Danso::
Boa noite, meu consagrado escritor!
Hoje consegui ler com calma a sua opinião. Excelente escrita mais uma vez, parabéns!
Eu participei em dois financiamentos coletivos na minha vida: Tormenta 20 e Old World. Ambos incrivelmente frustrantes.
O fato de o financiamento ter uma "previsão" de entrega mas também o direito de atrasar o quanto quiser para entregar com a qualidade que bem entender me deixa um pouco maluco. Eu paguei quase dois mil reais em 2021 em um jogo que ainda não recebi. Minha filha que hoje fala "Papai" não estava nem na barriga e a fatura do jogo já estava paga. Não sei qual vai ser o momento da minha vida e a minha relação com o hobby quando ele de fato chegar.
Não vou nem entrar no mérito do Path of Destiny ser bom ou ruim. Vou também deixar de lado a questão do preço. Se em 2025 ou 2026 o jogo chegar na loja, sem a miniatura do Geralt, sem o desconto das 48 horas, sem a expansão exclusiva e eu entender que faz sentido entrar para a coleção... Pego ele na mão, boto na sacola, passo o cartão e levo pra mesa.
Pagar hoje pra ver o que vai acontecer? Passo.
romgb:: Excelente post Iuri, eu curti demais!
Eu que não tenho muito dinheiro sobrando para comprar tabuleiro, simplesmente ignoro os lançamentos desse tipo de jogo. Adoro The Witcher, joguei os 3 jogos no PC, adoraria possuir o The Witcher Old World, mas é simplesmente inviável. Então ao invés de me sacrificar financeiramente, me atolar em dívida de cartão, prefiro simplesmente ignorar.
Muitas editoras estão entrando nessa onda de trazer jogos caríssimos para o Brasil. MeepleBR começou com o Castles of Burgundy e agora o ISS Vanguard. Mosaico com o West Kingdom, Across the Board com esse aí, todos eles estão seguindo essa linha de participar de crowfundings internacionais e lançar jogos aqui no Brasil por mais de 1000 reais.
Eu simplesmente não me importo em jogar com meeples ou com "standees" como no Eldritch Horror, o que me importa realmente é se o jogo é bom e divertido. Do resto, contudo que os componentes sejam de boa qualidade, eu pouco me importo. Miniaturas não melhoram drasticamente um jogo divertido e se o jogo for ruim, ela não os melhora.
Enquanto estão lançando esses jogos extravagantes por aí, o melhor coop de 2023 (Earthborne Rangers), o melhor jogo solo de 2023 (20 Strong), o melhor dungeon crawler de 2023 (Tales from the Red Dragon Inn) e sem falar de Heat: Pedal to the Metal, simplesmente nem deram as caras por aqui e nem foram anunciados (e se não duvidar, nem serão, para dar espaço a mais um crowdfunding). Talvez algum desses títulos sejam da Asmodee/Galapagos, mas é fogo ver tanto título bom saindo lá fora e nada de chegar aqui. Até hoje Ahoy (I) não deu as caras e nem sequer um anúncio fake de alguma editora surgiu.
Enfim, para 2024 eu gostaria de ver mais títulos e menos crowdfundings, apesar de saber que isso vai ser impossível.
Caros
Danso e
romgb
Em primeiro lugar, Danilo mais uma vez obrigado pelo elogio, e Rodolfo, obrigado pela sugestão dos vídeos, quando der vou dar uma conferida com certeza.
Meus camaradas, como eu disse antes, em outro comentário, o conceito de financiamento coletivo começou como uma forma para empesas pequenas conseguirem viabilizar economicamente seus produtos. Isso funcionava em vários campos, como música, filmes, HQs, jogos eletrônicos e também board games. O problema é que esse esquema é tão bom (lançar um produto sem empatar capital na parada, e com compradores já certos, que pagam adiantado, quem não quer?!?!), que as empresas grandes quem tem dinheiro suficiente para não precisarem disso, também resolveram aderir.
Quando os jogos modernos tomaram o mundo de assalto nos anos 90 e principalmente no início dos anos 2000, as editoras começaram a ter uma demanda gigantesca, e para dar conta disso surgiram as tiragens mundiais, o que reduz drasticamente o custo dos jogos, mas necessita de uma produção de um tamanho absurdo de grande. Para tornar as coais ainda mais interessante para as editoras, elas também adotaram o esquema de financiamento coletivo, especialmente para jogos mais caros.
É exatamente assim que funciona o nosso mercado nacional de jogos. Portanto, apesar disso não ser uma regra, normalmente jogos mais baratos (ou melhor dizendo menos caros), do tipo party games e jogos família, as editoras lançam direto, mas jogos mais caros adotam o financiamento coletivo. E eu acho muito difícil isso mudar, porque o fianciamento coletivo dá acima de tudo muita segurança para as editoras. Elas lançam um jogo que já está vendido, e sem empatar o seu próprio dinheiro. Esse foio o caso da Across the Board com esse The Witcher Path of Destiny. O dinheiro que a empresa arrecadou deve bancar todo o projeto na maior tranquilidade, ou pelo menos é o que parece, pela distância entre a meta (80 mil) e o arrecadado (quase 500 mil).
Para os apoiadores o financiamento coletivo também tem vantagens, porque se compra um jogo, em tese, mais barato que o preço de lançamento na loja, além do fato de se ter acesso a material extra e brindes exclusivos (olha o bonequinho do Geralt a cavalo aí gente!!!!). O problema são as desvantagens de como ele funciona aquin no Brasil. A pessoa paga antecipado, e depois espera anos, para ter o jogo, na melhor das hipóteses, porque pode haver atrasos que aumentam muito essa espera. Para piorar, as grandes editoras nacionais ainda não entenderam a importância e a diferença que faz, uma simples nota aqui no Ludopedia a cada quatro meses dando notícias sobre o jogo. Isso é algo que um funcionário faria em menos tempo do que eu estou levando para escrever essa resposta e mudaria a situação da água do vinho, evitando demais o descontentamento dos apoiadores. Inclusive essa falt de notícias, faz muita gente desistir do projeto no meio do caminho e pedir o dinheiro de volta, o que inclusive, pode colocar em risco todo o projeto de financiamento coletivo.
Infelizmente ao longo dos nossos 10 anos de mercado nacional de jogos já aconteceram verdadeiros desastres nos financiamentos coletivos, que é até de se espantar que as pessoas ainda apoie esse tipo de iniciativa. Basta pesquisar o Tsukiji e o Ancient Terrible Things da ex-RedBox atual Buró, e o caso do atraso do High Frontier 4 All da Mosaico, para ficar nos mais famosos. Por outro lado, existem casos de muito sucesso e satisfação dos clientes com editoras pequenas como ocorreu com o For the Quest da 101 games, que atrasou um pouco, mas nada de absurdo, e os vários jogos do Marcos Macri da MS Jogos (Jester, Chaparral, Engis, entre outros).
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio