Ainda bem que não sou Youtuber, então ainda tenho minha credibilidade kkkk
Mas aproveitando o ensejo, como foi citado a credibilidade VS receber jogo VS ter um financiamento coletivo ou algo do gênero, acho que tudo depende da linha editorial do criador de conteúdo, como ele encara. Não posso falar pelos outros, mas posso falar por mim, que encaro como um hobby.
Nós começamos em 2019, fazendo conteúdo com jogos nossos ou emprestados de amigos, e o foco na época era falar de jogos que a gente curtiu, contando a nossa experiência. Os equipamentos eram o que a gente tinha em casa, microfone do Guitar Herto, Audacity, softwares livres pra tudo, eu fazia tudo sozinho e gastava muitas horas da minha semana pra produzir um conteúdo que não era ouvido por muitas pessoas, mas na época eu tinha mais tempo. A gente teve muita dificuldade de "entrar no meio" porque falar de jogo de tabuleiro sem um auxílio visual é um desafio. A gente sempre esteve e sempre estará na desvantagem por ter um podcast. Porém, eventualmente o conteúdo passou a ter relevância e nós passamos a ser abordado por editoras e também eventualmente a vida bateu na porta e produzir esse conteúdo sozinho passou a ser impraticável com a minha rotina.
Pulando pra 2023, o foco ainda é o mesmo, falar de jogos que a gente curtiu, contando a nossa experiência. A diferença é que o público é centenas de vezes maior do que era no começo, então eu me senti na obrigação de melhorar a qualidade do conteúdo e ir atrás de conteúdos novos. Pra isso, como eu não vivo de conteúdo, existem duas coisas que garantiram a continuidade do podcast.
A primeira são as parcerias, e ênfase na palavra parceria, porque não recebo dinheiro por isso, mas recebo o jogo. Quase todas as editoras já mandaram ou ainda mandam jogos para o podcast e sempre foi na base da aceitação. Eu tenho liberdade de recusar um jogo ou não fazer conteúdo sobre um jogo que eu não gostei. Já recusei muita proposta por não estar alinhada a proposta do podcast ou só por ser um jogo que a gente não gostaria de fazer e pronto. Já fechei algumas portas, mas isso só tem significado real pra mim e pra quem presta atenção no que a gente fala. Eu não vou perder meu tempo jogando um jogo que eu não curti 3-5x, pesquisar sobre o jogo, montar uma pauta, gravar e ainda produzir um episódio do podcast sobre esse jogo. É perda de tempo pra mim que tenho isso como um hobby e pra quem vai ouvir. A única diferença atualmente é que no começo o jogo que a gente não tinha a gente pegava emprestado com os amigos, hoje eu tenho a opção de contar com essas parcerias, mas não tenho obrigação com prazo, contrato nem nada do tipo. Ainda assim, sem dúvida depois de uma discussão gerada por esse post no nosso grupo de apoiadores farei questão de deixar 110% claro quando o jogo é recebido de uma editora. No geral a gente lembra de falar "esse jogo eu comprei", "esse jogo é emprestado do nosso amigo X", "esse jogo a gente recebeu da editora y", mas a gente fala tanto que pode ser que alguma coisa escape. Não vai faltar mais.
A segunda é o financiamento coletivo, nos auxilia produzir o próprio conteúdo, tanto no ponto de vista que os nossos apoiadores ajudam nos temas, nas ideias, mas também na parte financeira. A única forma de melhorar a qualidade do conteúdo é investir. Investir em equipamento, em edição profissional, em terceirização de atividades que você não domina, como miniatura de episódios e afins. No nosso caso, nós temos um Catarse para isso. Só um microfone decente custa 2 Twilight Inscriptions e aqui somos em dois. Em 2022 o nosso editor maravilha Fabs editou mais de 90 horas de conteúdo, que além de representar tranquilamente umas 400 horas de trabalho pra mim, que usava um software porcaria e um computador que era pior ainda kkk, também custou vários Twilight Inscriptions. Se não fosse por esse financiamento coletivo, no final do ano passado o podcast teria acabado de vez, pois o computador que eu só tinha para produzir o podcast queimou, enfim, isso também falamos no podcast pra quem tem interesse de saber como funciona a nossa produção. A gente poderia ter mantido o mesmo microfone do Guitar Hero que vira e mexe eu tinha que tirar ruído pq o cabo já estava gasto, ou continuar editando os episódios nos fins de semana e encerrando alguns programas do podcast (ou só fazendo um episódio de meia hora por semana ao invés de 2 que costumam somar 2hrs de conteúdo semanal), mas a partir do momento que você tem um público, você não faz só pra você, você faz por você e pelos outros (porque se for pra fazer só pelos outros, nem faça).
Sem dúvida acho importante essas discussões, desde que todo mundo esteja disposto a realmente discutir, entender, aprender, ouvir o outro lado. Também fico a disposição pra quem queira perguntar alguma coisa ou trocar ideia. Queria falar mais, mas ninguém vai ler um comentário gigante e eu tenho um episódio que sai hoje pra fechar kkkk
Tamo junto!
Gustavo Lopes