Cada jogo um reino diferente! Vamos conhecer esse aqui?
"Há muito tempo a lua influencia nossa vida na terra. Ela afeta as marés e mantém as pessoas acordadas à noite. A lua nova é um símbolo de um novo começo; o momento perfeito de iniciar algo novo e planejar seu futuro. E é disso que se trata Nova Luna (“lua nova” em latim).
E com essa introdução curtíssima o NOVA LUNA faz a única abordagem efetiva do tema, onde em todo o resto do manual e durante a jogatina em si, vc não fará mais nenhuma conexão entre a tematização e a proposta + execução do jogo... No máximo perceber que está andando numa trilha com várias fases da lua, e que o marcador de referência pra escolha de peças é uma lua. Esse pode ser um entrave pra uma parcela generosa de jogadores, mas se não ficar batendo nessa tecla pode ver o sensacional jogo por trás dessa falta de proposta temática! Como já ouvi por aí: "não tema o não-tema". 
Em NOVA LUNA você joga para cumprir tarefas/objetivos. Cada peça terá até 3 dessas tarefas e você quer ir atingido essas pequenas metas para colocar seus tokens nela, daí quem se livrar de todos os 20 tokens ganha! Tais objetivos são padrões de peças encostadas de forma ortogonal, tendo que ser, como requisito, de 1 das 4 cores do jogo, ou de cores variadas.
O tabuleiro central é todo circular, onde no círculo externo se coloca o marcador 3d de lua, e +11 tiles nos espaços destinados, e no círculo interno há uma trilha interna de 24 casas, com todos os jogadores começando na “casa 1” que é a marcada em dourado, a lua nova. Esse tabuleiro tem uma estética curiosa, um tanto quanto mística... Por exemplo, sem relação nenhuma, e sem ser citado em canto algum no material do jogo, você poderá observar em esferas douradas, os 4 elementos próximos da parte “oca” que fica no centro (fogo, água, ar e terra). Se é belíssimo ou apenas estranho, depende de como "clicar" pra você, de como você dialoga(ou não) com esse estilo... Para este kina que vos fala fica muito mais para o belo/belíssimo hehe.
Você normalmente terá até 3 peças disponíveis, que são as peças que estiverem imediatamente após o marcador lunar. Cada jogador vai criar seu grid de forma totalmente livre, basta cada peça colocada encostar ortogonalmente em alguma anterior. Usando a imagem acima como referência, logo após o marcador 3d de lua, seguindo como um relógio (o bom e velho sentido horário), o jogador poderia pegar e posicionar a azul escura, a vermelha, ou a azul claro. Após retirar a peça o jogador coloca a lua no espaço que ficou vazio, para que a próxima jogada seja feita seguindo os mesmos princípios. Como em todo abstrato dessa estirpe, o gatilho de reposição é muito importante, e aqui é feito quando só restam menos de 3 peças, ou seja 2, 1 ou nenhuma peça. O player decide se quer ativar o refil ou não, sendo obviamente obrigatório no momento em que só restarem 0 peças.
Ao pegar as peças você paga com o recurso mais precioso de todos... O tempo!!! Elas custam de 1 a 7 "casas" e quanto mais versáteis mais caras, ou seja, ao obter a peça para si, o jogador anda no sentido horário na trilha das fases da lua. Quem estiver mais atrás, joga antes de quem está mais a frente, e nos empates que acontecem com mais de um jogador simultaneamente na casa mais recuada, joga quem está com a ficha em cima, ou seja quem chegou "depois" e empilhou sua fichinha lá.
Cabe dizer que é um jogo sem pontos de vitória. Você quer se livrar de seus tokens e quem o fizer primeiro, encerra sem direito a reclamação dos demais... na sensação feels good de "bati"! Como no bom e velho dominó ou como visto em alguns jogos de vaza. Esse senso de urgência em relação a quanto falta na pool de cada oponente é o que faz o jogo brilhar, e nesse sentido, a mecânica de iniciativa variável fica ainda mais em destaque aqui, criando todo um entrelace na tomada de decisão. As peças de custo 1,2,3 são leves/rápidas, as peças 4 e5 são intermediárias e as 6 e7 são pesadas/lentas. A consequência de andar “lá pra frente” é que a menos que os oponentes acompanhem, eles devem jogar várias vezes pra poder ser você de novo.
No que Nova Luna “bate forte”?
A já citada disputa por iniciativa realmente brilha, o jogador vai ter que sempre pesar o valor de versatilidade de cada peça VS onde ela vai te colocar na trilha, e se isso compensa em termos de engrenar mais jogadas, ou em termos de aguardar mais para poder voltar para sua vez novamente. O jogo fornece um “desfile” de planejamento a curto e médio prazo. A sensação ao jogar é de que "suas definições de sinergia entre peças" estão atualizadas!
A dança mais bela do NOVA LUNA é que cada peça serve simultaneamente como matéria prima para cumprimento de objetivos das demais e também como novos objetivos entrando em jogo. Aí vc vai resolver cada posicionamento pensando nessa proposição dupla. Isso é extremamente satisfatório dentro de um princípio de resolver puzzles. Coisa linda é fazer um combo que se livra de 3, 4 ou mesmo 5 fichas de uma vez só!!! E no final você terá se livrado dos seus benditos tokens, como esse jogador da cor branca abaixo:
No que Nova Luna “bate de KINA”?
