Joguei recentemente uma partida de Eclipse de 3 pessoas, incluindo as seguintes promos e expansões:
- Shadows of the Rift (2a expansao)
- Rise of the Ancients (1a expansao)
- Ship Pack#1 (mini expansao de naves bonitinhas e firulas)
- Supernova (promo)
- Nebula (promo)
- Pulsar (promo, mas nao apareceu no jogo)
Foi uma partida de 3 pessoas (eu, Warny "Space Cantina/Sapotagem" e Luciana) e foi particularmente demorada. Descontando o longo setup e explicação, demorou 3h30. Acredito que o principal motivo de termos demorado muito foi o fato de todos nós querermos jogar com as novas raças do Shadows of the Rift, que usavam mecânicas e estratégias bem diferentes das raças com que já jogamos anteriormente.
Vale uma crítica aqui: a ultima expansão vem com 3 raças (Octantis, Shapers of Dorado e Pyxis Unity) e 2 cartelas de raça. Em um lado de cada cartela tem a raça Octantis (iguais entre si), enquanto no outro lado tem a raça dos Shapers em uma cartela e a raça dos Pyxis em outra. Isso significa que não é possível jogar com as 3 raças na mesma partida usando apenas uma expansão
. Felizmente, o Warny também tinha comprado o Shadows, então pudemos fazer exatamente isso.
A Luciana jogou com os Octantis, raça que evoluiu geneticamente ganhando bônus variados a cada evolução. No final da partida, Octantis tinham algo em torno de 7 tiles de bônus que permitiam construir naves mais baratas, ganhar pontos por tiles de evolução, entre outros. Tive a sensação que a Luciana poderia ter evoluído ainda mais um pouco no início da partida, mas provou ser uma raça muito divertida de se jogar, como ela afirmou.
O Warny jogou com Pyxis, que utiliza apenas um tipo de recurso (transmatéria), ao invés de ter a produção-padrão de dinheiro, ciência e minério. Mais importante, durante uma ação de construção, essa raça permite fundir naves menores em uma nave maior ou desagregar naves grandes e pequenas. Por exemplo, 8 interceptadores podem virar 4 cruzadores, 2 couraçados ou 1 deathmoon ("estrela da morte" - base espacial que move e dá 4 VP no final do jogo) e vice-versa. O grande desafio desta raça foi o cuidado de gerenciar os recursos, pois todos os pagamentos, seja para tecnologias, manutenção das finanças e construção de naves, eram provenientes de uma única fonte. Mas o Warny conseguiu gerir isso muito bem. No fim do jogo acredito que ele construiu 2 ou 3 das 4 deathmoons possíveis.
Eu joguei com os Shapers, que permite obter tecnologias/naves/recursos do futuro em troca de pagar o seu custo em "X" rodadas. Os Shapers também podem enviar para o futuro naves ou ações programadas. Todas essas ações de envio e recebimento do futuro são realizadas com marcadores e cada marcador que consegue executar lhe confere um ponto de vitória. Mas em contrapartida, se pegou algum benefício do futuro e não pagou numa rodada posterior especificada, perde de 1 a 3 VP pelo paradoxo temporal causado. No meu caso, consegui logo de cara uma peça computador +3 para colocar no meu couraçado e nem me esquentei de perder os pontos de vitória, pois teria que em alguma rodadas pesquisar essa tecnologia caríssima e gastar sem efeito uma outra ação de upgrade. No final da partida, cumpri 7 marcadores de ação futura (+7 VP) e perdi 2 VP por esse paradoxo. O fato desta raça começar com soliton cannon (um canhão de ondas que causa 3 de dano) e ter obtido a tecnologia improved hull (+2 de blindagem), permitiu que eu precisasse fazer bem pouca pesquisa no jogo.
A partida em si foi bem rica em detalhes e divertida. Nas seis primeiras explorações espaciais do jogo, cinco foram de tiles contendo anciões. Entre as explorações do jogo, tivemos:
- A Luciana teve a sorte de sortear uma supernova e mantê-la no jogo até o final, conseguindo também um tile de nebulosa. Em compensação, ela puxou algumas peças guardadas por interceptadores anciões e uma guardada por um cruzador ancião. Posteriormente, puxou um tile com portal que poderia se conectar a outro portal na nossa galáxia (mas não aconteceu, por não ter aparecido no jogo) e um portal de espaço profundo (deep space portal) que ligava a uma outra galáxia representada com uma peça da expansão do Shadows of the Rift – Deep Space Nexus.
- O Warny puxou vários tiles de mundos guardados por interceptadores anciões e um mundo com um cruzador ancião.
- No meu caso, numa distância de até 2 tiles do meu mundo natal, apareceram: mundos guardados por interceptadores anciões, um mundo guardado por um cruzador ancião, um mundo-colmeia ancião(ancient hive), que era guardado por 3 interceptadores anciãos, que podiam migrar para outros tiles e destruir minhas colônias, mas não conseguiram fazer isso por eu ter eliminado eles assim que podia. Finalmente, eu fui o primeiro a puxar um tile com portal de espaço profundo e acesso ao Deep Space Nexus.
