sala para descobrir o que aconteceu e solucionar o mistério.
Em união o ser humano faz coisas fantásticas.
Quais foram as suas experiências mais diferentes jogando ou relacionada com os jogos? Existe alguma que transcendeu o momento e mudou sua vida?
Em um texto do canal, abordei o quanto resisti a utilizar a palavra jogo e a reconhecer a importância do jogo na minha vida.
Meu pai era viciado em jogos (Não nos de tabuleiro), mas nas maquininhas caça níquel, nas mesas de baralho.
Foi (e ainda é) uma luta aceitar o papel do jogo na minha vida, e também reconhecer o jogo como algo saudável, um momento meu longe das telas onde posso me concentrar em algo.
Quando você joga, você é um adulto preparando uma vitória, ou uma criança se divertindo com tudo?
Infelizmente sou um adulto já a muito tempo.
Talvez esse gosto por jogos de tabuleiro seja para preencher algum vazio que ficou por aqui.
Acho que sou um adulto querendo ser criança.
Conte alguma dica ou insight pessoal sobre os jogos de tabuleiro.
Todo mundo joga, não tenha vergonha de mostrar seu hobby a outros.
Conte mais algo sobre os jogos que não foi perguntado aqui.
Estou criando um jogo!
Se chama No man’s land, é um carteado para duas pessoas baseado na primeira guerra mundial.
Um colega esta nessa empreitada comigo.
Tem sido muito divertido!
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E aí, quem fará a próxima entrevista?