André era um cara sarcástico. Tinha um senso de humor único e curtia muito jogos envolvendo Cthulhu. Tínhamos alguns grupos de jogo em comum, mas eu mesmo só sentei e joguei com ele 1x, e foi Teotihuacan: City of Gods.
Também levei Twilight Imperium (Quarta Edição) pra ensinar ele e mais alguns amigos uma vez.
Foto rara, André jogando euro.
Nada a ver com o perfil de jogos que o
cara curtia, mas a gente conversava bastante
sobre nosso amor pelos JRPG’s mais antigos,
Monster Hunter, e falar mal de erros de editoras brasileiras era uma
constante também.
Não era um
super amigo meu, mas eu
curtia o cara. Ele infelizmente faleceu durante essa
semana travando uma batalha contra uma doença fdp, e
infelizmente não aguentou.
Hoje eu venho aqui fazer uma
homenagem a André, citando dois jogos que o
mesmo curtia.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Insondável é um jogo que chegou a
relativamente pouco tempo aqui no Brasil. A ideia dele é ser um jogo onde há uma missão em
conjunto para o grupo resolver, porém, parte pode ser híbrido de
abissal, e a outra,
humano.
O navio sendo invadido e atacado. Os humanos que lidem com isso.
É um jogo
semi-cooperativo interessante, com aquela arte que
não atrapalha mas também não é “
UAU QUE FODA”
clássica da FFG, mas que também não compromete; e ele entrega
exatamente o que ele se propõe a fazer.
Note que enquanto o
Dead of Winter: Um Jogo de Encruzilhadas faz isso com uma
horda de zumbis, e eventos que podem
acontecer a todo o momento, meio que mantendo a atenção do grupo nesses
momentos de tensão; o
Insondável faz isso fazendo com que seus turnos sejam muito rápidos,
exigindo resposta imediata dos jogadores logo depois que o turno
do outro termina.
O verso das cartas aqui é bem diferentão.
Aqui, o clima de
desconfiança é constante. Inclusive, muito mais constante que a
maioria dos jogos do segmento. Quanto mais rápido você descobre quem é
humano de verdade, fica mais claro e mais fácil
proteger a embarcação.
Interessante também ele possuir
exploração, como um
Nemesis da vida; pra assim, você saber
onde estão os cômodos e como funciona o transporte. Outro ponto forte é que por mais que o jogo seja baseado em
dados, muito nele é
mitigado.
Insondável é um jogo de
interação social, blefe, mentira, e narrativa. Se você não curte nenhum dos citados,
corre. Se tu curte,
pode vir. Quanto
mais gente melhor, inclusive.
É um pró do jogo te dar a impressão de que você está jogando o tempo todo, mesmo que não seja seu turno. (Obs: não vou falar dos erros da Calango aqui.)
A cartela dos personagens usa a arte clássica dos personagens nos Arkham Files da FFG.
Por outro lado, temos o jogo que eles tentaram
realmente imitar:
Battlestar Galactica: The Board Game. E por mais que o BSG seja o
mais antigo jogo do gênero (se tiver um mais antigo, por favor, podem me corrigir), ele ainda
reina até hoje.
Os personagens, cartas e miniaturas todas remetem aos gráficos da última série lançada.
A série é bem pegada entre o conflito dos
humanos e dos Cylons. Raça essa que consegue se “
camuflar” e se
passar por humanos, sendo assim difícil a identificação dos
traidores.
E isso se transmite de forma
ímpar no jogo: mecanicamente foi
muito bem empregado pelo Corey (que inclusive é designer do próprio Insondável).
Esse judeu maravilhoso que nós amamos.
No jogo,
há muitas coisas acontecendo: temos que lidar com o que está
rolando na nave, ao mesmo tempo que tem
combate espacial rolando. Todos os jogadores assumem
funções diferentes dentro da nave, o que torna também o jogo
assimétrico.
Tabuleiro da nave, combustível, moral, comida, população. Tudo tem que se manter em controle.
Há também um sistema de votação para a
tomada das decisões dos eventos que vão acontecendo que foi muito bem aplicada. E o mais importante do jogo, ele pode começar sem traidor algum, e com o tempo, um Cylon pode acabar tomando o controle de um jogador e o objetivo do próprio mudar
durante o meio da partida.
Cartões dos personagens: fotinhas lindas e habilidades diferentonas.
Interessante ressaltar que por mais que
você não tenha visto a série, o jogo é de
fácil digestão. Você não precisa saber nada sobre o tema pra joga-lo, e se você conhece e gosta do tema, aí irmão, tu tá se
divertindo mais ainda (
ou mais put0 e tenso, também é uma opção).
Há várias referências a
diversos episódios, as características dos personagens foi
muito bem implementada aqui.
Fotinha da série pt. 2.
Tem gente que defende até hoje com garras e dentes que esse é o
melhor título já feito e implementado pelo Corey até hoje. Eu
não argumento contra, não é meu favorito, mas eu consigo
entender quem se sente dessa forma.
Outro jogo que rola tranquilamente com
mais jogadores, inclusive recomendo jogar para 6. O jogo em si
não é lindo, a arte é toda baseada
na série de 2004, com foto das pessoas, mas
não compromete em nada.
Esse eu recomendo pra quem tá com
grana pra gastar num jogo desse tipo. Ele é provavelmente o mais caro por aí, mas também éo mais recompensador.
De longe.
Salve pra Fábrica das Peças e os amigos que fiz aqui.
Hoje o texto não tem conclusão.
Eu só quero deixar um descanse em paz André, que Chtulhu receba de braços abertos e que você seja lembrado rolando 1 jogando Eldritch Horror.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Salve amigos, o canal Versus tá concorrendo a premiação de mídia escrita e revelação desse ano, se curtirem o trabalho e quiserem pegar um voto, agradeço.
https://ludopedia.com.br/votacao
Errei algum fato? Manda PM.
Quer mandar elogio ou crítica sincera? Tmj.
Quer me dar um tema pro próximo? Manda PM.
Considere seguir o #canalversus!
Tudo nessa vida é equilíbrio, meus amigos.
#domingou