Se vc curte abstratos e puzzles não deve ser tomado por esse feeling, pois o próprio desafio modular, e a reação ao que está sendo fornecido na pool daquele turno serão suficientes pra te empolgar. Porém para quem não é #teamabstract pode sentir algum nível de repetitividade de uma partida pra outra. Em defesa do que o jogo entrega, até Azul poderia ser visto dessa forma, com partidas parecidas ou iguais a cada sessão. Outra questão é que com 2 jogadores vira duelo estratégico, com 4 você em boa parte do tempo, meio que reage como der, e com 3 fica em cima do muro alternando os 2 lados praticamente. Não é um defeito quando se considera que muitos abstratos ficam nessa tendência em relação a quantidade de jogadores crescente.
O jogo inclui modo solo, mas ele infelizmente ele entra na categoria "exercício de ingratidão". Da forma que ficou, fora podar a experiência do jogo (a trilha de iniciativa nem é utilizada, e isso é um pilar central do jogo), fica absurdamente atrelado ao fator sorte. Você jogará apenas 2 "fornadas" de peças, e tentará resolver o teu puzzle apenas com elas, se a primeira leva não vir sinérgica é "try again", ou siga jogando até o final apenas pra mensurar o tamanho da derrota. É estilo: “olha, 6 das 11 peças pedem tiles vermelhos e só veio 1 vermelho no meio das 11, e agora? ” Bom, se fosse multiplayer cada jogador iria fazer malabarismo para lidar com essa escassez, porém no solo vc vai lá e perde... simples assim. O designer não ficou alheio a isso, ele sabe que pode acontecer, mas apenas se preocupou em dizer que “considere como parte do desafio”. No final vc terá uma pontuação de meio de jogo, e uma pontuação total baseadas nos valores dos tiles e para resolver o modo solo vc deve pontuar abaixo de 100. Muitos veem modo solo como uma opçãozinha a mais, e tá tudo bem, mas se vc tem algum foco como solo player, é decepcionante no nível do modo solo do Sagrada, e se apoia na mesma ideia de que em 1hr vc pode tentar 4-5 vezes e devido a isso “nem dói” haha. Eu joguei até bater essa win con (levou umas 6 partidas, pouco mais ou pouco menos) e o feeling não é de uma boa partida de solo, o feeling é de “ufa consegui!” e de quebra não parece que vc está sentando pra jogar o mesmo jogo no modo solo sabem? Daí fui buscar variantes solo não oficiais, até inclusive criar nossa própria (mais abaixo).
E quanto custa pra explorar esse reino?
O retail/lançamento foi por absurdos 380,00. E vão desculpando este kina que vos fala, mas tenho que dizer que aparentemente tentaram capitalizar o nome forte do autor a todo custo!
Até segunda ordem as referências do abstrato são o azul e o cascadia, e ambos custam muito menos, 330,00 qualquer um deles. Nunca esquecemos que um jogo não se faz apenas de seus componentes, mas nova luna é um dos maiores exemplos de “pacote de rufles” do mercado, e o ar dentro não é pra manter nada crocante não
. Hoje dá pra achar entre 180 a 250,00 e aí sim estamos falando de um grau bacana de custo benefício. Principalmente rolando abaixo de 200, dá pra recomendar a aquisição do jogo sem porén$ e arrodeio$ em torno do preço.
Extras/algo a +
O famoso Uwe Rosenberg curte uma colcha de retalhos, e não é só na hora de escolher o tema pro Patchwork não! O nova luna é uma “costurada” de uma ideia que é apresentada no jogo Habitats, só que "casamentado" com a pegada temporal da disputa por iniciativa do PATCHWORK. Isso não é segredo pq o próprio material oficial explica isso e define como coautor o Corné van Moorsel que é "dono" da ideia do HABITATS, de agrupar tiles e cumprir objetivos ortogonalmente. Geral fala sobre isso mas esquece de mostrar como é esse jogo pregresso, então tá aí abaixo a esquerda (com direito a meeple do As Ruínas Perdidas de Arnak, se discorda volte 3 casas Hehe). E na mesma imagem à direita tem o Framework que tem uma abordagem onde tanto o conteúdo dos tiles quanto os requerimentos das tarefas/objetivos são de várias cores ao mesmo tempo. Então aí estão o pai e o filho do NOVA LUNA, pra quem não conhecia! 
Como já citado o modo solo não é o forte do jogo, porém há momentos em que um nobre kina trava valorosas batalhas sozinho, e pensando nisso iremos disponibilizar um solo homemade versão “bdk”(batendo de kina) que em nossos testes/partidas ficou rodando de forma mais aprazível e de forma mais aproximada do multiplayer, pedimos aos curiosos que testem, pegando dos arquivos da ludo bem AQUI. Faz tempo que não fazemos uma comidinha caseira pra disponibilizar aqui em postagem do canal, esperamos que apreciem, todo feedback é bem vindo, vc pode usar a área de comments do arquivo ou simplesmente falar aqui nessa postagem, ok? Finalizo mostrando como fica a cara de um jogador olhando para os oponentes, depois de fazer um combo que encerra a partida!
Então é isso, até uma próxima! Inscrevam-se acompanhem!