Odanan::Triste realidade em que R$300,00 é considerado um valor baixo para board game, e que R$1.200 é um valor factível... 
Eu tenho uma lista de 20 jogos, em ranking, atualizada frequentemente com o valor médio do mercado. Com a estante cheia que estou, agora para comprar tem que haver um alinhamento astral juntando os requisitos "dinheiro sobrando" + "jogo que quero muito" + "promoção de verdade".
Daniel Portugal:: Não compro mais jogos.
Só jogo os que tenho e aqueles dos amigos.
metelo:: Confesso que acho engracado o quanto usam investir, para comprar um produto para ser consumido, que com raras excessoes so desvaloriza. Claro que quem compra com desconto para revender e nao jogar, ai com certeza usar investimento e justificado, apesar de ter coisas melhores para investir que boardgames (Jaces e Dual lands de Mtg).
Mas focando no topico, por conta de viajar bastante, o meu modelo acaba ficando simples. Enquanto estou esperando a proxima viagem, eu estudo os manuais e gameplays do jogo. Se passar no corte, eu coloco na lista e quando vou la p fora, compro por la, em geral todos por menos de 250 reais (isso os jogos caros).
A grande vantagem do Brasil, e que quando curto o jogo, revendo pelo mesmo preco, e nao perco dinheiro nenhum. Podia fazer um lucrinho, mas nao vale a apurrinhacao de gente querendo saber qual o tom de azul ou amarelo e usado na edicao.
Caros Odanan, Daniel Portugal e Metelo
Atualmente, cada vez mais eu me convenço que o grande problema do mercado nacional de board games é que, frequentemente nós brasileiros queremos tratar um produto cuja realidade é para quem ganha salários em euro e dólar, a partir de uma realidade de quem ganha salários em real. Por isso talvez não seja nem uma questão de considerar o board game como um produto supérfluo ou não, mas sim verificar que 100 dólares para um europeu ou norte-americano é uma parte pequena da sua remuneração média, enquanto que para um brasileiro esse percentual em relação à remuneração é muito maior.
Em função disso, os board games de ponta realmente talvez não sejam "coisa para brasileiro", a não ser para os muito privilegiados socioeconomicamente, que compõe uma minoria pequena do nosso hobby. Talvez só reste para a grande maioria da comunidade, algumas alternativas tais como, 1) se contentar com os party games e alguns jogos família que ainda têm um preço razoável (pelo menos por enquanto); 2) garimpar jogos com algum tempo de lançamento, com preços mais em conta, 3) ou quem sabe aguardar as "black friday da vida", e torcer para que aquele jogo tão esperado, e tão caro, baixe de preço para algo mais acessível.
Da minha parte, eu parei de comprar jogos por enquanto, primeiro porque tenho uma coleção de um tamanho suficiente para suprir minhas necessidades, e que foi construída ao longo dos anos, quando os preços não eram tão altos. Segundo porque atualmente, vejo os jogos lançados como "cada vez mais do mesmo". Tenho diversos jogos de alocação de trabalhadores, de controle de área, de take that, de deck-building entre outra mecânicas, e o que eu vejo hoje em dia é que, de uma modo geral, os jogos só mudam o cenário ou uma ou outra regra. Dificilmente, eu me deparo com algo realmente novo e revolucionário. Eu fico me lembrando do impacto causado no mercado de board games, por jogos como o Caylus, como o Stone Age, como o Domínion, como o Kingdomino, como o Codenames, como o Carcassone, como o Twilight Imperium, como o 7 Wonders, como o Agrícola, como o Zombicide (em relação ao financiamento coletivo), ou os jogos Legacy, entre outros, e simplesmente não vejo mais isso acontecendo hoje em dia. Cada vez são lançados mais e menos interessantes jogos, pelo menos na minha humilde opinião.
Recentemente assisti a um vídeo em que dois experts estavam comparando o "The Thing" e o "Insondável" e que chegaram à conclusão de que os dois caberiam numa mesma coleção. Sinceramente não vejo como isso seria possível, considerando o alto preço dos dois jogos. Isso sem falar que, pelo menos para mim, não faz sentido comprar um jogo que será jogado talvez uma vez a cada semestre. Para mim seria muito melhor alugar esse jogo do que comprar. Além disso, claro que o "The Thing" e o "Insondável" são jogos excelentes, mas se eu já tenho por exemplo outro jogo com a mecânica de traidor como o "Dead of Winter", que eu jogo menos do que gostaria, para mim não se justifica gastar dinheiro com outros jogos que tem essa mecânica como ponto forte. Vejam que eu não estou dizendo que o "Dead of Winter" é melhor que o "The Thing" ou o "Insondável", mas apenas que no meu caso, eu já me cansei dos chamados "jogos-eventos", e procuro jogos mais rápidos atualmente. EM função disso, para mim, não faz sentido algum comprar esse dois novos jogos, por melhor que eles sejam. Claro que para aqueles que são muito fãs do filme do John Carpenter ou do finado Battlestar Galactica, a situação é bem diferente.
Assim, o que eu acho que está faltando à comunidade é uma visão mais consciente do hobby, no sentido de que as novas aquisições de jogos, devem considerar expectativas reais de aproveitamento do produto, porque comprar um jogo para deixar parado na estante, ou comprar um jogo em que se muda pouca coisa em relação aos jogos que já se possui, não tem a menor razão de ser.
Para terminar, é sempre bom lembrar que o ano tem apenas 52 semanas, o que quer dizer que se você tem uma coleção de 50 jogos e a cada final de semana consegue jogar quatro deles (o que é uma boa média, afinal as pessoas não passam os finais de semana jogando apenas jogos de tabuleiro), você só jogou cada um de seus jogos apenas quatro vezes no ano, e isso é muito pouco.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio