Escolher para qual editora mostrar seu jogo foi o meu momento de virada acho. 

Ótimas reflexões, Rodrigo. 

Foi o primeiro Doff em que fui, por isso não posso opinar com muito retrospecto, mas senti que o evento não foi grande por acaso - digo, não foi grande apenas pela presença das atrações internacionais ou dos lançamentos deste ano. Foi grande porque já está consolidado (e o feriadão, ainda mais, facilitou a viagem de muita gente). E embora pareça óbvio, o evento, como você mencionou, estava muito brasileiro com o monte de estandes com jogos feitos (ou criados) aqui. Nesse ponto, concordo com o Tom Vasel, que disse que o evento não tenta ser somente uma imitação de Essen ou de Gen Con - é o Doff, com identidade própria.

Dito isso, você também sentiu que mesmo ampliando o tamanho o evento não deu conta do público (cresceu mais que o esperado)? Eu senti falta de mais tempo para visitar tudo, visto que tudo estava sempre lotado. 

Outro ponto, não seria o momento de o Doff ampliar o alcance para se tornar de fato referência na América do Sul (ou até mesmo na América Latina)? Por exemplo, a Fractal Juegos, chilena, poderia ter um estande no Doff para mostrar seus lançamentos ou para os designers nacionais os abordarem. Imagina só... Além disso, o movimento poderia estimular a vinda de designers da região para publicar seus lançamentos no Doff... enfim, apenas viajando aqui...

Enfim, o evento foi absurdos de bom, apesar da correria (e do barulho do local, que só notei o quão alto estava quando tive dificuldade de ouvir os palestrantes mesmo microfonados). Só mostra que o hobby, embora seja 'nichado' e caro ainda pra realidade brasileira (na relação salário x preço), movimenta bastante gente. 

Sem falar que teve gente internacional aí dizendo que o próximo grande designer de jogos deve vir do Brasil... será que já não veio e eles só não o conhecem ainda? Fica aí o questionamento

maisumgustavo::Ótimas reflexões, Rodrigo. 

Foi o primeiro Doff em que fui, por isso não posso opinar com muito retrospecto, mas senti que o evento não foi grande por acaso - digo, não foi grande apenas pela presença das atrações internacionais ou dos lançamentos deste ano. Foi grande porque já está consolidado (e o feriadão, ainda mais, facilitou a viagem de muita gente). E embora pareça óbvio, o evento, como você mencionou, estava muito brasileiro com o monte de estandes com jogos feitos (ou criados) aqui. Nesse ponto, concordo com o Tom Vasel, que disse que o evento não tenta ser somente uma imitação de Essen ou de Gen Con - é o Doff, com identidade própria.

Dito isso, você também sentiu que mesmo ampliando o tamanho o evento não deu conta do público (cresceu mais que o esperado)? Eu senti falta de mais tempo para visitar tudo, visto que tudo estava sempre lotado. 

Outro ponto, não seria o momento de o Doff ampliar o alcance para se tornar de fato referência na América do Sul (ou até mesmo na América Latina)? Por exemplo, a Fractal Juegos, chilena, poderia ter um estande no Doff para mostrar seus lançamentos ou para os designers nacionais os abordarem. Imagina só... Além disso, o movimento poderia estimular a vinda de designers da região para publicar seus lançamentos no Doff... enfim, apenas viajando aqui...

Enfim, o evento foi absurdos de bom, apesar da correria (e do barulho do local, que só notei o quão alto estava quando tive dificuldade de ouvir os palestrantes mesmo microfonados). Só mostra que o hobby, embora seja 'nichado' e caro ainda pra realidade brasileira (na relação salário x preço), movimenta bastante gente. 

Sem falar que teve gente internacional aí dizendo que o próximo grande designer de jogos deve vir do Brasil... será que já não veio e eles só não o conhecem ainda? Fica aí o questionamento

Estava bem cheio, mas ano passado acho que estava mais ainda, então o aumento do tamanho ajudou a dar uma aliviada...

Acho difícil de editoras da América Latina virem ao Doff só para procurar autores, mas acho possível que elas queiram vir pq fizeram uma tiragem em português e estão de olho no público brasileiro, que é muito maior do que o dos demais países. Talvez tenha dificuldades relacionadas à importação e ao idioma, que não existem em Essen, mas se elas quiserem participar, certamente a organização do Doff vai gostar de recebê-las.

Realmente, a quantidade de jogos nacionais nesse DOFF chamou a atenção. Muito bom !!

Eu também estava com um jogo meu - Screw UP: Bots & Nuts - em pré-venda no Stand da Across the Board (BestMark) e lá tinhamos mais 3 outros jogos nacionais sendo demonstrados. A receptividade do publico em nada estranhava os jogos como sendo nacionais, pelo contrário, a galera ficava feliz em tirar fotos conosco, perguntar sobre o processo de desenvolvimento, e ter a oportunidade de conhecer os autores diretamente.

Eu também fiz o Brazil Imperial: Autômato, e ver o que editoras como a MeepleBR tem feito, de levar nossos designs para fora (como foi o Brazil, está indo o World Wonders, Luna Maris e Paper Dungeons), ou mesmo o que a Grok fez anos atrás levando o Cartografos até concorrer o Spiel des Jahres, são pedras importantes que estão pavimentando esse caminho que temos percorrido.

Ano passado vimos, rodrego teus jogos em várias editoras, esse ano senti que o André Teruya também teve essa evidência em vários stands, e a área de protótipos Catarse também foi algo a ser notado, com jogos realmente bons e criativos.

Outra coisa que podemos apontar, o trabalho do Tomás Queiroz com seus cursos na área de Game Design, tem dado oportunidade para pessoas que ainda não acharam caminho dentro do mercado conseguirem instrução preciosa que facilita demais entenderem como esse mercado funciona.

Acho que temos muito ainda a crescer, aprender melhor a negociar nossos designs com editoras estrangeiras também, e buscar, como cunhou nosso professor Sérgio Halaban, expor mais ainda o "Sotaque" brasileiro do nosso game design.


Que momento para se viver isso! Muito legal estar cooperando com o momento!

Abraços! Rony

Ainda não tive oportunidade em conhecer o DOFF, contudo tenho na bagagens 2 Spiels e digo que o clima era muito parecido mesmo com outras feiras e convenções do gênero. 

Foi bacana ver nos vídeos tantos jogos brasileiros e essa troca de experiências que parece ter ocorrido entre todos os envolvidos aí na cadeia de produção do hobby, desde o designer na ponta,  passando por outros sujeitos como as editoras,  produtores de conteúdo,  entre outros,  chegando no consumidor final. 

Acredito que o mercado nacional pode estar se direcionando no sentido de fomentar a atender não apenas ao público já consolidado, mais aquele mais geral que ainda está se inserindo e descobrindo os jogos de tabuleiro e pode possuir necessidades diferentes e mais afins com nossa cultura. 

Ou seja,  não estamos apenas acompanhando o passo, mas fazendo nosso próprio ritmo. O tempo dirá mais ao certo. 

Evidente que as preferências para os estilos de jogos de tabuleiro são variados mas, de acordo com minhas preferências, tendo a concordar com sua perspectiva de destaque para o boardgame nacional. Exclusivamente, minhas atenções para os futuros lançamentos Rio 1808 e 1890: Plano Nacional de Viação podem colocar o boardgame nacional uma prateleira acima com certeza. Gosto de jogos de médio para pesado e, durante muito tempo, os lançamentos nacionais vinham para atender um público que gosta de jogos mais leves.
Torço para que os jogos mais pesados possam ter um espaço entre nossos designers. 

Concordo, hoje os novos jogos mostram um patamar diferente do que foi há alguns anos. E isso fica mais evidente com as próprias editoras que há um tempo atrás não davam essa confiança em lançar algo Brasileiro e ficava ao cargo do próprio GD lançar por financiamento, o que infelizmente criou por um bom tempo o afastamento de muitas pessoas aos jogos criador brasileiros. 

Ver esse novo levante dos jogos nacionais és incrível e ver que o DOFF e as editoras estão apoiando e lançando mais e mais jogos nacionais és acreditar que ganharemos mais espaço em prateleiras de outros países.

Uma outra coisa que achei bacana, o público reconhecer e tietar os autores, faz as editoras querer ter mais dessa aproximidade nós estandes e assim lançar mais jogos. 

rodrego::
Não somos os EUA, a Alemanha ou a França, mas não duvido que já estejamos no top 10 mundial de criação de jogos. É hora de admitir: chegamos no primeiro escalão.