Deep Space Nexus: Esse tile (ou peça, tanto faz, fico trocando entre o inglês e o português, me processem se quiser) não faz fronteira com o resto do tabuleiro e só pode ser alcançado através de portais de espaço profundo. O Nexus vale 3 pontos de vitória e tem mundos atraentes para colonização, especialmente se tiver as tecnologias de Economia/Ciência/Mineração avançadas. O problema é que ele é habitado por 4 peças de Anomalias. Anomalias são peças inimigas do jogo, que “acordam” e migram do Nexus para o tile que acabou de ser descoberto e contém um portal de espaço profundo. Cada vez que uma peça (ou tile
) com este tipo de portal entra no jogo, retira-se uma das anomalias do Nexus e é colocada diretamente na peça do portal. Neste momento, o jogador que fez a exploração decide se a anomalia ficará imóvel na peça explorada ou se será uma anomalia móvel, capaz de fazer miséria em outros tiles também. Uma anomalia imóvel derrotada confere 1 VP no fim do jogo, enquanto uma anomalia móvel confere 1 VP + 1 discovery tile ( = um excelente benefício ou +2 VP). Desta forma, há um bom incentivo para jogadores quererem arriscar e optar que a anomalia que chegou na sua galáxia seja móvel.
Características das anomalias:
- MUITA blindagem (é preciso infligir 8 a 12 pontos de dano para destruir)
- Iniciativa baixa
- O ataque é feito com Rift Cannons. Essa tecnologia, que pode ser obtida na expansão, permite que role dados que IGNORAM a defesa. Ou o ataque não causa dano, ou inflige 1-3 de dano e/ou inflige dano na própria Anomalia
- Jamais regenera dano
- Se for móvel, rola-se um dado no ruim da rodada, podendo não fazer ação nenhuma, migrar para outro sistema, ou destruir um planeta que seja capaz (cada anomalia tem uma cor de planeta que consegue “digerir”). Cada planeta destruído naquele tile confere -1 VP ao seu valor no final do jogo.
Nesta partida, quando revelei a primeira peça de portal profundo, optei pela anomalia móvel e consegui destruí-la, à custa de um couraçado. Eu fiquei de olho em invadir o Nexus, mas sabia que seria arriscado demais enfrentar 3 anomalias de uma vez. Na 6ª ou 7ª rodada, a Luciana abriu outro portal para o Nexus, migrando uma anomalia móvel do Nexus (agora sendo guardado por apenas duas) e esta conseguiu consumir um planeta do tile e permaneceu por lá antes de ser destruída pelos Octantis posteriormente (como as anomalias tomam dano quando tentam destruir planetas, o combate dos Octantis ficou bem mais fácil).
Na 8ª rodada, chegaram naves que tinha enviado para o futuro em rodadas anteriores, e como poderia alocá-las em qualquer peça adjacente a um local que controlava, pude colocá-las diretamente no Nexus. Na mesma rodada, mandei um couraçado e mais um cruzador para esta outra galáxia e os Shapers conseguiram destruir as anomalias imóveis residentes numa batalha épica. Como o Nexus fazia conexão com o império dos Octantis, mantive as naves remanescentes por lá, caso a Luciana quisesse invadir o meu espaço, o que não aconteceu.
Nesta partida, os impérios tinham outras preocupações além dos rivais: Com tantas naves inimigas pertencentes ao tabuleiro que atrapalhavam a expansão dos jogadores, foi uma partida com pouquíssimo conflito entre os impérios. Inclusive, esta foi uma partida que ignorei totalmente o centro galático, por ter opções tão ou mais interessantes perto do meu império. Na última rodada, preferi atacar um mundo ancião guardado por um cruzador, que por si só já me daria 5 VP (1 VP pelo cruzador ancião, 2 VP do Discovery tile e 2 VP do mundo). Se partisse para o centro galático que só foi invadido na última rodada pelos Pyxis, teria que brigar com o império do Warny para depois invadir o centro para obter 6 VP (2 do Discovery tile + 4 VP do tile do centro galático)
Pontuação no fim do jogo:
Shapers of Dorado: 52 VP
Octantis: 44 VP
Pyxis Unity: 42 VP
Apesar do conflito entre os jogadores ter sido bem pontual, todos concordaram que foi uma partida excelente. Ninguém saiu insatisfeito com a raça que escolheu e considero essa expansão tão importante quanto a primeira, Rise of the Ancients. Se considerasse apenas as raças, diria que o Shadows of the Rift é superior, pois duas das quatro raças do Rise me pareceram mais fracas e difíceis de jogar (The Exiles e Enligntened of Lyra).