Andrew Carnegie foi um cara escocês que vendo o "boom" da revolução americana, decidiu participar do desenvolvimento daquele país, e se tornou um dos patronos do capitalismo americano.
Foto de um véio ae que se amarrava num ferro.
“
O rei do aço”, como ele acabou sendo
conhecido depois de algum tempo, acabou sendo uma
figura muito importante no desenvolvimento da infraestrutura do país cedendo a
matéria-prima para o desenvolvimento de
casas, pontes, centros comerciais e vários
prédios importantes no longo dos seus
83 anos de vida.
Ele é literalmente o
ápice do conto de fadas americano, do
cara que saiu do 0 pra se tornar um magnata. E realmente, a sua vida
não foi fácil; ele saiu de uma
família escocesa onde o pai era
tecelão, e a mãe dona de casa. Aos
13 anos, ele trabalhava 12 horas por dia como
aprendiz de tecelão, e depois ele se tornou
telegrafista. E foi aqui que ele conseguiu
alavancar sua carreira.
Ele acabou se tornando o telegrafista favorito dos jornais de
Pittsburgh, e com isso, ele chamou a intenção de
Thomas Scott, seu mentor, que o contratou aos
15 anos para a
Pennsylvania Railroad, sua empresa.
Carnegie aos 27 (já tinha cara de véio).
Com ele, o cara aprendeu sobre
empreendedorismo, e tudo o que ele
sabia, ele passou pra
Andrew. Ele gostava muito do garoto e o
tratava como filho, e aos
24 anos, ele se tornou
superintendente da divisão ocidental Pennsylvania Railroad.
Representação do Terminal da Pennsylvania Railroad em 1846.
Em
1865 ele se demitiu, e criou sua
própria empresa, onde ele desenvolveu grande parte de seu legado.
Eads Bridge, ponte que corta a cidade de St. Louis e atravessa o Rio Mississipi.
Sua empresa, a
Companhia de Aço Carnegie, foi vendida em
1901 por
480 milha de doleta, o que fez ele
ser o cara mais rico do mundo naquela época (e convertendo para o valor atual da moeda/inflação o cara teria
400 bilhões de dólares hoje, de acordo com a sua página da Wikipedia). O cara também foi um
grande filantropo, doando para várias
causas importantes e desenvolvendo vários centros de
assistência social. Ele foi o criador de mais de
2800 bibliotecas, só nos
EUA, vários
museus,
salas de concerto,
fundações, criou o
Carnegie Hall e ajudou a sua
cidade natal,
Dunfermline.
Carnegie Hall, importante marco e casa de shows em New York.
A primeira biblioteca inaugurada por Carnegie, em Braddock, Pennsylvania.
“Carai Bomba, o cara foi pic4, mas e o jogo? Também é?”
Vambora falar um pouco do jogo.
Carnegie, o jogo de tabuleiro é um
euro interessante; assim como na vida de
Carnegie, você está
controlando uma empresa que é responsável por desenvolver os EUA em suas diversas formas. Ele é bonito, por mais que eu
odeie o
Vital Lacerda, uma coisa ele faz certo:
escolher um artista decente pros seus jogos.
Caixa do joguinho é style.
Ian O’Toole é um ótimo artista, e tudo nesse jogo é muito
clean e bonito, desde o
tabuleiro, até a
iconografia e manual, tudo aqui é
impecável. Única
crítica construtiva é que parece um pouco
abstrata nesse jogo.
Tabuleiro do jogo em todo seu esplendor.
Carnegie foi um cara que criou
muitos prédios e
obras de infraestrutura, e eu sinto falta da
representação de seu trabalho sendo mostrado de alguma forma sem ser em forma de iconografia no tabuleiro e componentes,
mas isso não compromete o jogo de forma alguma.
Xavier Georges, o designer do jogo também poderia ter jogado
mais peso nesse jogo facilmente, colocando
variados recursos nele, mas ele decidiu
simplificar colocando só “
recursos (ou bens, em inglês é goods)”. O que eu acho
curioso numa decisão de design, sinceramente,
porque a maioria de seus companheiros hoje em dia tem a tendência de abarrotar o jogo com variados recursos, muitas vezes até sem necessidade.
Inclusive,
creio que esse seja o melhor trabalho dele. Não curto
Carson City,
Black Angel parece uma
viagem de LSD, e
Troyes passa longe do meu
gosto artístico pra jogos (apesar de mecanicamente ser
OK).
