christian1985::

fabiomoon007::Creio que não estou equivocado pq jogo de tabuleiro não gera direito autoral.

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:
(...)
II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;

Direito autoral é uma coisa. Marca registrada é outra.

fabiomoon007::Apenas explicar para o outro colega que direito autoral não tem absolutamente nenhuma aplicação aos jogos de tabuleiro.

E eu não disse que não existe proteção aos jogos.
Eu disse o contrário: existe sim, mas as editoras não ligam pra isso. Pega a Nintendo, por exemplo. Ela é rigorosíssima com a proteção de TODOS os seus títulos, e personagens.

Realmente, direitos autorais e marcas registradas são duas coisas diferentes, regidas por leis diferentes (marcas são propriedade industrial, lei 9279/96), mas ambas são subgrupos de propriedade intelectual e uma não anula a outra, apesar de serem independentes.

Usando o exemplo da Nintendo que você mesmo trouxe: se eu "criar" um jogo com um personagem chamado Zink que vai tentar salvar uma princesa chamada Lelda (sim, ficaram zoados os nomes) num lugar fictício chamado Hyrole e pra isso ele tem que achar a quadriforce, serei processado pela Nintendo por plágio (direito autoral) e por concorrência desleal por indução ao erro por alusão à marca, sendo que cada item que eu troquei o nome é uma marca (propriedade industrial).

Além disso, o inciso II do Art 8º que você citou se refere às REGRAS de atos mentais, REGRAS de jogos ou REGRAS de negócios (não só as regras, mas planos e esquemas). Paralelismo.

Christian, eu acho que o paralelismo não está assim tão evidente. A gente pode interpretar que ele está presente ou não. Mas essa mudança gera efeitos. 
Considerando que a intenção do legislador foi do paralelismo, a regra de um jogo me parece ser a sua essência pq os componentes eu posso substituir muitas vezes (não todas).
Por "regra", acho que podemos entender a mecânica tb.

Nesse sentido, vc entende que o que não é regra pode ser protegido por direito autoral?

fsomalia

"tem ilustrações, redação, tradução, e até a propria editora tem direitos sobre produção e distribuição. tudo isso é protegido"

Depende. Vc até pode registrar o manual na biblioteca nacional mas somente ele estará protegido. Isso não significa que o jogo estará tb.

Imagens podem ser registradas como desenhos industriais, mas cara, a editora não registra nem a marca, que dirá desenho industrial...

Te pergunto: esses elementos são alguma coisa sem a regra do jogo? São.  São apenas objetos isolados. 

A regra do jogo é que coloca esses objetos juntos num mesmo contexto.

fabiomoon007::(...) Nesse sentido, vc entende que o que não é regra pode ser protegido por direito autoral?

Por ambos! 

Por exemplo: "Terra-média" é uma marca registrada da Middle-earth Enterprises (que por sua vez é outra marca kkk). Ela pode ser utilizada (com a devida autorização/negociação) em diferentes meios, incluindo os jogos. Mas ninguém pode criar nada utilizando esse nome pra se referir a um local fictício sem autorização, e não sei até que ponto poderia ser utilizado um nome semelhante mas não igual, tipo "Terra-do-meio" para se referir também a um local fictício sem levar um processo por concorrência desleal.

Porém, se eu criar um jogo com um mapa muito semelhante (99%), com leves alterações na geografia e nos topônimos, e chamar de "A Guerra do Colar", usando até a mesma mecânica, afinal, as regras não são protegidas, apesar de que eu teria de escrever outro manual, pode ocorrer um processinho por plágio, o que não quer dizer que o requerente vai ter seu pedido 100% atendido, vai do julgamento do caso concreto (depois que o Joe Satriani não conseguiu levar do Coldplay no caso Viva la Vida vs If I could fly eu não duvido de mais nada).

Mas só é possível falar em plágio quando se trata de direito autoral. Há também as paródias, mas aí não é ilegal e tem que ter a referência... mas isso foge ao escopo do que a gente tá discutindo.