Caro rodrego

Sinceramente, eu fico muito feliz com esse reconhecimento, muito merecido, que os designers nacionais estão tendo no DOFF. Fico mais satisfeito ainda com essa preocupação de se criar um ambiente também voltado para a questão comercial dos jogos. É sempre bom lembrar que uma convenção de jogos, além da diversão obviamente, também deve ter um viés de negócios, poque sem isso, simplesmente não há como o hobby crescer e progredir. 

Quanto à questão da mudança de patamar, eu aproveito para te perguntar, se é que você pode me responder, porque essa é uma informação sensível, mas eu gostaria de saber se o aumento das tiragens dos jogos nacionais, acompanhou, e em qual medida, esse desenvolvimento dos jogos nacionais. Digo isso, porque na minha humilde opinião leiga, acho que nós realmente só mudaremos de patamar, em termos de board game, quando tivermos tiragens maiores dos jogos, não apenas os nacionais, como também os estrangeiros.

Eu acho muito legal que as pessoas estejam conhecendo e descobrindo o hobby. Porém, um amigo que conhece esse mundo novo, mas só joga os jogos de quem o apresentou, na verdade isso impactou muito pouco no crescimento do hobby. Claro que é preciso que as pessoas comecem a jogar, porque é assim que a bola começa a girar. Mas é tão fundamental quanto, que as pessoas também comecem a comprar board games, e isso passa pelo aumento das tiragens e algum reflexo disso na diminuição dos preços, algo que, pelo menos eu ainda não vejo acontecer. 

Sem isso, eu simplesmente acho que o hobby pode até estar crescendo e se desenvolvendo em termos de criação e qualidade dos jogos, mas, naquilo que conta mais do que tudo, ou seja, no aumento do volume de vendas (dindin no bolso do designer, além do das editoras, e possibilidade real de profissionalização específica), pode ser que eu esteja errado e espero que esteja, mas ao que parece não avançamos tanto assim.

Por fim, peço que você me esclareça (se for possível é claro), a quantas anda o tamanho médio das tiragens dos jogos, se isso acompanhou esse desenvolvimento do design dos jogos. 

Um forte abraço e boas jogatinas!

Iuri Buscácio
 

Oi Iuri, em termos de tiragem e volume de vendas, vamos precisar acompanhar como os novos jogos dessa nova leva de 2023 se saem, isso nem as editoras sabem ainda.

Até onde eu sei, tradicionalmente as tiragens de jogos brasileiros estão entre 1000 e 2000 unidades, com alguns party e card games que conseguem transcender a barreira dos 10.000. Alguns exemplos são Quartz, Telma, Encantados, Piratas, e mais recentemente, Dobro e É Top. Deve haver vários outros.

Sei de jogos mais pesados brasileiros que quebraram essa barreira também, como Sheriff of Nottingham e Brazil (chutaria que Cartógrafos tb). Em comum, o fato de que todos foram publicados e aclamados internacionalmente, e acho que isso até ano passado era fator determinante para uma tiragem maior.

A julgar pela receptividade no Doff, eu imagino que de 2023 em diante teremos mais exceções nacionais. Mas isso o tempo vai dizer.

Em tempo: jogos internacionais lançados aqui também não costumam ter tiragens tão altas não, a maioria fica nessa mesma faixa até 2000. Mas há muito mais exceções: Terraforming Mars, Wingspan, clássicos como Catan, TtR, Dixit, e muitos outros.

O x da questão, no entanto, não é esse. Mesmo que um autor consiga fazer todo ano um jogo que venda 10 mil unidades, não é suficiente para viver de fazer jogo. O Brasil sozinho não tem público suficiente para sustentar um autor de jogos profissional, e não acho que isso vai acontecer nos próximos anos. 

É preciso que esses jogos sejam sublicenciados para os mercados europeu e americano, e começar a ter tiragens de 50 mil pra cima. Nosso ponto fraco a meu ver está aí: as editoras brasileiras ainda não conseguem encaixar com regularidade seus jogos no mercado externo. Há exceções, claro, mas a imensa maioria fica resumida ao mercado brasileiro.