O tabuleiro do jogador em forma de "empresa": aqui você bota seus meeple pra trabaiá, cria novos setores, e desenvolve novas construções pra colocar na mesa.
O tabuleiro individual de cada jogador é
literalmente uma empresa com suas estações de trabalho, onde aqueles trabalhadores podem fazer as ações específicas de seu
departamento, desde que aquela seja a
ação escolhida pelo jogador da vez.
O jogo é dividido pela
iconografia (iconografia essa muito bem feita por sinal). O jogador vai escolher entre
4 tipos de ações:
-
Ação de RH (que permite mover os seus trabalhadores pelos setores e estações de trabalho, assim alocando trabalhadores).
-
Ação de Gestão (que permite que os jogadores adquiram bens de comércio e dinheiro, assim como permite a construção de outros departamentos pra sua empresa).
-
Ação de Construção (onde você pode criar os projetos que o seu setor de P&D pesquisou).
- E por último,
Ação de Pesquisa e Desenvolvimento (onde você pesquisa novos projetos e desenvolve outros métodos de transporte).
Se você faz uma ação naquela trilha, você ativa todas as construções de todos os jogadores que tenham aquele símbolo. No exemplo, um turno onde a ação CONSTRUÇÃO vai rolar.
E quando o jogador escolhe aquela
ação, ele coloca o marcador de
engrenagem na trilha daquela ação,
ativando-a. Se você tiver
trabalhadores fora da empresa, exclusivamente naquele local indicado pela trilha (pode ser
EAST, WEST, MIDWEST e SOUTH), você pode
trazê-lo de volta, recolhendo o benefício da região de acordo com o
nível de desenvolvimento que você tem nela.
Verdinho tem 2 trabalhadores no WEST, se ele recolher os dois eles coletam 1 recurso cada um e o Azul pode recolher seu trabalhador pra coletar 3 dinheiros.
Pode ser também uma
ação de filantropia na trilha, e todos farão uma
doação (
se puderem ou quiserem), depois de
resolvido todos fazem ações de acordo com o símbolo escolhido, rodando do
primeiro jogador.
Filantropia no jogo é nada mais nada menos do que bônus para você fazer mais pontos no fim do jogo; você trava um dos critérios que você acha interessante, e você vai atrás daqueles que você escolheu pra pontuar.
São 4 trilhas:
- Educação (dá pontos por tipo de departamentos que você tenha na sua empresa).
- Direitos Civis (dá pontos pelas construções no tabuleiro).
- Orfanatos (dá pontos matando sobra de recursos e dinheiro no fim do jogo).
- Saúde (dá pontos por presença nas regiões do tabuleiro com suas construções).
O jogo termina quando todas as
trilhas chegarem ao fim (totalizando 20 turnos), e aí são
contado os pontos.
Não acredito que Carnegie invente a roda, mas ele usa algumas
mecânicas muito batidas (como por exemplo criação de trilhas a là
Ticket to Ride) e mescla ele com algumas
novas. Por exemplo, eu nunca tinha visto o tabuleiro do jogador ser
uma empresa, e sendo
utilizada a movimentação espacial dos trabalhadores pra
chegar nos setores, e ele funciona.
Recomendo Carnegie fácil fácil para qualquer
grupo de jogadores que curtam euro médio/pesado com interação na medida certa (não sinto que aqui ela seja invasiva ou violenta), com uma
duração boa.
Marco Polo foi um
mercador, embaixador e explorador veneziano, cuja as suas aventuras são registradas em “
As Viagens de Marco Polo”, um livro que
descreve para os europeus as maravilhas da China e outros países da Ásia que ele passou em suas expedições.
Um cara chique demais.
O cara aprendeu a ser mercador com seu tio e seu pai,
Niccolo e Matteo Polo, que também viajaram pra
Ásia e conheceram o grande
Kublai Khan. Em
1269, Marco tinha
15 anos, e foi quando ele conheceu
Niccolo e Matteo (
caso de pai ausente que foi ali na China e já volta).
Kublai Khan foi um cara que curtia atacar um povo. Até o dia que esse povo decidiu fazer uma muralha gigante.
