Não é difícil saber que eu
amo Brass.
Martin Wallace é um dos meus designers favoritos
pelo esmero, tempo e esforço que ele bota nos jogos dele.
Ele curte muito a ideia de ser fiel ao período histórico, utilizar as figuras importantes da época, os eventos que aconteceram durante aquele período pra conseguir desenvolver seus jogos.
Salve pro Brass antigo que é horroroso, mas já era jogaço.
E na releitura do
Brass, tanto o
Brass: Lancashire quanto o
Brass: Birmingham ganharam uma versão de
10 anos lindona, onde o jogo é o mesmo que o de 2007 (
Lancashire), e no caso do
Birmingham, é um jogo inteiramente novo.
A cara do mesmo jogo acima, lindão hoje em dia.
Resumindo: Uma outra versão do jogo, considerando outra região da Inglaterra como tema na revolução industrial daquele período. Existem diferenças gritantes entre o Lancashire e o Birmingham que eu considero que vale a pena você conferir e ver qual você curte mais.
Mas aqui eu falarei do Birmingham, que é meu favorito.
O jogo, além dessa arte maravilhosa, é muito intuitivo. O jogo tem duas eras, e elas acabam quando as cartas acabam (Usa todas as cartas, arruma o tabuleiro pra próxima era, usa todas as cartas, fim de jogo). Você vai desenvolver a região colocando rotas, criando indústrias e cervejarias (que também é explicada no contexto histórico dentro do manual o porque que elas são utilizadas aqui).
Tabuleiro do Birmingham.
E o que eu mais curto aqui, é o fato de que o jogo é um relacionamento simbiótico entre os jogadores, onde você pode colocar uma rota, mas isso vai dar abertura para outros jogadores chegarem um novo ponto que agora está interligado, e assim segue.
Aqui você faz pontos fazendo suas vendas, pelas suas conexões de rotas e gerando ferro e carvão com suas minas.
Ele não chega a ser um euro “fura olho”, mas ele utiliza das peças de outros jogadores de forma sutil. Se por acaso alguém for vender, e só tiver a sua cerveja no tabuleiro, o jogador vai utiliza-la, e você vai ganhar seus pontos e renda pela cerveja ter sido utilizada, assim como o cara que vendeu vai se beneficiar pela mercadoria vendida.
Então você tem que ficar muito ligado e planejar direito pra você conseguir utilizar das suas fábricas de forma otimizada. Sem contar que eu já vi gente ganhar esse jogo só colocando rotas, já vi gente vencendo fazendo um pouquinho de tudo, já vi focando mais em minérios do que qualquer outra coisa, o jogo é bem aberto nesse sentido.
Aqui a lei da oferta e demanda é gritante; você vai ter sempre estampado na tua cara: “não tem carvão no mercado global”, “não tem cerveja no tabuleiro”, “não tem ferro”, e o primeiro que se beneficiar disso e desenvolver os recursos, pode ter uma renda extra que vai facilitar seu caminho pra vitória.
Um charme essa caixa.
Você pode ignorar isso o jogo todo, mas sinceramente o jogo fica um pouco mais difícil pra você.
Eu sinceramente não vejo nenhum motivo pra você não ter algum desses dois jogos na coleção. Inclusive, até a caixa dele é perfeita; eles foram maravilhosos no desenvolvimento dela. Nada de espaço com vento aqui dentro. Tanto o Lancashire quanto o Birmingham têm frente e verso, lado dia, e lado noite. A mudança é só estética. E os tabuleiros individuais também são do mesmo jeito.
É muito difícil pra mim conseguir falar algo de ruim sobre esse jogo, a única coisa que me vem em mente é: não jogue pra 2. Funciona, mas não é otimizado. Pra 3 ou pra 4 é muito melhor. E também não recomendo pra você que gosta de euro solo (cada um no seu cantinho sem interação com ninguém).
Clãs da Caledônia é um
jogo interessante. Ele se passa no período de industrialização da
Escócia, e os “Clãs da Caledonia” estão desenvolvendo a região.
Cada família é assimétrica; te dando setups diferentes e o desenvolver a região pode ser feito de várias maneiras. Você pode criar gado, fazer plantações, criar indústrias, mineirar vender carne (de vaca ou ovelha) e até queijo (aí você me ganha, eu sou queijólatra pra car4lh0).
Os Clãs... da Caledônia.
Num sistema de contratos, é o principal modo de se fazer pontos. E ele também tem bastante interação, pois você lida com frequência com um “quê” de controle de área pois quando você mata a vaquinha, libera espaço no tabuleiro...
Existe literalmente um tabuleiro nesse jogo de oferta e demanda, onde você consegue ver qual o valor variável do recurso que você está vendendo ou comprando pra fazer aquela açãozinha marota. E eu acho essa ideia muito boa.
Tabuleiro de Oferta e Demanda.
Mas aqui nem tudo são flores, por mais que o jogo seja legal, temos um grande problema aqui que é a p0rr4 da arte do Klemenz Franz (eu odeio, ODEIO a arte desse indivíduo). O cara faz um trabalho horroroso, ele simplesmente não sabe desenhar pessoas, e nem iconografias.
Quantos jogos do Klemenz você se pega chamando o recurso X de Y?
Na moral... Olha essas cartas de Contrato. Do lado dos 4 Barris, é 4 toras de madeira? Ou é cana de açúcar?
E ele é bem mais na sua cara. Como ele é um jogo cru, ele não tem uma aula de história no manual, nem chego a dizer que o tema é colado com cuspe, mas se fosse outro tema passaria batido sem problemas. E assim como Brass, eu não recomendo mesmo esse jogo pra 2. Ele brilha com muita gente na mesa, então taca-lhe casa cheia.
E infelizmente isso pode ser um problema, devido as possibilidades que tem nesse jogo, aquele teu amiguinho com AP pode atrasar a p0rr4 toda e alongar a partida facilmente.
Seu tabuleiro é modular, e tem como montar de trocentas maneiras aqui.
Jogos com contextos históricos tem aos montes por aí (inclusive já escrevi sobre GWT e Puerto Rico
aqui), mas jogos econômicos que passam do simplório “
tem dinheiro nesse jogo” ou “
tem empréstimo” são um pouco mais difíceis de se encontrar, principalmente se tratando de
Brasil.
Economia no tabuleiro ainda é um conceito
pouco explorado, porém, ainda assim tu vai ver uma mecânica de
empréstimo aqui e ali camuflada como outra coisa (alô
Anachrony).
Enfim, você pode ser vaqueiro, um romano, escocês ou inglês, mas a Oferta e a Demanda dita tudo.
EDIT: Cana de açúcar pra tora de madeira.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Errei algum fato? Manda PM.
Quer mandar elogio ou crítica sincera? Tmj.
Quer me dar um tema pro próximo? Manda PM.
Quer me ofender? Vai tomar de volta.
Considere seguir o #canalversus!
Tudo nessa vida é equilíbrio, meus amigos.
#quintou