Jogos que possuem
construção de motor sempre me fascinam, é mágico ver todo planejamento ganhar vida na mesa e observar a reação dos outros jogadores a um
bom resultado da cascata de ações realizadas de uma só vez é gratificante; porém, jogos dessa categoria possuem um gosto amargo, difícil de engolir: quando o motor está pronto,
acaba.
Bom, antes da opinião,
vamos conhecer o jogo.
Em
Revive, somos parte de uma das civilizações que vivem em um bunker por incríveis 5.000 anos (esse é o melhor bunker já feito pela humanidade rs) e que agora decidiram sair e enfrentar um
planeta congelado visando reviver a civilização fora do abrigo subterrâneo. E para que isso ocorra, irão realizar ações de explorar novas terras, erguer construções, povoar diversos locais e
coletar artefatos, e assim que o último artefato for coletado é iniciado o fim da partida.
A beleza do caos
De primeiro momento, a
quantidade de áreas e tabuleiros para administrar assusta, é o tabuleiro individual com as habilidades de cada civilização, é o tabuleiro de tecnologias onde iremos
desbloquear máquinas poderosas, jogar as cartas, utilizar a alavanca e administrar uma trilha de pontuação própria, e ainda o tabuleiro principal do jogo, onde ocorrem as ações de explorar e povoar o planeta. É um caos na terra (congelada!).
Contudo, é justamente nesse caos que o jogo mais brilha, pois se por um lado
temos muitas coisas para administrar, do outro lado temos a sinergia das ações que faz tudo fazer sentido. É orgânico relacionar
causa e efeito depois de uma breve explicação das ações e o jogo flui muito bem, mesmo em sua primeira partida.
Falando dos recursos do jogo, é evidente que o
principal desafio de Revive é administrar da melhor forma tudo o que se ganha, seja por meio das cartas ou por peças de exploração.
Aqui não há excessos, e o jogo deixa isso bem claro, limitando o tamanho de nossas trilhas de itens. É poético notar que para construir edifícios utilizaremos engrenagens, para alcançar novos territórios utilizaremos comida e para
criar novas civilizações utilizaremos livros.
Guarde o meu lugar no bunker
Em relação às civilizações do jogo, o que mais agradou é que são
personagens assimétricos, mas que além da habilidade única, é possível desbloquear mais assimetria por meio do tabuleiro individual de cada civilização, assim que o jogador começar a povoar o planeta.
Dica: libere sua segunda habilidade de civilização quanto antes, isso te
dará vantagens em relação aos jogadores que optarem por não a liberar de início.
Outro elemento que se destaca na mesa é o tabuleiro com as
trilhas de tecnologias, onde a cada avanço é possível desbloquear máquinas que, quando ativadas, darão
ações adicionais em seu turno, claro, se você tiver energia para colocar as máquinas para funcionar. O
detalhe aqui é que existem espaços na trilha que necessitam de mais de uma tecnologia para serem desbloqueados e se o jogador estiver desatento, poderá facilmente esquecer de ativar uma máquina que já foi
desbloqueada em rodadas anteriores.
Para não dizer que
tudo é perfeito, a relação tema versus imersão deixa brechas para ser questionada, seja pela
surrealidade da narrativa apresentada, seja pelo fraco elo das ações realizadas associadas aos fatos da história do jogo. Caso você não se importe com essa relação,
o jogo é para você.
Se no início apontei o ponto fraco da construção de motor, foi apenas para
ressaltar a solução que Revive propõe, pois no jogo existe a possibilidade de alongar a partida, por meio da utilização de mais peças de artefatos, com isso proporcionando mais algumas rodadas para brincar com nossos combos.
Espero que a moda pegue.
Por fim, Revive
além de um ótimo jogo de tabuleiro, entrega uma experiência de gerenciamento, planejamento e sinergia incríveis, e irá conquistar o
jogador euro que ama administrar e construir sua pontuação. É um jogo que cresce a cada nova partida e que deixa uma
ótima impressão e convite para sempre voltar à mesa.
Revive é um jogo de 1-4 jogadores, indicado para mais de 14 anos e tem o tempo médio de 120 minutos por partida. Lançado pela editora
Across the Board do grupo Best Mark aqui no Brasil.