De volta a
Veneza, eles
fizeram a cabeça do garoto contando sobre as maravilhas chinesas e o levaram com eles na sua
próxima expedição para a Ásia. Viagem essa que durou bastante, onde Marco acabou retornando somente
24 anos depois (1293). Chegando, eles acabaram descobrindo que
Veneza estava em guerra com Genova. Marco acabou sendo
preso e contou suas
histórias para um companheiro de cela (Chamado
Rustichello, que
ajudou ele a escrever o livro).
Em
1299, ele foi
libertado e se tornou um rico mercador. Casou-se e teve
três filhas. Morreu em
1324 sendo enterrado na
Igreja de San Lorenzo em Veneza. Onde seus restos mortais
se encontram até hoje.
Igreja de San Lorenzo em Veneza, uma igreja que não parece igreja.
RIP Marco Polo. Sua placa tá lá até hoje.
Embora Marco
não tenha sido o primeiro europeu a chegar a
China, ele foi o
primeiro a descrever detalhadamente suas experiências. Seu livro inspirou
Cristóvão Colombo e vários outros
viajantes e colonizadores. Com toda a sua descrição ele acabou
influenciando a cartografia europeia, sendo o
ponto de partida para a inspiração do primeiro mapa-múndi que nós temos
conhecimento.
Mapa mundi de Fra Mauro (1459).
“Carai vi4d0, mó doidera, que que isso tem a ver com o jogo?”
As Viagens de Marco Polo é literalmente um jogo onde você sai de
Veneza, com o seu mercador, vai atrás de fazer contratos, coleta recursos, viaja e tenta fazer o máximo de pontos possíveis com aquele cobertor curtíssimo.
Um dos primeiros jogos de alocação de dados.
Aqui a
assimetria canta: cada personagem tem poderes
bem diferentes uns dos outros (
e todos quebrados), e cada um deles, com
estratégias diferentes busca a vitória. Confesso que acredito que uns sejam
mais fáceis do que outros pra se jogar (
O próprio Marco Polo não é flor que se cheire, é bem dificinho jogar e ganhar com ele), mas
metade da graça do jogo está nesse quebra-cabeça de otimização, onde você
busca o máximo de pontos possíveis, viajar pros objetivos que você puxou e de preferência, dar uma passada em Beijing (que te dá pontos adicionais só por chegar lá).
Tabuleiro de jogador com os recursos encontrados no jogo: Ouro, Seda, Camelos e Pimenta. Matteo Polo é um ótimo personagem.
Inclusive, esse jogo utiliza
alocação de dados com maestria; foi o
primeiro jogo que joguei com essa mecânica e aqui ela é
muitíssimo bem aplicada.
Porém, temos alguns
problemas. Não vou falar sobre
balanceamento e sobre achar um
personagem mais quebrado que outro porque você vai ver vários argumentos aí perdidos na internet
sobre isso. O esquema de você ter que ter parado em uma cidade pra conseguir usar a ação dela dá mais um toque de planejamento pro jogo:
você vai querer viajar certinho por caminhos que tenham as ações que são interessantes pra você, pra você conseguir matar vários coelhos com uma cajadada só.
Esse bicho é o pipoco.
Mas a arte aqui de
Dennis Lohausen deixa a desejar. Eu acredito que no
Terra Mystica,
Projeto Gaia e até no
Um Banquete a Odin ele tenha feito um
bom trabalho, mas no
Marco Polo eu acho a
paleta de cores estranha, é muito
bege pra todo lado, e a
iconografia é zoada em alguns casos (
a seda parece um travesseiro, um sofá roxo, parece tudo, menos um pano de seda).
Você tem dado em casa?
Esse aqui eu
recomendo pra você que curte uma interação (é frustrante de vez em quando ser bloqueado naquela ação que tu
queria fazer pra car4lh0 mas agora tu vai ser obrigado a juntar
mais dinheiro pra tentar de novo), curte
assimetria entre os poderes dos personagens, curte
cobertor curto (
cobertor curto por definição é aquele jogo que você termina com gostinho de “putz, o jogo acabou e eu precisava de mais uma rodada pra fazer aquela ação”) e curte
gerenciamento de recursos.
Seja você um magnata ou um viajante, aqui o importante é prestar atenção no tabuleiro: não deixe as oportunidades escapar porque elas são valiosas.
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Tudo nessa vida é equilíbrio, meus amigos.
#quintou