RaphaelGuri::
Mestre iuribuscacio, o caso aqui é que esse "medo do monopólio" está vindo muito atrasado. Está chegando agora que a água já bateu no traseiro.
O primeiro ponto sobre para se observar é que as editoras, a priori, não tem concorrência direta sobre seus produtos, uma vez que nenhuma outra pode publicar algo igual. Quer comprar uma tinta para pintar sua casa? Tem várias marcas para comprar produtos similares. Quem quer comprar um Zombicide que não seja Galápagos,? Não tem como.
Logo, com monopólio escancarado ou sem, quem é lombriguento e quer um jogo específico vai comprar, seja da editora que for, com mofo ou sem, pagando preço cheio supervalorizado. Eu não vi diretamente aqui ninguém defender monopólio, só dizer
"Gente, sempre foi ruim assim e vocês sempre consumiram. Quem acha que essa nova regra mudou algo, não tava ligado como era difícil antes, só está se dando conta agora, pois jogaram na cara de vocês".
O pequeno lojista SEMPRE sofreu com preço e pedido mínimo. O mercado nunca foi realmente competitivo e se ilude quem acha que essa venda de Frostpunk é uma iniciativa de vanguarda. Sempre foi assim, de uma forma ou de outra.
O segundo ponto, como eu já comentei em algum momento aí, é que não adianta brigar SÓ com a editora. É preciso ser contra as próprias lojas que estão no esquema e fomentar que os consumidores não comprem. Dizer "Galápagos é Asmodee e Asmodee é Embracer e Embracer é tudo capitalista" é algo tão simples que não ultrapassa a barreira do óbvio.
Quem não lembra de certa live desastrosa da Galápagos feita com apoio de um certo covil que prometeu um monte de mudanças e nada aconteceu? É exatamente o que você fala, Iuri, ao destacar o "MO-FA-DO", só que dou ênfase não no ato dela vender, mas no ato das pessoas comprarem. Meu amigo, tem gente que fala "Haaa, mas esse Mage Knight por 500 na Bravos, sabendo que tá nesse preço por ter mofo AGORA vale a pena"... A coisa desgringolou quando os clientes começaram a aceitar coisa assim, não agora que tem plano de exclusividade de venda.
Logo, tudo acaba se resumindo ao ato de não comprar, não fomentar as empresas (editoras e lojas) que sejam desleais, o que no discurso é lindo, mas ainda assim pessoal vai na C&C e compra Suvinil, ou seja, não é falta de informação. Se informação bastasse, ninguém fumava. A dificuldade é mudar hábitos. Não adianta 50 pessoas interagirem nessa postagem e nenhuma delas comprar Frostpunk ou coisa de qualquer loja diamante ou, ainda, qualquer jogo da Galápagos. A verdade é que isso faz pouca diferença, já que outras 1000 vão comprar, ser felizes e nem ligar pro lojista, pra editora, pra essa postagem, pra mim, pra voc...
Abraços!
Caro
RaphaelGuri
Meu amigo você tem toda a razão, quando diz que não basta demonizar a Galápagos, como se ela fosse a única vilã da história. As quatro lojas envolvidas, também não estão bem na fita, e fariam parte desse monopólio, que na verdade tem um outro nome (C****L), que eu não vou citar explicitamente para não me censurarem, nem me acusarem de falsa denúncia de crime contra a economia popular. Por isso é que eu defendo a princípio um boicote total ao jogo, para marcar posição mesmo, mas sei que as chances disso acontecer são nulas. Mas já que as pessoas vão comprar o Fronstpunk, que pelo menos elas o façam após o fim do período de exclusividade e em uma loja que não seja uma das quatro envolvidas no esquema.
Fora isso, mesmo concordando, eu gostaria de fazer algumas ressalvas em relação ao seu texto. Certamente nós já vivemos meio que em um esquema de "quase monopólio", por conta da fatia desproporcional que uma única empresa, a Galápagos, possui do mercado nacional de jogos. A questão é que essa iniciativa é um primeiro passo para tonar real aquilo que ainda é apenas virtual. Imagina se daqui a um ano a Galápagos adote uma postura diferente, e resolva impor outro tipo de exclusividade, no sentido de que para vender seu jogos, as lojas não poderão vender jogos de nenhuma outra editora. As lojas grandes e pequenas provavelmente vão aderir porque é inviável uma loja de board games abrir mão de uma editora detentora de talvez 7 de cada 10 jogos lançados anualmente. E aquelas que resolverem resistir, muito provavelmente fecharão por falta de acesso aos principais lançamentos. Alguns anos atrás, a Coca-Cola fez exatamente isso e os bares que vendem Pepsi só resistem ainda, porque não trabalham exclusivamente com venda de refrigerantes. Você sai para comer alguma coisa com a patroa, pede um prato e uma coca, o garçom diz que só trabalha com Pepsi, e aí vocês já estão sentados e acomodados e acabam ficando. Mas na saída seguinte já sabem que aquele lugar não trabalha com Pepsi, e talvez optem pelo restaurante do lado.
A outra ressalva é que eu acho que essa questão de que nos board games já existe um monopólio, porque só aquela editora produz aquele jogo específico, algo que nãoé bem assim e depende do ponto de dependência do jogo, de cada um. Se formos a extremos e utilizando o seu mesmo exemplo, vária empresas produzem tintas para parede, mas apenas a Suvinil produz a tinta Suvinil, só a FIAT produz o Uno, e só a Nestlé produz o Nescau, e se a pessoa só quiser esses produtos específicos, também estará sujeita, de certa forma, a um "monopólio", apesar de haver diversos produtos similares, em termos de tinta de paredes, automóveis e achocolatados.
Nesse sentido, considerando a quantidade de jogos lançados nacionalmente de alguns anos para cá, que já beira às centenas, eu acho difícil que não se ache algum similar para qualquer tipo de jogo. Basta pensar na quantidade de jogos de alocação de trabalhadores disponíveis no mercado. Se você gosta mas não tem o Stone Age, dá para substituir tranquilamente esse jogo, por outro com a mesma mecânica com base. Agora, se a pessoa só gosta de Stone Age, e apenas o Stone Age é capaz de saciar a sua vontade de jogar board games com alocação de trabalhadores, aí não tem jeito mesmo, porque a pessoa já estará sendo vítima de uma monopólio, e frise-se voluntariamente, e quanto a isso não há muito que se fazer.
Para finalizar, mais uma vez fazendo eco ao que disse o
Joabfast, está mais do que na hora da comunidade boardgamer dizer NÃO a essa tentativa da Galápagos de aumentar ainda mais o seu controle sobre o mercado nacional de board games. Se não der para deixar de comprar o Frostpunk, que pelo menos se faça isso após o fim do contrato de exclusividade, apesar da tentação dos descontos e do frete grátis, e de preferência fora de uma das quatro lojas envolvidas. Com certeza o seu eu lá do futuro vai te agradecer por isso.
Um forte abaixo e boas jogatinas!
Iuri Buscácio