• Usando Streamings e Jogos de console antigos como referência: Se você deixa tudo na mão das produtoras, uma coisa ruim pode ocorrer -> você fica refém do catalogo e valores impostos por eles, e alguns títulos podem se perder. Quantos jogos de boardgame tem um valor altamente inflacionado hoje ? Quantos jogos você gostaria de encontrar mas é muito complicado? 
• Existem jogos com mais componentes e mais complexo que é muito complicado de ser pirateado, mas falando dos que podem ser pirateados: depende do seu pensamento. Ex: Eu e um amigo fizemos a 10 anos atrás uma versão do Parade (que é um jogo ALTAMENTE inflacionado, por nada) só para jogar em casa. Pois gostamos muito do jogo, mas não tinhamos dinheiro para comprar. Hoje, cada um tem uma cópia original desse jogo, mal jogamos. Hoje, dificilmente tenho algo pirata.
• Porém tem pessoas que parece que ficam com ódio do valor do jogo e começa a dizer "Tem que piratear mesmo" como fazem muito com a Nintendo.
• Acho que dependendo das circunstancias e do fim, não é motivo de vergonha (Como muitos dizem ai). Todo mundo já teve alguma coisa piratada, seja roupa, carta, chiclete, emulador, table top, etc... O que não dá é querer passar uma vida fazendo isso.
• Piratear é ruim, por todos os motivos que já listaram, e claro que ninguem deve piratear dentro da Ludopedia ou canais oficiais.
• Extinguir a pirataria traria problemas MUITO maiores para a comunidade e para as proprias produtoras (só verificar o catalogo seletivo, as novas regras e o recente aumento das tarifas de streamings que fez muitas pessoas cancelarem e voltarem para o torrent).

Tô nem aí, tô nem aí...

Excelente texto! Me identifiquei muito com a postura analítica que há no texto. Não há inocentes e nem quem seja totalmente vilão em nenhum dos lados. 
Resumindo, nós precisamos de um exame de consciência, mas o mercado precisa de estratégias criativas para baratear. O ponto é que todo mundo quer usar a lógica da Apple: criar desejo e fazer um nicho pagar cada vez mais. No entanto, como o texto mostra, existe possibilidades tão geniais quanto indo na direção do barateamento.
Da minha parte, nunca tive um pirata em mãos e só estou nesse hobby por essa magia da rotatividade dos jogos, que espero que continue. Mas, confesso, que um dia desses já tive que resistir a um jogo de uma lona chinesa, ainda mais pq todos os comentários com fotos indicavam como original.
Enfim, espero que não usemos textos como esse pra ficarmos nos acusando (a não ser que vc seja os "hihihi" do texto), mas entendamos que tudo isso é produto do nosso atual sistema social que precisa ser trabalhada no longo prazo e com muito estudo e diálogo.

Os usados ultra inflacionados são o combustível do pnp

Rigueira::Coleciono Pop Funko faz um tempo e aconteceu a mesma coisa, cópias cada vez mais iguais ao original onde ficamos na dúvida se é ou não original. O triste nisso tudo é a má intenção quando a pessoa sabe que é uma cópia mas vende pelo preço do original sem informar que é uma cópia. Triste o nosso hobby seguir por esse caminho tb...

Sofro com essa dos Funkos também, e o pior que tem lojas grandes na Net que só vendem falsificado, é um mercado consolidado já na pirataria. Eu já virei expert em analisar funko falsificado kkk

Muito bom o texto!


Acho que existem muitas formas (não ilegais) de forçar o preço pra baixo - a grande questão de alguns comprarem cópias piratas.

Uma delas é o que já falaram aqui: jogar o jogo com outras pessoas, pegar emprestado do amigo, alugar, ter um grupo que compra junto... não é seu, mas você joga.

A outra que eu acho é a combater a FOMO, essa às vezes é questão de alguns meses, e já consegue comprar o jogo mais barato.

E gente, comprar de editoras diferentes pra ter concorrência - só vai fazer o hobby crescer mais, e quem sabe aquele Out of Print (no meu caso, Concordia), volta a aparecer.